RTP: “Trabalhadores não são o capacho destes negócios”
Plenário de 600 trabalhadores decide fazer um comité de luta aberto para realizar ações contra o desmantelamento da RTP. Comissão de Trabalhadores destaca a grande participação e diz que estação pública “não pode ser destruída como uma cena de supermercado.”
Trabalhadores desceram a rampa para falar com a comunicação social. Foto de Comissão de Trabalhadores
Mais de 600 trabalhadores participaram do plenário realizado esta tarde nas instalações da RTP, e que foi considerado “um sucesso” por Camilo Azevedo, da Comissão de Trabalhadores, ouvido pelo Esquerda.net. Os trabalhadores decidiram constituir um comité de luta aberto a todos os voluntários que participarão de ações contra o desmantelamento da empresa. No final da reunião, e como a Administração da empresa não permitiu a entrada da comunicação social, “centenas de trabalhadores desceram a rampa e deram entrevistas aos jornalistas na cancela da entrada”, relatou Camilo Azevedo. O realizador reafirmou que “os trabalhadores não são o capacho destes negócios que estão por detrás do desmantelamento da RTP”, insistindo que a estação pública “faz parte do património e da memória dos portugueses e não pode ser destruída como uma cena de supermercado.” A Comissão de Trabalhadores destacou a grande participação dos trabalhadores, e os apoios que tem recebido.
Camilo Azevedo disse ainda que os trabalhadores da RTP sabem que “a sociedade portuguesa está connosco”, o que provocou “esta fuga do ministro Miguel Relvas para Timor, a pretexto de uma suposta visita de Estado”.
“Concessão compromete a existência das outras televisões"
Na primeira parte do plenário, falaram Coelho da Silva, presidente do conselho de opinião da RTP, António Pedro Vasconcelos, realizador e autor do manifesto contra a privatização da RTP, João Lourenço, encenador e vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Autores, Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, e João Proença, secretário-geral da UGT.
Todos se opuseram ao modelo da concessão do serviço público a um privado, anunciada recentemente pelo conselheiro do governo para as privatizações, António Borges.
Para o secretário-geral da UGT, João Proença, o modelo de concessão "compromete a existência das outras televisões", já que promove "uma situação de privilégio à nova televisão e põe em causa o serviço público", questionando “se isto é um puro balão de ensaio para levar à prática privatizar um canal e manter um público".
Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, por seu lado, disse que a sua central não concorda e tudo fará “para combater qualquer tipo de privatização de empresas estratégias, quer nos transportes, quer na Energia ou na Comunicação Social". Para ele, os trabalhadores presentes no encontro, são a "prova evidente de determinação, mas também de grande espírito cívico na defesa de uma empresa que é publica e que quer continuar a melhorar o serviço público, o que é indissociável do desenvolvimento da democracia em Portugal".
Arménio Carlos disse ainda que "esta proposta do governo foi um tiro que saiu pela culatra. A ideia de António Borges mandatado pelo governo era criar uma ideia favorável à privatização e a este negócio de amigos, mas isso não está a acontecer".
Em Londres, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, garantiu que o governo vai estudar "sem tabus" tudo o que se relaciona com "o processo de alienação" da RTP . “Tudo será estudado de forma a habilitar o governo a uma decisão bem informada", disse.
Nova centelha
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