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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012


O gozo


É difícil imaginar o que estará a passar-se na cabeça de Paulo Portas, apenas sabemos que intelectualmente o líder do CDS deixa Pedro Passos Coelho a um canto, que como político não só é um sobrevivente como sabe eliminar os que se lhe atravessa no seu caminho. Neste jogo de xadrez em que se está transformando o relacionamento entre Portas e Passos Coelho o líder do CDS tem levado a melhor.
   
Portas fez uma abertura melhor, os seus ministros ficaram com pastas de grande importância, o próprio ficou com uma pasta onde é tradição os titulares ficarem com boa imagem junto da opinião pública, alargou a sua esfera de influência à custa do esvaziar das competências da “vedeta” que Passos Coelho foi buscar ao Canadá para a pasta da Economia, uma pasta importantíssima que foi esvaziada.
   
O nível intelectual da abertura de Passos Coelho está no patamar do principiante, convencido de que o Vítor Gaspar era um discípulo dos deuses germânicos apostou tudo nas suas teses extremistas. Acabou por ultrapassar a fase da abertura com as suas peças mal colocadas e algumas à beira de serem perdidas, o Relvas é uma torre fora da protecção dos peões, bispos e cavalos. O Álvaro tem-se portado como um cavalo fora do sítio e o Miguel Macedo é outro cavalo no meio deste tabuleiro. As peças de Paulo Portas têm jogado melhor e estão melhor posicionadas.
   
A estratégia de Paulo Portas tem sido inteligente, deixa a iniciativa aos inexperientes e vaidosos do PSD, tem-lhes “metido uma palhinha no rabo” e os rapazes incharam ao ponto de fazerem asneiras sucessivas. Convencido de ter o líder do CDS na mão Passos Coelho chega ao ponto de quase o humilhar, fez chantagem para o calar na questão do OE e fez questão de o rebaixar quando disse que Vítor Gaspar, a maior desgraça deste governo, era o seu número dois.
   
Sem o apoio de Portas o PSD nunca teria a maioria, reduzir um parceiro de uma coligação governamental ao estatuto de figura decorativa, realçando que é o nº 3 e ignorando o seu estatuto de líder do outro partido da coligação foi mais uma ofensa que põe em causa a dignidade de Paulo Portas. O líder do CDS engoliu a primeira com o argumento do interesse nacional, mas gente como Passos Coelho pensa que não há diferença entre estar no governo e ir beber uns shots a uma discoteca e não resiste à tentação de gozar.
   
O que Passos fez foi gozar com Paulo portas, dizer-lhe que é insignificante. Passos Coelho está convencido de que pode usar a crise que ajudou a agravar-se em seu favor, a estratégia do n.º 2 parece ser afundar o país para o forçar a aceitar todas as suas teses extremistas e não resta a Paulo portas outra saída senão sujeitar-se a tudo em nome do interesse nacional.
    
Só que o país não é uma discoteca e a democracia é mais forte do que Passos e Gaspar pensam, não há nada mais fácil de conseguir neste país do que encontrar economistas mais competentes do que o Gaspar ou políticos mais inteligentes do que Passos Coelho. Passos Coelho é um péssimo jogador, não percebeu a abertura e o meio do jogo de Paulo Portas e convencido de que podia gozar com o líder do CDS ensaiando um cheque pastor vai pagar esse gozo muito caro. Neste momento Paulo Portas tem todas as condições para começar a preparar um cheque mate a Passos Coelho, fazendo-o engolir as humilhações, os atentados à dignidade e o que tem gozado de Portas.

O jumento

1 comentário:

Unknown disse...

Passos Coelho é tão estupido! Mas é bom que Portas o faça cair do cavalo; governar não é colar cartazes,Passos Coelho não é suficientemente inteligente para perceber..Mordam-se...