Mais uma brilhante lei de Sócrates, que obriga o estado a dar tacho a um suspeito de crimes contra o estado.
Um espião, maçon, suspeito de lesar o interesse nacional e a ser julgado por isso mesmo, tem direito a tacho de luxo e de confiança, na presidência do Conselho de Ministros, porque alguém se lembrou de fazer uma estranha lei anti-democrática.
"O espião reintegrado e o triunfo dos porcos
Há coisas que me têm de explicar muito devagarinho, a ver se eu entendo. Parece que há uma lei de 2007 (de Sócrates, o magnífico) que diz que um espião com mais de seis anos de casa tem emprego assegurado o resto da vida. Faça o que fizer? Perguntar-se-á - parece que sim.
Em função dessa lei, o espião Jorge Silva Carvalho foi reintegrado na presidência do Conselho de Ministros, com direito a assinatura de Passos Coelho e Vítor Gaspar e com o salário base que auferia quando era diretor do SIS. Para fazer o quê? Ah! Bom isso não sabemos, porque ainda ninguém sabe o que pode lá fazer o espião (embora ideias não me faltem).
Pronto a notícia está arrumada. A Lei é lei que se há de fazer? Etc. e tal.
Mas espera aí! Não foi este Governo que anunciou que vão uma série de funcionários para a rua?
Mas espera aí: Não é este o funcionário exemplar que está acusado de abuso de poder, violação de segredo de Estado e acesso indevido a dados pessoais? O tal que espiou um jornalista, deu informações privilegiadas a uma empresa e chegou a mandar espiar a ex-mulher de um amigo?
Mas espera aí! Não foi este mesmo Jorge Silva Carvalho que se demitiu das secretas em Novembro de 2010, nas vésperas de uma cimeira da NATO em Portugal, por discordar do corte de verbas?
Mas espera aí! Não foi este o espião que depois arranjou emprego no Conselho de Administração de uma, então prospérrima empresa privada que ia comprar meio mundo (e ao serviço da qual, suspeita-se, colocou os seus dotes de espião)?
Não deve ser. Deve ser outro Jorge Silva Carvalho. Porque se fosse o mesmo - e estando o Governo a meter funcionários na rua - começaria por este. Que já se demitiu! Que quis mudar de vida. Que passou do Estado para a privada por vontade própria! Que é arguido por ter prejudicado o próprio Estado.
Deve ser outro, porque o Governo não é assim tão escrupuloso na lei, quando se trata de pensionistas, reformados, assalariados, desempregados, pessoas - digamos - normais.
Deve ser outro, porque este era amigo do dr. Relvas e o dr. Passos Coelho, como se sabe, não beneficia os amigos nem os amigos dos amigos, nem sequer os amigos dos amigos dos amigos.
Mas nem vale a pena fazer comentários. George Orwell, no seu magnífico livro 'O Triunfo dos Porcos' (em inglês Animal's Farm) escreve a célebre frase: "Todos somos iguais, mas alguns são mais iguais do que outros". Parece que os porcos não triunfaram só na quinta imaginada por Orwell." Expresso
pós pesquisa percebi que entretanto algumas partes do artigo em cima, ficaram desactualizadas, mas valeu a pena pelo humor que retrata o ridículo da justiça e das leis que nos afrontam.
Entretanto soube-se que afinal Passos Coelho era obrigado, por lei, a dar o tacho ao espião:
"O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, foi condenado pelo Supremo Tribunal Administrativo a readmitir o antigo dirigente das secretas Jorge Silva Carvalho.
Logo depois de o ex-dirigente das secretas ter processado o primeiro-ministro e o ministro das Finanças por não o deixarem voltar ao activo o Governo chegou a admitir, num despacho datado do ano passado, que a sua integração dos quadros da Presidência do Conselho de Ministros decorria da lei em vigor, O problema é que, apesar de esse facto ter sido reconhecido, o regresso de Silva Carvalho ao trabalho nunca foi permitido. “Na sequência desse despacho ele perguntou onde e quando se podia apresentar. Nunca obteve resposta”, conta o seu advogado, João Medeiros." Público
"Passos recorre pela última vez para não pagar salários a ex-espião
O primeiro-ministro, a Presidência do Conselho de Ministros e o Ministério das Finanças recusam-se pagar os salários a Jorge Silva Carvalho. Decisão final será conhecida em Junho.
