O Concerto Promenade de sexta na Festa do Avante!
Texto de Manuel Jorge Veloso
Diversa e multifacetada que é, quanto às ofertas musicais que proporciona a quem a visita, a Festa do “Avante!” tem-se tornado desde há anos, nas noites de sexta-feira e a pretexto da abertura dos espetáculos no Palco 25 de Abril, um local de encontro dos amantes da música erudita e afinal de todos os visitantes que, não o sendo por hábito, nela acabam por descobrir os insondáveis prazeres da audição da Grande Música.
A iniciativa de promover estes concertos radicou sempre, aliás, numa perspectiva político-cultural mais geral que tão-só consiste, por parte da organização da Festa, em tornar as várias modalidades e expressões da cultura e do espetáculo abertas às grandes massas de público que todos os anos frequenta a Quinta da Atalaia, segundo princípios não elitistas e com resultados claramente positivos e transversais em termos de classe, género, idade, experiência e formação profissional ou académica.
Se recordarmos, mesmo genericamente, o que têm sido os conteúdos dessas grandes noites musicais, concluiremos que, pelo Palco 25 de Abril, têm passado peças sinfónicas ou de câmara; obras orquestrais e concertos para instrumentos solistas; aberturas, intermezzi e árias de ópera; música “pura” ou música “funcional”, ou seja, composta em função de outras artes performativas; e até música “programática”, tendo portanto como móbil a inspiração provocada por um determinado acontecimento histórico ou a passagem de uma dada efeméride com peso de referência.
É assim naturalíssimo que, por maioria de razões, tenha chegado à altura de escolhermos como mote e mesmo como título para o nosso concerto anual a “chancela” dos famosos Concertos Promenade, os velhos Proms, tal como ficaram conhecidos os concertos que anualmente a BBC, serviço público de rádio e televisão britânico, organiza predominantemente no Royal Albert Hall de Londres.
Chamados de Promenade porque evocando os eventos musicais realizados ao ar livre, desde meados do século XVIII, nos grandes recintos públicos e parques citadinos, estes Concertos tornaram-se um acontecimento maior da programação da BBC a partir de 1927 e, depois de uma interrupção provocada pelos primeiros anos da II Grande Guerra, novamente a partir de 1942, agora no interior de amplas salas de concerto mas ainda e sempre proporcionando ao público um ambiente muito descontraído, quantas vezes sublinhando este com a sua espontaneidade e intervenção colectiva certas passagens de peças famosas e de conhecimento geral.
Nada que não conheçamos já, de uma outra forma, da nossa própria Festa!
É esse mesmo espírito de fruição informal mas atenta, tão próprio da vasta plateia ao ar livre frontal ao Palco 25 de Abril, que de novo caracterizará o concerto de arranque da Festa, até porque as nossas escolhas foram desta vez dirigidas para um repertório bem conhecido e de grande êxito popular. (ver caixa)
De regresso à Festa, estará a Sinfonietta de Lisboa, dirigida por Vasco Pearce de Azevedo, estando também em plano de destaque três jovens e talentosos solistas portugueses: Sérgio Pacheco (trompete), Ana Cristina Fernandes Pereira (violino) e Inês Andrade (piano).
alinhamento do espectáculo
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