Estamos muito bem entregues...O que vale é que este país está entregue a uma classe dominante muito competente...Muito competente.
Poderíamos começar pela humanamente inatingível capacidade do ilustríssimo, sapientíssimo e "economíssimo" Dr. Vitor Gaspar. Aliás, a sua enormíssima competência, testemunhada num programa da SIC Notícias, por eminentes personalidades como o "Doutoríssimo" António Borges ou o "Imperial" ministro das finanças da Alemanha, mostra, de forma inequívoca, a altura "espiritual", quase ao nível do "semideus" do intelecto tecnocrático do nosso "encefálico" ministro das finanças. Daí que, a simples e singela sabedoria popular não atinja a assombrosa magnanimidade das suas previsões económicas.
É que vos está aqui a falhar algo...Não são as suas previsões que falham...Tal reservatório de massa cinzenta, a transbordar pelos olhos afora (daí as olheiras descomunais), jamais erraria numa previsão económica. O erro não está acessível a tal eminência. Quem possui o abono dos deuses (mercados, investidores, financiadores, Borges e Cia) jamais veria a sua obra maculada pelo humano erro. Assim, meus caros, o que falha é a realidade. Essa desgraçada da realidade que insiste em questionar e pregar partidas aos deuses. Logo, demitir o semideus Gaspar é um facto só praticável pelos próprios deuses. Não seria um simples saltitão orelhudo que seria capaz, por muito que esperneasse, de afastar o filho de Zeus do poder luso. Simplesmente, esse acto está-lhe interdito, devido à sua simplória natureza humana de baixa qualidade (ainda por cima). Aliás, esse ser nem ao Olimpo foi - leia-se Bilderberg.
Assim, meus caros, a realidade insiste em desmentir as olímpicas previsões Gasparianas. Temos de mudar a realidade, porra. Não há dúvida que, neste aspecto, estamos muito bem entregues. Como vos digo, estamos com deus...Ou será antes semi deus?
Bem, mas a elevação craniana da nossa elite não se esgota na incontestabilidade da infalibilidade do "realmente" traído Vitor Gaspar. Não, o nosso canto está florescente de crânios assim. No outro dia foi São Belmiro de Azevedo, homem de elevadíssima estatura intelectual, homem de uma capacidade de empreendimento invejável, homem imparável na construção da sua riqueza, que veio dizer: "Não se podem pagar salários de crânios a pessoas sem capacidade". Pois é.
Na qualidade de crânio, vazio ou cheio, não sabemos, São Belmiro achou por bem justificar a aparente torpe, inescrupulosa, imoral, indigna e inumana exploração a que remete os trabalhadores (serão colaboradores?) do seu império financeiro. Pois é...eles não são crânios. Serão seres invertebrados? Serão seres sem cabeça? E os micro-empresários que ele destrói diariamente, com as suas jogadas oligárquicas? Também serão descabeçados? Está, pois, justificada a capacidade de São Belmiro para a iníqua exploração que faz de todos os "descabeçudos" que lhe aparecem à frente. É uma questão de ter ou não ter crânio. Aliás, aqueles que o têm, quando se lhe atravessam à frente depressa podem ficar sem ele. Sim...porque se eu trabalhasse com um ser destes já tinha perdido, há muito tempo, a minha cabeça. Depois...estaria condenado ao efeito "quinhentinho".
Aliás, a capacidade de São Belmiro para pagar "quinhentos" a todo e qualquer descabeçudo, ou a propensão que revela para cortar o crânio a todo o cabeçudo que, armado em ser humano, lhe aparece à frente, em termos de santidade, coloca-o ao nível, por exemplo, de Santiago. Este Santo era conhecido por, nas suas aparições, matar tudo o que era muçulmano. E São Belmiro? Bem, façamos a justiça de dizer que, para ele, tendo dinheiro ou sendo explorável, não interessa ser muçulmano. Qualquer coisa serve para a sua sede de enriquecimento à conta da trituração de seres humanos. Ah! Grande "Chefe" da Comissão de Trabalhadores da Sonae. No que a este concerne, estamos, também, muito bem entregues. Explora aqui e não paga impostos na holanda. Homem de princípios profundos. Quando abraça um principio, perde-o logo na profundidade da sua ganância. Se o Gaspar é o deus da previsão económica, este é o deus da ganância desmedida. Tão desmedida que defende os nossos baixos salários, quando, o seu negócio é vender-nos coisas. Pois é...mas a ganância de explorar, à partida, os trabalhadores, é maior do que a crença que possui, de que o retorno, com salários dignos, lhe seria altamente favorável. E depois dizem que é um ser com visão e capacidade de empreendimento. Só se a cegueira, agora, também for uma coisa boa!
