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segunda-feira, 27 de julho de 2015

MEMÓRIAS ANTIGAS DO CICLISMO - O MEU CICLISMO

O meu ciclismo
 


O Ciclismo Mundial é constituído pela Volta a França
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e depois por um conjunto de outras provas em que se incluem voltas como o Giro de Itália, a Vuelta, o Campeonato do Mundo, a Volta à Suíça, a Volta a Portugal e depois as inúmeras Clássicas que vão do Milão-São Remo ao Flèche Wallonne passando pela Semana Catalã, pelo Liège-Bastogne-Liège e pelo Paris-Roubaix entre outras.Por isso este texto contém algumas histórias do Tour de France e da Volta a Portugal e chamei-lhe “A Paixão das Bicicletas”
O Tour e a Volta constituíram para mim desde muito cedo, mais concretamente desde 1951 quando eu tinha nove anos, um mito e um sonho que todos os Verões me entretinha durante boa parte dos meses de Julho e Agosto embora nessa altura as notícias que nos chegavam a Castelo Branco fossem escassas e intermitentes. A BOLA era o veículo principal mas só se publicava três vezes por semana o que significava que nos “intervalos” me socorria do jornal diário que era o D.N. ou o Século consoante os “humores” do meu Pai que, de vez em quando, resolvia mudar de jornal sem que nós lá em casa percebêssemos a razão pela qual isso acontecia.
O Tour começou por ser para mim a figura do Hugo Koblet que foi o meu primeiro ídolo do ciclismo, em paralelo com o Alves Barbosa, que foram em 51 os vencedores respectivamente do Tour e da Volta.
Daí para cá passei a acompanhar religiosamente os dois grandes acontecimentos desportivos apenas com algumas intermitências provocadas pelas minhas actividades profissionais.
O que quero aqui recordar são apenas algumas das mais atraentes histórias que eu recordo e que acompanhei ou vivi mais de perto.
Eis algumas:
1950Em Julho de 50, mais concretamente no dia 31 como confirmei agora pelos registos oficiais, a Volta a Portugal chegou a Castelo Branco ‚isto é, a terra onde nasci e onde vivia com a minha família. Tinha oito anos e esta chegada dos ciclistas à meta instalada na Av. Marechal Carmona constitui a minha mais remota recordação da Volta dos ciclistas e da caravana dos acompanhantes.
Fazia calor, eu era muito miúdo e o meu pai, com receio de que eu me metesse naquela confusão pediu ao Sr. Domingos Pio que era seu grande amigo, para eu ver a chegada instalado numa janela da Garagem S. Cristóvão que ficava mesmo voltada para o local da meta.
Recordo-me de muita gente à volta do acontecimento e tenho ainda bem viva a chegada do primeiro ciclista, o Dalmacio Langarica, que era um espanhol de muito boa qualidade, como mais tarde tive ocasião de comprovar pelos seus registos na Volta á Espanha e na Volta à França, e que corria com as cores do Académico do Porto.
O que tem de interessante este episódio é que o Langarica que tinha fugido na Serra sensivelmente a meio da etapa que tinha começado na Guarda, cortou a meta ao contrário ou seja em vez de subir a Marechal Carmona como estava previsto no trajecto, começou a descê-la porque se enganou no largo onde está o Banco de Portugal e em vez de virar para a J. A. Mourão para entrar na Marechal Carmona por baixo, passou em frente dos “Cafés” e foi entrar na meta, como eu disse, pelo lado contrário. Lembro-me de ter havido alguma confusão mas tudo acabou em bem com o Langarica a ser considerado o vencedor, aliás justíssimo porque trazia um enorme avanço em relação ao segundo classificado.
Não quero também deixar de recordar uma imagem que muito me impressionou e ainda hoje recordo apesar de não ter nunca visto qualquer fotografia que comprove esta imagem que ainda retenho na memória. Trata-se do carro de apoio que vinha integrado na caravana e que era do Mario Fazio, um magnífico corredor italiano que alinhava pelo Sporting. Era, salvo erro, um Lancia que tinha a particularidade de não ter portas. Era aberto lateralmente para que todas as “operações” de apoio ao ciclista pudessem ser mais rápidas e eficazes. Já nesse tempo se pensava em quase tudo!
São estas as primeiras imagens reais que guardo da Volta a Portugal em Bicicleta porque em termos de descrição de acontecimentos lembro-me de ter sido relatada lá em casa a chegada de 48 também em Castelo Branco quando o Jean Guegin, que era um francês poderoso, perdeu a camisola amarela para o Fernando Moreira. O meu irmão Luís que fez a descrição, dizia com satisfação que o Guegin estava no chão deitado de costas a arfar ainda com a Amarela vestida. Refira-se que o meu irmão era grande fã do Fernando Moreira…