Há coisas que me têm de explicar muito devagarinho, a ver se eu entendo. Parece que há uma lei de 2007 (de Sócrates, o magnífico) que diz que um espião com mais de seis anos de casa tem emprego assegurado o resto da vida. Faça o que fizer? Perguntar-se-á - parece que sim.
Em função dessa lei, o espião Jorge Silva Carvalho foi reintegrado na presidência do Conselho de Ministros, com direito a assinatura de Passos Coelho e Vítor Gaspar e com o salário base que auferia quando era diretor do SIS. Para fazer o quê? Ah! Bom isso não sabemos, porque ainda ninguém sabe o que pode lá fazer o espião (embora ideias não me faltem).
Pronto a notícia está arrumada. A Lei é lei que se há de fazer? Etc. e tal.
Mas espera aí! Não foi este Governo que anunciou que vão uma série de funcionários para a rua?
Mas espera aí: Não é este o funcionário exemplar que está acusado de abuso de poder, violação de segredo de Estado e acesso indevido a dados pessoais? O tal que espiou um jornalista, deu informações privilegiadas a uma empresa e chegou a mandar espiar a ex-mulher de um amigo?
Mas espera aí! Não foi este mesmo Jorge Silva Carvalho que se demitiu das secretas em Novembro de 2010, nas vésperas de uma cimeira da NATO em Portugal, por discordar do corte de verbas?
Mas espera aí! Não foi este o espião que depois arranjou emprego no Conselho de Administração de uma, então prospérrima empresa privada que ia comprar meio mundo (e ao serviço da qual, suspeita-se, colocou os seus dotes de espião)?
Não deve ser. Deve ser outro Jorge Silva Carvalho. Porque se fosse o mesmo - e estando o Governo a meter funcionários na rua - começaria por este. Que já se demitiu! Que quis mudar de vida. Que passou do Estado para a privada por vontade própria! Que é arguido por ter prejudicado o próprio Estado.
Deve ser outro, porque o Governo não é assim tão escrupuloso na lei, quando se trata de pensionistas, reformados, assalariados, desempregados, pessoas - digamos - normais.
Deve ser outro, porque este era amigo do dr. Relvas e o dr. Passos Coelho, como se sabe, não beneficia os amigos nem os amigos dos amigos, nem sequer os amigos dos amigos dos amigos.
Mas nem vale a pena fazer comentários. George Orwell, no seu magnífico livro 'O Triunfo dos Porcos' (em inglês Animal's Farm) escreve a célebre frase: "Todos somos iguais, mas alguns são mais iguais do que outros". Parece que os porcos não triunfaram só na quinta imaginada por Orwell." Expresso
pós pesquisa percebi que entretanto algumas partes do artigo em cima, ficaram desactualizadas, mas valeu a pena pelo humor que retrata o ridículo da justiça e das leis que nos afrontam.
Entretanto soube-se que afinal Passos Coelho era obrigado, por lei, a dar o tacho ao espião:
"O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, foi condenado pelo Supremo Tribunal Administrativo a readmitir o antigo dirigente das secretas Jorge Silva Carvalho.
Logo depois de o ex-dirigente das secretas ter processado o primeiro-ministro e o ministro das Finanças por não o deixarem voltar ao activo o Governo chegou a admitir, num despacho datado do ano passado, que a sua integração dos quadros da Presidência do Conselho de Ministros decorria da lei em vigor, O problema é que, apesar de esse facto ter sido reconhecido, o regresso de Silva Carvalho ao trabalho nunca foi permitido. “Na sequência desse despacho ele perguntou onde e quando se podia apresentar. Nunca obteve resposta”, conta o seu advogado, João Medeiros." Público
"Passos recorre pela última vez para não pagar salários a ex-espião
O primeiro-ministro, a Presidência do Conselho de Ministros e o Ministério das Finanças recusam-se pagar os salários a Jorge Silva Carvalho. Decisão final será conhecida em Junho.
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