estreia hoje o filme que ninguém quer ver
Tirando um ou outro amigo do produtor e do realizador, os críticos são quase todos unânimes: já viram este filme há quatro anos e a sequela, ao que parece, ainda consegue ser pior do que a versão original. Um senhor muito bem posto e de boas falas, fadado para altos voos, com casa modesta em Massamá e mansão lá no bairro, é o principal protagonista desta pretensa comédia de enganos, mas os supporting actors não lhe ficam atrás em talento para a aldrabice, a mistificação, a pequena e grande vigarice. Ao que parece, pelo menos a crer na ante-estreia ontem realizada, o público não se riu, houve até uma ou outra lágrima furtiva perante este filme de autêntico horror que era suposto ser de humor. Há a menina da caixa que roubou a massa dos associados, há o professor primário que quer deitar fogo à escola, há o médico que se entretém a matar enfermos, há um dono de pensões mais forreta do que o Patinhas, há a fogosa advogada que se atira aos juízes como a gata se atira ao bofe, há o menino Paulinho fã de submarinos e, pam pam pam pam!, há o presidente da colectividade, o único homem sério em todo o filme porque mais nenhum outro conseguiu nascer duas vezes. Segundo as notícias desta manhã, nem o marreco aguentou, desligou a maquineta e pôs-se na alheta. Em exibição em qualquer televisão perto de si. Em sessões contínuas. Aguente, ai aguente, aguente!
Fonte da imagem: https://www.facebook.com/silvestre.gago?fref=photo
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