1951Uma nota curta apenas para assinalar que este é para mim um ano histórico uma vez que a Volta a Portugal foi ganha pelo Alves Barbosa e a Volta a França pelo Hugo Koblet. E isto porque estes dois campeões se tornaram em dois dos meus heróis de juventude. O Koblet porque o Tony Lobato Faria, que era grande amigo do meu irmão e que mais tarde veio a ser meu cunhado, me meteu o “vício” do ciclismo e conseguiu que da Suiça me enviassem uma fotografia do ciclista devidamente autografada. O Barbosa porque se tornou com as suas actuações na Volta a Portugal e sobretudo na Volta a França de 56, um dos grandes ídolos nacionais que todos nós admirávamos. Acresce que neste ano e com 19 anos o Barbosa “agarrou” a camisola na 1ª etapa e só a largou em casa depois de ter passado toda a Volta de amarelo.
Registe-se que só nos últimos tempos ao ler uma entrevista de 1950 do Barbosa á Flama fiquei a saber que um dos ídolos que ele teve foi exactamente o Hugo Koblet !
Koblet é um daqueles corredores que “passa” pelo Tour como um meteoro. Num ano, 1951, é o vencedor incontestável, conquista cinco vitórias em etapas e “esmaga” a concorrência mas a partir daqui apenas concorre mais duas vezes, em 53 e 54, não tendo no entanto chegado sequer ao fim em nenhuma delas.
1955Esta foi a Volta da vergonha. Quem recebeu o prémio foi o Ribeiro da Silva mas para todos o vencedor foi Alves Barbosa. O país que acompanha o desporto viveu essa Volta de forma especial. O Ribeiro da Silva andou de amarelo a Volta quase toda mas no contra-relógio da Figueira da Foz para Sangalhos o Barbosa ganhou a etapa e passou para a frente da classificação.
Na última etapa, a da consagração, ocorreu um dos episódios mais negros do ciclismo português. Recordo-me bem, era um domingo à tarde e lá em casa ouvia-se o relato do final da etapa que terminava no Porto. Subitamente o locutor deu a entender que algo se tinha passado com o Barbosa, para pouco depois se saber que nos Carvalhos um grupo de energúmenos tinha agarrado o Barbosa e o tinha impedido de acompanhar o pelotão onde iam todos ou quase todos os ciclistas. Ficámos todos, e julgo que todo o País, completamente estupefactos e revoltados. O Barbosa acabou por chegar á meta sozinho muito depois dos restantes ciclistas e apenas acompanhado por um grupo de polícias montados nas suas motos.
1956 
Um Tour que Portugal seguiu com os olhos no Placard do Rossio e com os ouvidos nas rádios, dada a forma como o Alves Barbosa foi coleccionando boas classificações nas etapas, ( obteve mesmo um 3º lugar em Gap atrás de Forestier e Baffi ) mesmo que integrado numa equipa que nunca lhe proporcionou qualquer apoio– e que lhe permitiu no final um 10º lugar entre o Privat (9º) e o Voorting (11º).
1957A Volta de 57 é na minha juventude o momento mais alto do meu envolvimento na Caravana.
A etapa Portalegre — Castelo Branco foi disputada no sistema de contra-relógio e o dia seguinte foi o dia de descanso que eu vivi intensamente no meio dos ciclistas pedindo autógrafos e dirigindo-lhes a palavra, o que para mim, com quinze anos e vivendo numa “aldeia” como era Castelo Branco nos anos 50, eram momentos únicos e de grande exaltação.
A chegada do contra-relógio foi algo de extraordinário. A meta estava instalada na Av. Nun’Alvares mesmo em frente da minha casa. De tal forma era em cima da meta que o correspondente de um dos jornais do Porto, não sei se o do Norte Desportivo, fazia a reportagem através do telefone de minha casa que para o efeito tinha sido pedido previamente ao meu pai.
Á saída de Portalegre a camisola amarela estava na posse do Sousa Santos do Futebol Clube do Porto – o pai dos dois jovens que anos depois vieram também a ser excelentes ciclistas – mas os dois grandes favoritos ao contra-relógio e à vitória final eram indiscutivelmente o Alves Barbosa e o Ribeiro da Silva. Já ambos tinham ganham a Volta o primeiro em 51 e 56, o segundo em 1955 e os dois vinham de duas espectaculares Voltas a França, o Barbosa com o 10º lugar em 56 e o Ribeiro da Silva com o 25º neste mesmo ano de 57 mas coberto de glória com a forma como andara na montanha e como ajudara o Anquetil a ultrapassar o “breakdown” que teve em pleno Tourmalet.
