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terça-feira, 22 de maio de 2018

A TEMPERATURA DO NOSSO CORPO - A crença dos 37 graus, ou por que continuamos a medir a febre de forma equivocada?

Qual é a temperatura corporal que deve ser considerada febril? Praticamente todos respondemos a esta pergunta com 37 graus Celsius. Os mais versados murmuram que é verdade que pode variar, mas que esse valor é o limite inferior da febre. Mas e se alguém dissesse que não é bem assim? Resulta cientificamente arriscado estabelecer uma temperatura média universal como a correta para todas as pessoas. A temperatura normal varia de um indivíduo a outro em função do sexo, procedência geográfica ou a idade. Sério!


A crença dos 37 graus, ou por que continuamos a medir a febre de forma equivocada?
Para arrematar, a temperatura de uma pessoa varia sutilmente em função da hora do dia. A mínimo tem lugar às 6 da manhã, e a máxima ronda a primeira hora da tarde. Outros processos biológicos normais como a menstruação alteram também a temperatura sem que possa ser considerada uma patologia propriamente dita.

Inclusive aceitando todas estas variáveis, a temperatura média do ser humano não é de 37 graus Celsius, senão de 36,7. Se falarmos de febre, a temperatura que deveríamos considerar é desde 37,1 pela manhã, e desde 37,7 pela tarde. De onde têm saíram todas estas medidas? Por que temos valores como 36,5 graus para definir uma temperatura normal e 37 para a febre?

A resposta a essa pergunta remonta-se a 1851. Nesse ano, um médico do Hospital de Leipzig, chamado Carl Wunderlich, começou a passear pelos corredores do centro com um estranho dispositivo sob o braço. O aparelho, um cano de cristal de 40 centímetros, era o primeiro termômetro médico da história. Wunderlich e seus auxiliares passaram anos medindo a temperatura dos pacientes do hospital. Não foi trabalho pequeno tendo em conta que seu rudimentar termômetro demorava 20 minutos para mostrar uma leitura. Os pacientes deviam mantê-lo durante esse tempo sob a axila.
A crença dos 37 graus, ou por que continuamos a medir a febre de forma equivocada?
O termômetro de Wunderlich ainda é conservado em um museu.
Nos anos sucessivos obtiveram milhões de medidas a mais de 25.000 pacientes e em 1868, Wunderlich publicou "Das Verhalten der Eigenwarme in Krankheiten" ("Sobre a temperatura das doenças: Manual de termometria medica"). O estudo fixava a temperatura corporal normal a partir da qual podemos falar de febre em 37 graus e foi tão revolucionário que ninguém discutiu o assunto durante 140 anos.

Wunderlich tem o mérito de ter sido o primeiro em medir a temperatura corporal de maneira tão exaustiva. Também foi o primeiro em formular a teoria (totalmente correta) de que a febre é um sintoma de certas doenças e não sua causa. Não obstante, os meios tecnológicos da época não eram tão precisos como os de agora, e em nos anos 90 um professor de medicina da Universidade de Maryland, chamado Philip Mackowiak, decidiu comprovar os achados do alemão.
A crença dos 37 graus, ou por que continuamos a medir a febre de forma equivocada?
O que Mackowiak descobriu é que o termômetro de Wunderlich media um pouco acima dos atuais e que ademais a maneira que era utilizado não era muito fiável. É mais preciso medir a temperatura na boca ou no reto que na axila, ainda que é lógico entender porque o médico alemão optou pela axila e não pelo reto considerando o tempo de medida e que passou por mais de 25.00 pacientes.

As medidas de Mackowiak são consideradas corretas. No entanto, já passaram mais de 25 anos e seguimos agarrando ao tópico dos 37 graus. Por que? Provavelmente porque apenas um valor universal é mais fácil de recordar que várias que alteram ao longo do dia. A distorção conhecida como "perseverança das crenças" também nos leva a seguir crendo em coisas ainda que no fundo saibamos que não são corretas. O próprio Mackowiak resumiu isso melhor que ninguém:

- "As pessoas querem respostas simples!"
Fonte: Frekonomics.


www.mdig.com.br

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