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quinta-feira, 30 de julho de 2015

Coligação quer privatizar parte das receitas da Segurança Social

Coligação quer privatizar parte das receitas da Segurança Social

por Lucília Tiago
Coligação quer privatizar parte das receitas da Segurança Social
Fotografia © Álvaro Isidoro / Global Imagens
Coligação PSD-CDS deixa cair o corte de 600 milhões nas pensões atuais, mas recupera o plafonamento dos descontos para as "gerações mais novas". Objetivo: aplicar parte dos descontos em seguros.
A poupança de 600 milhões de euros nos sistemas públicos de pensões associada às reformas já em pagamento ficou pelo caminho e não passou ao papel no programa eleitoral da coligação Portugal à Frente. Em contrapartida, PSD e CDS-PP acenam agora com um modelo que recupera a ideia do plafonamento das contribuições para as "gerações mais novas", o que resultará mais tarde, também na imposição de um valor máximo da futura pensão. A medida não está quantificada nem especifica quem são estes jovens.
A introdução de um limite máximo para as contribuições será de adesão voluntária, mas não resultará (ao contrário do que defende o PS) numa descida da taxa social única a cargo do trabalhador (que é de 11%). Ou seja, o trabalhador poderá vir a descontar menos porque será criado um limite máximo (não especificado) para as suas contribuições - obrigatoriamente canalizadas para o sistema público.
Cumprida esta obrigação, deve garantir-se "a liberdade de escolha entre o sistema público e sistemas mutualistas ou provados". Ou seja, o dinheiro deve ser usado em sistemas ou produtos que mais tarde complementem a pensão paga pelo Estado.
O plafonamento já tinha sido alinhavado no "Guião para a reforma do Estado" apresentado por Paulo Portas em outubro de 2013, mas nunca saiu do papel. Regressa agora no programa eleitoral.
A par deste plafonamento horizontal e voluntário, os partidos da coligação defendem que a reforma do sistema deve também passar pela criação de uma "caderneta de aforro" através da qual o trabalhador vai ficando a par da evolução e da valorização dos descontos que faz e percebendo se precisa ou não de tomar decisões de poupança para a reforma.
Na prática isto traduzir-se-á em em reformas de valor mais reduzido do que as que resultam das regras atualmente em vigor, uma vez que o cálculo passa a ter em conta o historial de descontos e não uma percentagem das remunerações.
Ao retirarem do discurso os cortes nas pensões já em pagamento, PSD e CDS-PP acabam por se aproximar de uma das bandeiras do PS - que sempre recusou o repto do atual governo para discutir uma reforma do sistema que afetasse os atuais pensionistas.
Eventuais aproximações acabam aqui. O modelo proposto pelos socialistas assenta numa descida gradual da taxa social única (TSU) a cargo do trabalhador até um valor máximo de quatro pontos percentuais a realizar até 2018, iniciando-se em 2019 uma reversão desta redução ao ritmo de 0,5 pontos por ano.
O objetivo passa por aumentar o rendimentos disponível dos trabalhadores, dinamizando o consumo e, indiretamente, a criação de emprego e a subida da receita fiscal. Esta medida proposta pelos socialista abrangerá também apenas os mais jovens, refletir-se-á no valor das pensões que virão a receber no futuro e será de aplicação obrigatória.
Em matéria de pensões, o programa da coligação Portugal à Frente defende ainda um aumento real das mínimas, sociais e rurais, o que significa uma atualização acima da inflação assim como a continuação do processo de convergência dos regimes da CGA com a Segurança Social - tal como o PS.
Prometem-se ainda medidas que promovam o envelhecimento ativo, através da revisão das regras de acumulação de rendimentos de trabalho com pensões. O regime atualmente em vigor determina que um reformado da Caixa Geral de Aposentações ou da Segurança Social veja o pagamento da sua pensão ser suspenso caso comece a trabalhar num serviço público. A isto junta-se ainda a intenção de desenvolver as reformas a tempo parcial e gradual e a criação de um mecanismo de majoração das futuras pensões das pessoas com filhos.

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