Vídeo mostra polícia a matar condutor negro
LUÍS PEDRO CARVALHO
Um novo caso de violência policial contra um homem negro desarmado está a causar indignação nos EUA, com a revelação do vídeo de uma operação stop que terminou com um tiro na cabeça do condutor. Veja o vídeo no fim da publicação
Samuel Dubose, um homem negro com 43 anos, foi morto a 19 de julho por Ray Tensing, um polícia da Universidade de Cincinnati acusado de homicídio, na sequência de uma operação stop de rotina. Foi parado por não ter matrícula, mas acabou por morrer com um tiro na cabeça.A conversa foi registada pela câmara corporal do agente Tensing, que mostra um diálogo calmo entre os dois homens. O polícia pede a carta de condução a Dubose e questiona-o sobre uma garrafa que está no chão da viatura. O condutor entrega a garrafa ao agente, mas afirma que não encontra a carta de condução.
É neste ponto que o vídeo se tornou fundamental como prova da acusação. O agente Tensing manda Dubose tirar o cinto para sair e começa a abrir a porta do carro, mas Dubose volta a ligá-lo. O agente agarra-se à janela com a arma na mão, manda-o parar duas vezes e dispara um tiro fatal contra a cabeça do condutor. Depois disso, o carro continua a rolar a baixa velocidade e o agente cai ao chão.
A questão central na investigação do caso prende-se com o facto de o agente garantir que disparou em legítima defesa, porque estava a ser arrastado pelo carro, mas o procurador responsável pelo caso, tendo por base as imagens, já descartou essa possibilidade.
Este agente "nunca deveria ter sido polícia", afirmou o procurador de Cincinnati Joseph Deters sobre a o agente, depois de este ter sido, esta quarta-feira, indiciado pelo crime de homicídio.
"Se abrandarem a imagem, conseguem ver o que aconteceu. É um curto período de tempo desde que o carro começou a rolar até a arma ser sacada e ele ser atingido na cabeça", afirmou Deters, afirmando que está fora de questão que o agente tenha sido arrastado pelo carro do suspeito.
Lembrando que o agente estava lidar apenas com um condutor que não tinha uma matrícula no carro e não com um perigoso assassino, Deters afirmou ainda que, em trinta anos de carreira, nunca viu um ato tão "asinino" cometido por um agente da autoridade.
A advogada da família Dubose - Samuel tinha um filho menor - ficou surpreendida com a dureza das palavras do procurador, mas salientou que o vídeo prova que a vítima não foi violenta. "Foi morto pela polícia sem alguma razão", afirmou Mark O"Mara ao "The Guardian".
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