As revelações de Manuel Monteiro sobre Paulo Portas
Manuel Monteiro deu uma entrevista à SÁBADO que devia ser lida, obrigatoriamente, por Pedro Passos Coelho. Assim, talvez o primeiro-ministro perceba melhor com quem está a lidar, quando conversa e negoceia com o líder do outro partido da coligação de governo. Diz Manuel Monteiro:
“Hoje, com o distanciamento do tempo, tenho de admitir que eu não estava preparado [para a ascensão de Paulo Portas]. Era o único hiperaplaudido nos comícios e comecei a partilhar o palco com ele. Mas houve outras questões. Antes das minhas intervenções em comícios e conferências, eu falava com três ou quatro pessoas e, evidentemente, como Paulo Portas. Passou a acontecer isto: nós íamos para os comícios e, como eu era o presidente do partido, falava em último. O Paulo Portas falava antes de mim e dizia o que era suposto ele dizer e o que era suposto ser dito por mim.
Mas não combinavam os discursos?
Sim, mas ele entusiasmava-se, sabe? Quando ele se entusiasmava [ri-se] e acabava de falar… bom, começa aí a história de “o Monteiro não sabe falar”.
Falou com ele sobre isso?
Ele dizia que se tinha entusiasmado e que nós devíamos ser muito firmes porque a comunicação social ia tentar dividir-nos e que nós tínhamos de ser imunes a isso, etc., etc. Mas comecei a não combinar as coisas e a aparecer nos comícios só depois de ele falar. É a primeira vez que estou a dizer isto. Vou-lhe contar mais uma coisa: na primeira reunião do grupo parlamentar do PP que tivemos em 1995, no Hotel Tivoli, em Sintra, eu achava que o líder devia ser o António Lobo Xavier. O Paulo Portas chegou a essa reunião e disse logo que não sabia o que é que eu tinha pensado, mas que entendia que o líder devia ser o Jorge Ferreira, o meu grande amigo, deixando-me numa situação muito complicada. Não era depois fácil dizer ao melhor amigo que não devia ser ele.
Paulo Portas fez isso de propósito?
Hoje, tenho a firme convicção de que sim.
Com que intenção?
Ele achava que podia controlar o Jorge Ferreira e que seria mais difícil com o Lobo Xavier. Estava completamente enganado: o Jorge Ferreira era muito amigo dele, mas tinha uma lealdade para comigo à prova de bala. Mais tarde, passou-se algo que só poderá um dia ser explícito se for autorizado pelo ex-primeiro-ministro António Guterres.
O quê? Negócios, acordos de bastidores?
Um dia terei esta conversa com o eng.º António Guterres para podermos falar claramente sobre isso. Eu queria fazer acordos políticos com o governo de António Guterres – repare-se que estamos a falar do único governo português, com maioria relativa, que durou quatro anos, entre 1995 e 1999. Quando estávamos a negociar política, percebi que Portugal estava já dominado por interesses, que podem ser legítimos se separados da vida política, mas que passavam por acordos para tomar conta de televisões, acordos que implicavam a nomeação de pessoas do CDS para lugares da administração de empresas públicas, etc.
Paulo Portas esteve por trás disso?
O dr. Paulo Portas nunca, nunca, na minha opinião, se importou muito de afastar essa vertente dos negócios da sua pele, o que, para mim, foi uma surpresa total. O combate que travámos contra o cavaquismo era contra as pessoas que estavam na política para se servirem, para trazerem clientes e negócios para os seus escritórios,e eu apercebi-me de que isso tinha mudado. O PP foi um sonho que podia ter sido algo de ímpar e inovador na vida política portuguesa, mas que se destruiu pela minha zanga com o Paulo Portas.”
Manuel Monteiro deu uma entrevista à SÁBADO que devia ser lida, obrigatoriamente, por Pedro Passos Coelho. Assim, talvez o primeiro-ministro perceba melhor com quem está a lidar, quando conversa e negoceia com o líder do outro partido da coligação de governo. Diz Manuel Monteiro:
“Hoje, com o distanciamento do tempo, tenho de admitir que eu não estava preparado [para a ascensão de Paulo Portas]. Era o único hiperaplaudido nos comícios e comecei a partilhar o palco com ele. Mas houve outras questões. Antes das minhas intervenções em comícios e conferências, eu falava com três ou quatro pessoas e, evidentemente, como Paulo Portas. Passou a acontecer isto: nós íamos para os comícios e, como eu era o presidente do partido, falava em último. O Paulo Portas falava antes de mim e dizia o que era suposto ele dizer e o que era suposto ser dito por mim.Mas não combinavam os discursos?Sim, mas ele entusiasmava-se, sabe? Quando ele se entusiasmava [ri-se] e acabava de falar… bom, começa aí a história de “o Monteiro não sabe falar”.Falou com ele sobre isso?Ele dizia que se tinha entusiasmado e que nós devíamos ser muito firmes porque a comunicação social ia tentar dividir-nos e que nós tínhamos de ser imunes a isso, etc., etc. Mas comecei a não combinar as coisas e a aparecer nos comícios só depois de ele falar. É a primeira vez que estou a dizer isto. Vou-lhe contar mais uma coisa: na primeira reunião do grupo parlamentar do PP que tivemos em 1995, no Hotel Tivoli, em Sintra, eu achava que o líder devia ser o António Lobo Xavier. O Paulo Portas chegou a essa reunião e disse logo que não sabia o que é que eu tinha pensado, mas que entendia que o líder devia ser o Jorge Ferreira, o meu grande amigo, deixando-me numa situação muito complicada. Não era depois fácil dizer ao melhor amigo que não devia ser ele.Paulo Portas fez isso de propósito?Hoje, tenho a firme convicção de que sim.Com que intenção?Ele achava que podia controlar o Jorge Ferreira e que seria mais difícil com o Lobo Xavier. Estava completamente enganado: o Jorge Ferreira era muito amigo dele, mas tinha uma lealdade para comigo à prova de bala. Mais tarde, passou-se algo que só poderá um dia ser explícito se for autorizado pelo ex-primeiro-ministro António Guterres.O quê? Negócios, acordos de bastidores?Um dia terei esta conversa com o eng.