Um programa cautelar, já!
O Sul intervencionado soçobrou perante o Norte luterano. Portugal perdeu por 0-4 contra os teutões. A Espanha baqueou por 1-5 frente aos holandeses. A Grécia levou três de um país não europeu, mas membro do FMI. A Irlanda nem lá foi. Ao todo, 1-12! A culpa é da troika, evidentemente. A chanceler alemã esteve na Baía com um acordeão, o primeiro-ministro português ficou em Lisboa por causa de um acórdão.
Ultrapassar a fase de grupos continua a ser possível. Quanto aos EUA, na Casa Branca o cão de água português Bo e a companheira Sunny apoiam-nos e para ganhar ao Gana é só preciso jogar com ganas.
O jogo foi um pesadelo. Entrámos a jogar com a prussiana Mannschaft como se estivéssemos num amigável com a Irlanda. A Alemanha jogou na primeira parte e - felizmente para nós - treinou na segunda. A Lei de Murphy aplicou-se-nos em cheio. Se alguma coisa pudesse correr mal, então tudo iria mesmo correr mal. Um penálti escusado, um Patrício desastroso, um Pepe malicioso, um Coentrão lesionado, uns pontas-de-lança inexistentes, um Meireles mete-medo, um Ronaldo apenas esforçado e até um sérvio demasiado venerando da chanceler. Quando tínhamos bola não tínhamos espaço, quando tínhamos espaço não tínhamos bola e quando não tínhamos ambos, tínhamos alemães pela frente. Mas, mesmo assim, há quem diga que Murphy foi um optimista…
Antes do jogo, a expectativa era radiante e a adjectivação prolixa espalhou-se virulentamente: “Este é o ano de Portugal”, “O mundo vai parar para ver a selecção”, “Fé a 100%” assim foram as primeiras páginas dos jornais desportivos.
Somos assim. Nestes dias, o nosso estado de alma quase dá cabo de um afinado sismógrafo. Na escala de Richter, passámos da euforia descocada alimentada ad nauseam pelas televisões e da sobranceria de artistas endeusados para uma depressão cavada com índices de confiança mais baixos e mais realistas.
Para evitar uma saída limpa, não há como pôr em prática um plano cautelar de emergência. Que cheguem depressa domingo e os States para nos resgatarmos do desastre desta segunda-feira.
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