Maria de Lourdes Braga de Sá Teixeira, a primeira mulher aviadora portuguesa.
Nasceu no dia 19 de Outubro de 1907, no seio de uma família de pensamento liberal demonstrou, desde cedo, ser possuidora de pensamento livre, com objectivos bem definidos.
Jovem, de rara beleza, era conhecida no meio familiar e pelos amigos como "Milú".
Uma das ambições desta jovem era a de, um dia, ser aviadora.
A travessia aérea do Oceano Atlântico e a viagem a Macau foram decisivas para que Maria de Lourdes Sá Teixeira tomasse a opção de ser aviadora.
Contudo até conseguir entrar para o curso de pilotos de avião encontrou inúmeros obstáculos.
O primeiro passo a ultrapassar era a família.
Desde cedo que os familiares mais chegados tentaram desencorajá-la a uma pretensão que não se enquadrava na empossa social de uma jovem proveniente da média-alta burguesia.
O próprio pai, Afonso Henriques Botelho de Sá Teixeira, um coronel médico, opôs-se à ideia de Maria de Lourdes poder vir a ser aviadora.
Perante as diversas dificuldades nasceu a frustração em Maria de Lourdes Teixeira, o que a debilitou. Porém, este enfraquecimento do estado de saúde levou o pai a deixá-la prosseguir com os seus desejos.
A persistência em alcançar este objectivo chegou às páginas dos jornais da época.
Um espírito desportivo, por amor à aviação.
Mesmo doente fez o curso de aviadora, das naturais contrariedades que sofreu das oposições.
Maria de Lourdes frequentou o curso de aviação de Setembro de 1925, ingressando como aluna civil na Escola Militar de Aviação.
O interesse e a determinação de Maria de Lourdes, fez com que o seu instrutor se empenhasse à sua causa com todo o seu saber.
Após um período de formação, prestou as provas aos comandos de um avião biplano Caudron G.3, na presença do seu pai, do piloto civil Carlos Bleck, então delegado do Aero-Club de Portugal (fundado em Dezembro de 1909), do Governador Civil de Lisboa e de vários oficiais de aeronáutica militar. Maria de Lourdes foi aprovada com distinção e, segundo Eduardo Frias, prestou provas magníficas. Há muito tempo que entre os candidatos ao brevet não aparecia a mais completa organização de qualidades requeridas para um piloto, garantindo o almejado brevet de piloto aviador civil, em 6 de Dezembro de 1928, com 21 anos de idade, passado pela Escola Militar de Aviação, situada na Quinta da Granja, em Sintra.
As respectivas insígnias de aviadora portuguesa foram-lhe entregues numa sessão solene, presidida pelo Marechal Gomes da Costa, por ocasião das comemorações do 9.º aniversário do Aero-Clube de Portugal.
O jornal "O Povo", na sua edição de 21 de Janeiro de 1929, escreve: "Demonstra eloquentemente que a mulher vence, porque não lhe falta inteligência, coragem, audácia e valentia". Recorde-se que na década em que Maria de Lourdes nasceu, o pioneiro Santos Dumont ainda ensaiava em Paris o modelo de avião ligeiro.
Haviam decorrido apenas 6 anos sobre a travessia aérea do Atlântico Sul, entre Lisboa e o Rio de Janeiro, feita pelos militares Gago Coutinho e Sacadura Cabral, em 30 de Março a 17 de Junho de 1922, quando esta jovem mulher é considerada apta como aviadora.
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