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domingo, 22 de junho de 2014

E AGORA VEM AÍ A NORMOSE - A PATOLOGIA DA NORMALIDADE

NORMOSE. A PATOLOGIA DA NORMALIDADE



Normose é um conceito novo, trazido por alguns autores da psicologia transpessoal, que tem ganhado espaço nos meios terapêuticos. É um conceito que lida com a ideia do que é considerado "ser normal" numa determinada sociedade ou grupo e do quanto este comportamento causa sofrimento ou não.  Normose ainda não é considerada oficialmente uma nova patologia, mas sim, uma nova proposta de revermos nossos hábitos e descobrir o que é sadio daquilo que não é. 

Todos nós queremos e precisamos estar inseridos num grupo social e todo grupo tem suas regras, que são o resultado de um acordo entre os integrantes desse grupo. Porém, algumas destas regras podem gerar atitudes que causam profundo sofrimento no outro ou mesmo em quem as pratica. Vejamos por exemplo o hábito de fumar. Durante muito tempo foi considerado normal fumar, e até mesmo símbolo de status entre nossa sociedade. Hoje em dia, fumar é visto com censura e todos conhecem bem as pressões atuais contra os fumantes. Os fumantes são até vistos como fracos.  Mas vamos pensar com calma. Mas o quê de fato mudou? Fumar sempre fez mal à saúde! Outro hábito considerado normal, mas que também gera um grau de sofrimento considerável é a bebedeira do final de semana. Ir para uma balada e não beber é considerado pela maioria, como algo fora do normal.

Então, quando pensamos nestas atitudes comuns a todos nós, começamos a perceber que a normose é muito mais difundida em nossa sociedade do que parece. Mas o que é normose psicoterapeuticamente falando? A normose pode ser definida como um conjunto de normas, conceitos, valores, estereótipos, hábitos de pensar ou de agir, que são aprovados por consenso ou pela maioria de uma determinada sociedade e que podem provocar sofrimento, doença e/ou morte. Há uma crença bastante enraizada segundo a qual tudo o que a maioria das pessoas sente, acredita ou faz, deve ser considerado normal.

Existem inúmeras formas de normose e todos sofremos dela em maior ou menor grau. Temos que ter um carro bacana, um emprego bacana, uma casa bacana, diversão no final de semana, roupas novas, uma mulher maravilhosa ou um homem bem sucedido, e por aí vai.

O conceito de normose esbarra na busca pela felicidade. O famoso ter ou ser? A necessidade de aceitação, reconhecimento e acolhimento muitas vezes faz com que o desejo pessoal seja sacrificado e então nos rendemos ao padrão, à normose. Quantas vezes não ouvimos pessoas próximas dizerem que queriam largar tudo e mudar de vida? E o que este cansaço nos diz? Mas,  que chamar à atenção é a normose dos hábitos e atitudes que ferem o outro, ferem entes queridos, ferem ao próprio normótico.

Jean Yves Leloup, um dos autores do livro Normose, A Patologia Da Normalidade – Ed Vérus cita que:

“Estar bem adaptado a uma sociedade doente não é sinal de saúde".

Alguns tipos de normose que devemos refletir sobre são:

A normose da fofoca

A normose da estética

A normose da traição

A normose do sucesso

A normose do consumismo

A normose da alimentação prazerosa

A normose da internet

E a lista ainda pode continuar acrescentando muitas outras coisas. 

Jean Yves Leloup também cita: 

"A característica comum a todas as formas de normose é seu caráter automático e inconsciente.” 

Assim, como curar a nomose?

Uma coisa precisa ficar bem clara: gostar de boa comida, tomar um bebida numa festa ou jantar, vestir-se com prazer e muitas outras atitudes não são normose em si. O problema está na motivação interna e nos objetivos que são esperados destas ações. Mas como comentei mais acima, a necessidade de ser aceito, de ser igual, é um dos maiores motivadores de ações normóticas. E junto com esta necessidade caminha o medo de sermos autênticos, e ao mesmo tempo o medo de sermos rejeitados. 

De novo, vemos que o autoconhecimento e a autoaceitação são ferramentas essenciais para a cura da normose.  No momento em que somos verdadeiros, não somos normóticos.

Sendo assim, a pergunta que fica é :

Ousar ir além ou se conformar ?



Manoel João (Google+)

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