Semanada

Semanada

Influenciado pelos chineses, gente com quem Passos Coelho partilha a intimidade desde que lhes vendeu a EDP a troco de uns chapéus-de-chuva, o nosso grande timoneiro, o maior político português do século XXI e o mais inteligente primeiro-ministro que Portugal já teve, adoptou para Portugal o sistema chinês de um país dois sistemas. A partir de agora o ensino obrigatório é gratuito de segunda a quarta e pago quinta e sexta, Passos Coelho só ainda não decidiu o que fará no sábado e domingo, dias em que em nome da produtividade e para acabar com a burrice o Álvaro ainda se poderá lembrar de sugerir que hajam aulas, até porque assim os pais ficarão livres para trabalharem mais dois dias à borla. Depois deste modelo de propinas defendido por Passos Coelho ao longo desta semana aguarda-se que ele diga em que dias há SNS ou os dias da semana em que podemos pedir ajuda à PSP ou ligar para a Securitas.

   

Cavaco Silva continua calado o que, convenhamos, é uma bênção para o país, a últimas vezes que disse alguma coisa merecedora de ser ouvida foi quando se pronunciou sobre o ar feli das vacas da Graciosa. Ora, se nenhuma medida orçamental afecta o bem-estar e felicidade das vacas da Graciosa não há qualquer razão que justifique o envio do OE para o Tribunal Constitucional.

   

Já se sentem as reformas na Justiça e a promessa da ministra da Justiça (o que será feito da linda ministra que aprece ter desaparecido, ter-se-á juntado ao Portas e foi como voluntária para a Marinha e assentado praça nos submarinos?), até aqui a nossa Justiça acusava os cidadãos na praça pública e condenava-os sumariamente, sem advogados ou qualquer direito de defesa. Com o caso Medina Carrera ocorreu um grande progresso, o “arguido” teve direito a defender-se e a mandar a Justiça à fava e no dia seguinte foi inocentado.

   

A refundação do país corre a bom ritmo, ainda o Passos Coelho não sabe em que dias cobrará propinas no ensino obrigatório e o Relvas não só já refundou a direcção de informação da RTP como se prepara para refundar o capitalismo no sector da comunicação social com a privatização de 49% da RTP. 

   

Mas não foi na Justiça que se observaram grandes progressos no país, o desemprego que até aqui era elogiado como estímulo à procura de conforto no estrangeiro começou a preocupar o governo. O sôr Álvaro dos pastéis de nata que nunca se incomodou com o aumento exponencial do desemprego, que nunca questionou a política destrutiva do seu amigo Gaspar, anda agora muito preocupado com o risco de despedimentos. Mas não por causa do aumento brutal de impostos ou da recusa dos investidores de apostar num país governado por loucos, o grande perigo para o emprego é a greve dos estivadores. Já há quem fale na lei e eis que o Gaspar vai ter mais um argumento para a sua refundação nacional e transformação do Estado num novo Estado Novo, o direito à greve é um perigo para o país e a prova está aí, a greve dos estivadores é a grande culpada para o falhanço da sua política e a causa de todos os desvios colossais que ele vai descobrir nos próximos meses.

   

Se os estudantes portugueses fossem rapazes certinhos como o primeiro-ministro, jovem exemplar que até estudou mais tarde por ter de trabalhar, iriam em romaria a São Bento para agradecer ao primeiro-ministro por os ter salvo do Serra.

O jumento