º António Guterres para podermos falar claramente sobre isso. Eu queria fazer acordos políticos com o governo de António Guterres – repare-se que estamos a falar do único governo português, com maioria relativa, que durou quatro anos, entre 1995 e 1999. Quando estávamos a negociar política, percebi que Portugal estava já dominado por interesses, que podem ser legítimos se separados da vida política, mas que passavam por acordos para tomar conta de televisões, acordos que implicavam a nomeação de pessoas do CDS para lugares da administração de empresas públicas, etc.Paulo Portas esteve por trás disso?O dr. Paulo Portas nunca, nunca, na minha opinião, se importou muito de afastar essa vertente dos negócios da sua pele, o que, para mim, foi uma surpresa total. O combate que travámos contra o cavaquismo era contra as pessoas que estavam na política para se servirem, para trazerem clientes e negócios para os seus escritórios,e eu apercebi-me de que isso tinha mudado. O PP foi um sonho que podia ter sido algo de ímpar e inovador na vida política portuguesa, mas que se destruiu pela minha zanga com o Paulo Portas.”
Manuel Monteiro deu uma entrevista à SÁBADO que devia ser lida, obrigatoriamente, por Pedro Passos Coelho. Assim, talvez o primeiro-ministro perceba melhor com quem está a lidar, quando conversa e negoceia com o líder do outro partido da coligação de governo. Diz Manuel Monteiro:
“Hoje, com o distanciamento do tempo, tenho de admitir que eu não estava preparado [para a ascensão de Paulo Portas]. Era o único hiperaplaudido nos comícios e comecei a partilhar o palco com ele. Mas houve outras questões. Antes das minhas intervenções em comícios e conferências, eu falava com três ou quatro pessoas e, evidentemente, como Paulo Portas. Passou a acontecer isto: nós íamos para os comícios e, como eu era o presidente do partido, falava em último. O Paulo Portas falava antes de mim e dizia o que era suposto ele dizer e o que era suposto ser dito por mim.Mas não combinavam os discursos?Sim, mas ele entusiasmava-se, sabe? Quando ele se entusiasmava [ri-se] e acabava de falar… bom, começa aí a história de “o Monteiro não sabe falar”.Falou com ele sobre isso?Ele dizia que se tinha entusiasmado e que nós devíamos ser muito firmes porque a comunicação social ia tentar dividir-nos e que nós tínhamos de ser imunes a isso, etc., etc. Mas comecei a não combinar as coisas e a aparecer nos comícios só depois de ele falar. É a primeira vez que estou a dizer isto. Vou-lhe contar mais uma coisa: na primeira reunião do grupo parlamentar do PP que tivemos em 1995, no Hotel Tivoli, em Sintra, eu achava que o líder devia ser o António Lobo Xavier. O Paulo Portas chegou a essa reunião e disse logo que não sabia o que é que eu tinha pensado, mas que entendia que o líder devia ser o Jorge Ferreira, o meu grande amigo, deixando-me numa situação muito complicada. Não era depois fácil dizer ao melhor amigo que não devia ser ele.Paulo Portas fez isso de propósito?Hoje, tenho a firme convicção de que sim.Com que intenção?Ele achava que podia controlar o Jorge Ferreira e que seria mais difícil com o Lobo Xavier. Estava completamente enganado: o Jorge Ferreira era muito amigo dele, mas tinha uma lealdade para comigo à prova de bala. Mais tarde, passou-se algo que só poderá um dia ser explícito se for autorizado pelo ex-primeiro-ministro António Guterres.O quê? Negócios, acordos de bastidores?Um dia terei esta conversa com o eng.º António Guterres para podermos falar claramente sobre isso. Eu queria fazer acordos políticos com o governo de António Guterres – repare-se que estamos a falar do único governo português, com maioria relativa, que durou quatro anos, entre 1995 e 1999. Quando estávamos a negociar política, percebi que Portugal estava já dominado por interesses, que podem ser legítimos se separados da vida política, mas que passavam por acordos para tomar conta de televisões, acordos que implicavam a nomeação de pessoas do CDS para lugares da administração de empresas públicas, etc.Paulo Portas esteve por trás disso?O dr. Paulo Portas nunca, nunca, na minha opinião, se importou muito de afastar essa vertente dos negócios da sua pele, o que, para mim, foi uma surpresa total. O combate que travámos contra o cavaquismo era contra as pessoas que estavam na política para se servirem, para trazerem clientes e negócios para os seus escritórios,e eu apercebi-me de que isso tinha mudado. O PP foi um sonho que podia ter sido algo de ímpar e inovador na vida política portuguesa, mas que se destruiu pela minha zanga com o Paulo Portas.”
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