A chegada dos dois foi fantástica, o Ribeiro da Silva ganhou, o Barbosa ficou em segundo, e seria também assim no final da Volta, mas jamais me esquecerei da descrição dos policias que contavam não os terem conseguido acompanhar na descida para o Tejo antes de Vila Velha de Ródão. Dizia-se que tinham chegado aos 90/100 nessa descida que , para quem a conhece ainda hoje, é de assustar mesmo quando se viaja confortavelmente instalado num automóvel. 
O dia de descanso foi um fascínio; lembro-me de ter encontrado logo de manhã junto à Câmara Municipal o Ribeiro da Silva de chinelos e a comer um cacho de uvas que lhe tinham dado na Praça e de ver o Pedro Polainas a brincar com uma bicicleta muito pequenina em que ele conseguia andar apoiando nos pedais apenas a ponta dos pés.
Mas o acontecimento mais fascinante foi o que nos pôs a mim e ao meu Pai próximo do Alves Barbosa. O Barbosa que era um ídolo para todo o país, e que estava instalado numa pensão no centro da cidade, mandou comprar no estabelecimento do meu pai uns frascos de fruta em calda que lhe foram oferecidos como manifestação de simpatia por parte da firma José António Grilo de que o meu pai era um dos sócios. Pois o Barbosa, que já nessa altura era uma “gentleman” foi pessoalmente agradecer ao meu pai a gentileza e ofereceu-lhe uma fotografia autografada tendo-lhe o meu Pai pedido igualmente um autógrafo para mim. Como se pode imaginar guardo religiosamente estas duas fotografias autografadas bem como uma série de outros autógrafos de ciclistas famosos da época como foram o Ribeiro da Silva, o Pedro Polainas e o Américo Raposo que eram meus ídolos por serem do Sporting e que foram grandes “ papa-etapas”, o Sousa Cardoso que como ciclista do Porto ganhou a Volta de 58 e foi um dos melhores ciclistas portugueses, o Armindo Gonçalves, o Onofre Tavares, o Joaquim Carvalho e o Agostinho Ferreira que eram os colegas leais do R. da Silva no Académico, e o Fernando Maltez ciclista do S.L.e Benfica que na altura não tinha uma grande equipa de ciclismo.
1969 
Um ano histórico para Portugal e para Eddy Merckx: para Portugal porque Joaquim Agostinho corre pela 1ª vez o Tour, alcança o 8º lugar na classificação final, ganha duas etapas isolado, em Mulhouse e Revel e torna-se a maior revelação do ciclismo mundial do ano; para Eddy Merckx porque este é o primeiro dos cinco Tours que vai vencer ao longo da extraordinária carreira que o torna um dos maiores ciclistas de todos os tempos. Merckx é ainda hoje o recordista de etapas no Tour com 34 vitórias em seis participações.
Agostinho enceta em 69 uma carreira única no ciclismo português que ainda hoje o torna um dos corredores com maior número de participações (13) e só batido por sete ciclistas, entre eles Zootmelk (16), Van Impe(14) e Poulidor(14).
1978–79 
Os dois anos de ouro do “nosso” Joaquim Agostinho, que consegue nestes dois Tours alcançar um lugar no Podium atrás de Hinault e Zootemelk, respectivamente primeiro e segundo classificados nestes dois anos.
Em 79 Joaquim Agostinho faz no dia 15 de Julho uma das mais fantásticas corridas da sua vida ao vencer isolado a etapa iniciada em Moûtiers e que terminou no alto de Alpe d’Huez depois daquela subida incrível de 14 km com vinte e uma curvas em cotovelo e uma inclinação média de 8%.
1998Esta é a Volta em que ao fim de muitos anos realizei um dos meus sonhos de juventude – acompanhar no carro do Director da Corrida uma etapa e viver por dentro todos os pormenores da organização, das informações e da gestão de toda aquela “máquina” que é a caravana da Volta.
Fi-lo na etapa de Portalegre para a Torre no carro do Serafim Ferreira que teve a gentileza de me convidar sabendo que eu sou um apaixonado pelo ciclismo e que gosto de saber “coisas” sobre as corridas e os corredores.
Quando cheguei a Portalegre veio ter comigo o Emídio Pinto que fazia a Volta como condutor de um dos juizes internacionais mas que nos anos 50 foi um ciclista famoso que corria pelo Futebol Club do Porto. Quando o vi não resisti a recordar-lhe uma etapa que terminou em Évora e em que ele a meio do percurso tinha um tal avanço em relação ao pelotão que era o “virtual” camisola amarela. O Emídio Pinto ficou tão entusiasmado com esta minha recordação que foi de grupo em grupo anunciar aquele facto de que ninguém já se lembrava. Ou seja naqueles minutos que se seguiram ao nosso encontro, o Emídio Pinto, para todos aqueles jovens jornalistas, ciclistas, locutores – passou de “motorista adaptado” a “ciclista consagrado” que foi o que ele realmente foi, quando nas Voltas dos anos 50 integrava o pelotão.

www.etudogentemorta.com

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