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sexta-feira, 17 de março de 2017

Manual de uma derrota eleitoral


Em queda nas sondagens e sem estar no Governo, o líder do PSD provou o sabor amargo de ver todos fugirem dele, não tendo encontrado ninguém à altura de disputar a autarquia da capital, os generais deixaram-no abandonado à sua sorte. Uns andam por aí, outros fazem de mortos, alguns estão confortavelmente a viver de tachos proporcionados pela economia social, a maioria está no conforto dos gabinetes da advocacia dada às offshores ou aos negócios de influências.

O CDS não lhe deu margem para uma coligação, Assunção Cristas optou por avançar com a sua candidatura, sabendo que não só inviabilizaria uma coligação da direita, como aumentaria a probabilidade de o PSD desistir de Lisboa. Desta forma mata três coelhos com uma cajadada, leva a que o PSD concorra a Lisboa só para fazer o frete, afirma-se como líder do CDS e da direita e contra um PSD com os braços caídos pode ultrapassar o score eleitoral alcançado por Paulo Portas, quando se candidatou a Lisboa, afastando o fantasma do golpe sofrido por Manuel Monteiro. Com alguma sorte até poderá matar um quarto coelho, se o PSD perder sofrer uma derrota pesada nas autárquicas e, em especial, em Lisboa, a líder do CD pode acabar com o Passos Coelho,

Resta a Passos lutar pela sobrevivência em Lisboa, uma sobrevivência que passa por fazer frente aos opositores internos no PSD e por evitar uma derrota humilhante na capital. A escolha de um candidato entre os que no PSD criticam Passos Coelho, depois de ser um deles a redigir o programa autárquico da capital, significaria que as eleições para a  CM de Lisboa poder-se-iam virar contra Passos Coelho, um bom resultado  na capital teria para Passos o mesmo sabor que teve a vitória presidencial de Marcelo. Antes uma derrota do que mais um a querer o seu enterro político.

Não é fácil encontrar candidatos a derrotas eleitorais anunciadas, associando o seu destino ao de um líder político sem grande futuro e com a imagem de Passos Coelho, ninguém quer juntar-se a um político abandonado por Marcelo. São muito poucos os que aceitariam dar a cara por Passos Coelho nesta altura. A maioria dos independentes e senadores do PSD que o bajularam durante quatro anos, fazem agora de mortos, alguns até devem andar com o telemóvel desligado, não vá o Passos Coelho ligar-lhes.

Passos escolheu alguém que não só é da sua confiança, mas que também lhe deve a ascensão política e cujo destino político lhe está associado. Teresa Leal Coelho foi uma estrela cadete e é agora uma estrela em decadência no PSD, quando Passos abandonar a liderança é bem provável que lhe siga o caminho. É a melhor candidatura possível para uma derrota, aceitará a derrota em nome pessoal, nunca pondo em causa o líder. Passos escolheu a melhor derrotada possível e parte para as autárquicas na esperança que uma vitória nalguns pequenos concelhos disfarcem a sua derrota em Lisboa.


jumento.blogspot.pt

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