Em vez de duas demissões óbvias
Manda a receita de sucesso do centrão que quando a casa estiver a arder, em vez de apagar o fogo, se tente disfarçar atirando pedras ao telhado do vizinho para soltar areia para os olhos de quem os leve a sério. Desta vez calhou arderem em simultâneo a casa do PS e a casa do PSD. E o espectáculo é decadente. Os socialistas apedrejam um Pedro Passos Coelho apanhado em flagrante a enganar a Segurança Social. O PSD apedreja um António Costa apanhado em flagrante a agradecer contributos para um país que está hoje muito melhor do que há quatro anos. O primeiro, que já não é a primeira vez que é apanhado com a boca na botija, campeão da imposição de sacrifícios aos portugueses, nunca mais terá autoridade algumapara falar sobre evasão fiscal. O segundo, frequentemente apanhado em contradições e ambiguidades, nunca mais poderá criticar o trabalho de um Governo que elogiou publicamente. O primeiro é Primeiro-ministro e não se demite. O segundo é candidato a seu sucessor e também não. E as próximas sondagens dar-lhes-ão toda a razão. Mais uma corrida, mais uma viagem. Criança não paga mas também não anda. Venha o próximo flagrante e a próxima pedrada. Eles divertem-se à brava. Isto até pode ser que seja mesmo assim, mas os políticos não caem do céu.
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