Moda da Savana
O guarda-roupa é a savana. No sul da Etiópia, jovens surma e mursi transformam flores em chapéus, folhas em xales. Com fantasias fantásticas, eles colocam colorido no cotidiano cinzento dos povos pastoris. O fotógrafo Hans Silvester rendeu-se a sua magia
Algumas flores e gramíneas presas por um cipó e um rosto pintado de amarelo tornam este menino inconfundível. Um candidato ao concurso de adereços de cabeça.
Nas testas as mesmas flores, bem arrumadas ou rebeldes. Os rostos cobertos com padrões de pintura, como se fossem trabalhos de Matisse e Miró. As cores, aplicadas com os dedos, os amigos obtiveram da mistura de pedra moída com argila.
Folhagens secas aproveitadas, e um novo enfeite de cabeça está pronto. Espetacular e ao mesmo tempo útil, porque serve como proteção contra o sol. O verde fresco do chapéu improvisado realça o perfil, das têmporas até o pescoço.
A "moda da natureza" dos surma e dos mursi se presta, principalmente, à representação de um povo. Da extravagância até o minimalismo ela conhece vários estilos - um deles demonstrado por este jovem, que aposta no vermelho de forma comedida, mas com efeito marcante.
Os meninos, enquanto não se tornam guerreiros, devem cuidar do gado. Isso lhes dá tempo de experimentar seu talento como artistas do adereço. Alguns mudam os adornos várias vezes ao dia, como atores que trocam os trajes durante os atos.
Tão espontaneamente quanto surgem, os frágeis adornos de cabeça se desintegram. São criações fugazes que um pé-de-vento desfaz - até que outras flores e gramíneas inspirem novos enfeites.
Brincos de latão, guirlandas de folhas e a pintura, que lhes confere apenas um pálido brilho na pele. O artista se encontra no umbral do mundo adulto, e parece que ele quer se diferenciar dos mais jovens por meio de um design mais simples.
É evidente que os três pertencem ao mesmo grupo. De comum acordo, eles se cobriram com plantas secas e folhagens - demonstração da amizade que os une.
Aproximadamente 20 povos vivem no vale do Rio Omo, no sul da Etiópia. Pastores nômades em sua maioria, eles frequentemente se encontram em pé de guerra: por água, pastos, armas. O fotógrafo Hans Silvester chegou por acaso a essa região distante - mas a ela retornou várias vezes, a fim de documentar a cultura das tribos.
O grande tema do fotógrafo, hoje com 70 anos, é a arte corpórea arcaica dos surma e dos mursi. Eles transformam sua pele em tela: profundas cicatrizes e pinturas cheias de motivos abstratos constituem adereços. E eles se divertem ao se enfeitar com gramíneas, folhas e frutos da margem do Omo - um constante jogo de transformação, agora descoberto também pelos turistas. Para as tribos, isso significa uma bem-vinda fonte de renda.
O próprio Silvester teve de pagar por suas fotos. Para ele, a espontaneidade dos protagonistas parece não ter sofrido com isso: os surma e os mursi se mostraram "com a naturalidade e o orgulho característicos das pessoas do vale do Omo".
.:: Revista Geo
Algumas flores e gramíneas presas por um cipó e um rosto pintado de amarelo tornam este menino inconfundível. Um candidato ao concurso de adereços de cabeça.
Nas testas as mesmas flores, bem arrumadas ou rebeldes. Os rostos cobertos com padrões de pintura, como se fossem trabalhos de Matisse e Miró. As cores, aplicadas com os dedos, os amigos obtiveram da mistura de pedra moída com argila.
Folhagens secas aproveitadas, e um novo enfeite de cabeça está pronto. Espetacular e ao mesmo tempo útil, porque serve como proteção contra o sol. O verde fresco do chapéu improvisado realça o perfil, das têmporas até o pescoço.
A "moda da natureza" dos surma e dos mursi se presta, principalmente, à representação de um povo. Da extravagância até o minimalismo ela conhece vários estilos - um deles demonstrado por este jovem, que aposta no vermelho de forma comedida, mas com efeito marcante.
Os meninos, enquanto não se tornam guerreiros, devem cuidar do gado. Isso lhes dá tempo de experimentar seu talento como artistas do adereço. Alguns mudam os adornos várias vezes ao dia, como atores que trocam os trajes durante os atos.
Tão espontaneamente quanto surgem, os frágeis adornos de cabeça se desintegram. São criações fugazes que um pé-de-vento desfaz - até que outras flores e gramíneas inspirem novos enfeites.
Brincos de latão, guirlandas de folhas e a pintura, que lhes confere apenas um pálido brilho na pele. O artista se encontra no umbral do mundo adulto, e parece que ele quer se diferenciar dos mais jovens por meio de um design mais simples.
É evidente que os três pertencem ao mesmo grupo. De comum acordo, eles se cobriram com plantas secas e folhagens - demonstração da amizade que os une.
Aproximadamente 20 povos vivem no vale do Rio Omo, no sul da Etiópia. Pastores nômades em sua maioria, eles frequentemente se encontram em pé de guerra: por água, pastos, armas. O fotógrafo Hans Silvester chegou por acaso a essa região distante - mas a ela retornou várias vezes, a fim de documentar a cultura das tribos.
O grande tema do fotógrafo, hoje com 70 anos, é a arte corpórea arcaica dos surma e dos mursi. Eles transformam sua pele em tela: profundas cicatrizes e pinturas cheias de motivos abstratos constituem adereços. E eles se divertem ao se enfeitar com gramíneas, folhas e frutos da margem do Omo - um constante jogo de transformação, agora descoberto também pelos turistas. Para as tribos, isso significa uma bem-vinda fonte de renda.
O próprio Silvester teve de pagar por suas fotos. Para ele, a espontaneidade dos protagonistas parece não ter sofrido com isso: os surma e os mursi se mostraram "com a naturalidade e o orgulho característicos das pessoas do vale do Omo".
.:: Revista Geo
civilizacoesafricanas.blogspot.pt
Sem comentários:
Enviar um comentário