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sexta-feira, 19 de julho de 2013

LOULÉ - O Naicinho da Farmácia

Bom dia caros visitantes do “Marafações de uma Louletana”.
Hoje este blog marafado traz-vos um pouco da história de um homem que sempre será querido a Loulé. Inácio Manuel Leal Mendes, conhecido como o Naicinho, será sempre lembrado pelo seu altruísmo e dedicação ao próximo.
Inácio Manuel Leal Mendes nasceu em Loulé, no dia 21 de Dezembro de 1944.
Completada, com sucesso, a instrução primária, foi com apenas dez anos de idade aprender, com Emídio do Carmo Chagas, proprietário da Farmácia Santos, que se situava no Largo de S. Francisco, em Loulé, as bases de uma profissão que iria abraçar com total empenho e dedicação.
Em finais de 1961, Emídio do Carmo Chagas solicita a transferência da Farmácia para Olhão, fundando, assim, a Farmácia Olhanense, levando para trabalhar consigo o Naicinho.
Corria o ano de 1966, quando foi mobilizado para a Guerra do Ultramar. Foi destacado para a Guiné, com as funções de Cabo Enfermeiro. Algum tempo depois viria a ser vítima de um acidente de viação em serviço, provocando-lhe ferimentos numa das vistas, situação que lhe retirou, quase totalmente, a visão dessa vista. Voltou então à Metrópole para ser recuperado.
Após tratamento no Continente regressa, novamente, à Guiné, voltando a ser vítima de um rebentamento, que provocou ferimentos numa das pernas. Contudo, este infortúnio episódio não o impediu de socorrer, nesse preciso momento, outros camaradas que ficaram em pior estado. Além de revelar a têmpera de que era feito, esse acto valeu-lhe um Louvor Militar na sua caderneta de serviço.
Em 1968, Emídio do Carmo Chagas decide abrir um Posto de Medicamentos na freguesia de Almancil e, mais uma vez, contou com o Naicinho.
Inácio Mendes dava provas de uma generosidade sem limites e de um altruísmo incansável. Disso são exemplos as inúmeras vezes que pagou do seu bolso medicamentos a clientes amigos que não podiam pagar; ou as frequentes deslocações ao fim de semana, no seu período de descanso, às casas de alguns clientes para lhes administrar injecções, entregar medicamentos, medir tensões arteriais, fazer curativos, etc… Esta singular maneira de agir, quotidianamente, levava a que muitos o considerassem um autêntico “Dr. Lopes dos ajudantes de Farmácia”.
Com espantosa facilidade em fazer amizades, via em cada cliente um amigo, tratando todos de igual forma, do mais rico ao mais pobre.
Devido a problemas de saúde vê-se forçado a apresentar baixa, por diversas vezes, sendo a última em Maio de 2008, terminando, assim, uma colaboração familiar com os seus patrões de sempre. Foram cinquenta e dois anos e meio de uma dedicação incansável, sempre ao serviço dos mais pobres e necessitados.
Uma vida inteira a trabalhar, quase sempre, no mesmo local; e, sempre, para a mesma família, resultaria numa identificação muito forte do Naicinho com a Farmácia Chagas. A Farmácia confundia-se com a Naicinho, e o Naicinho confundia-se com a Farmácia.
Viria a falecer, poucos dias depois de ter completado 64 anos de idade.
Em 2009 a Câmara Municipal de Loulé agraciou o Naicinho com a Medalha Municipal de Mérito – Grau Bronze.
Nota:
1. A fotografia que surge neste post foi “sacada” do blog do SEbastião e o Naicinho, aqui com apenas 16 anos, enverga já a bata que vestiria durante muitos e largos anos ao serviço da sua Farmácia. 

 2. O texto aqui apresentado é da autoria de João Chagas Aleixo. 


Marafações de uma Louletana

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