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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Jovem ficou em cuecas no recreio antes do suicídio Um jovem suicidou-se sábado à noite. Colegas lembram que sexta-feira foi deixado em cuecas no recreio da escola. Responsáveis desvalorizam, mas pároco da aldeia diz que sinais foram ignorados.

Jovem ficou em cuecas no recreio antes do suicídio


Um jovem suicidou-se sábado à noite. Colegas lembram que sexta-feira foi deixado em cuecas no recreio da escola. Responsáveis desvalorizam, mas pároco da aldeia diz que sinais foram ignorados.
 
foto DR
Jovem ficou em cuecas no recreio antes do suicídio
Inspeção-Geral de Educação abriu inquérito
 
Nélson tinha 15 anos. Colocou termo à vida, enforcando-se num pinheiro próximo de casa, em Adaúfe, Braga, na noite do passado sábado. Eram 23.36 horas. Deixou duas cartas: aos pais e à namorada. O que o terá levado ao suicídio não é ainda claro.
"Desgosto amoroso". Esta é pelo menos a tese que o Comando Distrital da Guarda Nacional Republicana (GNR) de Braga aponta para o caso do adolescente. Os militares, confrontados com as notícias tornadas públicas e que apontam para um caso de bullying, dizem que "não há qualquer relação".
No entanto, a Inspeção-Geral de Educação e Ciência abriu um inquérito para apurar o que poderá ter acontecido. O jovem contou à família (e os amigos confirmaram) que, há dias, num intervalo, um grupo de colegas o tinha despido no recreio da escola. "Ele ficou em cuecas, apanhou a roupa, vestiu-se e foi para as aulas sem dizer nada", recordou um colega de turma que relatou, posteriormente, a situação a um professor.
Fausto Farinha, diretor do Agrupamento de Escola Sá de Miranda onde está integrada a EB 2/3 de Palmeira, desmente a existência de "bulliyng". "Não falei com ninguém da comunicação social e fico espantado com o que foi noticiado. Este é um momento doloroso para a família e do foro privado. A escola apenas está a tomar as respetivas diligências num caso destes e que envolve o falecimento de um aluno", afirma o responsável, desmentindo que esteja a decorrer um "inquérito de bullyng".
Fausto Farinha, que já apresentou as condolências à família, apenas revela a existência de um incidente com o aluno no dia 9. "Uma brincadeira dentro da escola", diz o diretor do agrupamento, sem revelar que tipo de situação. "Compete às autoridades investigar", diz.
O pároco de Adaúfe aponta o dedo à escola (ver texto na página seguinte), dizendo mesmo que a instituição tinha conhecimento que o jovem "era constantemente maltratado e que os responsáveis do estabelecimento de ensino não valorizaram os sinais de alerta". Sem comentar o caso em concreto, a Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) recomenda que se aposte na prevenção.
Contactada pelo JN, a presidente da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco, de Braga, recordou que "a criança teve aberto um processo, entre março e setembro de 2012, relacionado com problemas familiares", Amélia Pereira afirmou, todavia, que "não foi sinalizado bullying".
De acordo com GNR, a EB 2/3 de Palmeira era acompanhada com regularidade pelas autoridades. "Associação de pais, professores e alunos não apontam qualquer referência para casos do bullying naquele estabelecimento de ensino", confirma mesma fonte.
As cartas, encontradas no interior de casa, uma dirigida à namorada em tons de despedida, e outra aos familiares de Nélson Antunes sinalizando onde podiam encontrar o corpo, foram entregues ao Ministério Público que, e até ao momento, não está a investigar o suicídio do adolescente.

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