Mas, a lista de capacitados semideuses aos quais o pais está entregue está, obviamente longe de acabar. A lista é imensa, a sua capacidade, competência, rigor, honestidade, virtuosismo, lisura, transparência e dignidade são tais que, tais qualidades são, por exemplo, bastante comprováveis a vários níveis. Em quais? No estado do país, por exemplo. Afinal, a dimensão, poder e influência dos nossos grupos económicos só é comparável à utilização que fazem do trafico de influências, da corrupção e da utilização de "crânios", que por o serem, segundo São Belmiro, justificam amplamente o pagamento principesco. Esta estratégia tem funcionado de forma muito eficaz...sem dúvida. Para Elite, não para o povo. Claro.
A ultima das "competências" divinas, pagas a peso de ouro com os impostos de quem trabalha, foi a do processo judicial que o Governo Português interpôs contra os antigos membros da fraude BPN.
Então não é que, aqueles escritórios de advogados, ilustríssimos, eminentíssimos, polidíssimos e riquíssimos, pagos com milhões de euros anuais (os pareceres chegam a custar dois milhões de euros), entregaram o processo no tribunal errado? Sabe, o que aconteceu? Os arguidos foram absolvidos da instância. O que quer isto dizer? Que o processo tem de voltar ao início, no tribunal correcto.
Quem cometeu o erro? Judice? Vitorino? Não sei. Sei que agora a culpa irá para o desgraçado de um advogado estagiário que trabalha de graça, de dia e de noite, enquanto estes senhores enchem todos os seus orifícios com o ouro pago com os nossos impostos.
O mais grave? É que os custos com processos destes, feitos propositadamente para não chegarem a lado nenhum, são pagos por todos nós. E depois...depois ainda temos que levar com estes tipos na televisão a dizerem que temos de fazer isto e aquilo. É preciso não ter lata nenhuma...
Agora, depois destes singelos exemplos, aconselho o seguinte:
- Continuem caladinhos e não participem em acções colectivas de combate ao governo
- Continuem a levar com eles a lamentarem-se de que eles não vos respeitam
- Continuem parados e letargcos sem fazerem valer as vossas opiniões
- Continuem a nõ exercer os vossos direitos e liberdades democráticas
- Continuem a achar que a dignidade, o progresso e o desenvolvimento cai do céu e não é preciso trabalhar para isso
- Continuem a achar que o caminho é o seguidismo e o politicamente correcto
- Continuem a achar que aqueles que, mesmo assim, se conseguem desprender das amarras da opressão económica e social, para encetarem processos de contestação, não passam de um bandod e oportunistas
- Continuem a achar que isto é tudo igual e que anadm todos ao mesmo e que, portanto, não vale a pena fazer nada
- Continuem a comprar coisas ao São Belmiro e outros que tais, esquecendo-se que estão a alimentar os seus meios de domínio sobre o país
- Continuem a não aplicar critérios de ética social e humana ao vosso consumo individual, pensando que não vale a pena escolher ou que isso é muito dificil
- Continuem a achar que, cada um de nós vale muito pouco e o que pode fazer não vale de nada
Porque, a verdade é que, todos valemos muito. Porque hoje em dia temos meios extremamente eficazes de fazer valer as nossas opiniões e de denunciar as iniquidades que vemos. Porque hoje em dia podemos diversificar as fontes de informação ao ponto de identificarmos as farsas que a elite dominante nos quer enfiar pelos olhos adentro. Porque um homem sem liberdade é um escravo. E o pior escravo é aquele que escolhe sê-lo porque se imiscui de exercer, em cada momento, em cada dia da sua vida, a sua liberdade.
Pela liberdade individual realiza-mo-nos pessoalmente. Pela liberdade colectiva emancipa-mo-nos enquanto povo, enquanto espécie. Deixem-se de tangas e de tretas. O caminho faz-se andando e em democracia somos todos importantes...todos. E essa é a unica forma de afirmar-mos em cada momento a igualdade de todos os seres humanos. Não lhes podemos dar descanso. Não devemos dar-lhes descanso. É imperioso que não lhes dê-mos descanso.
A marcha da história é das massas. Foi assim, sempre que a elite iluminada, vendeu o país ao estrangeiro. Nesses períodos, foi sempre o povo que deu o corpo ao manifesto. Estão à espera de quê? Mais precisamente?
À luta
Deuses intestinos - um olhar diferente para a realidade
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