O próximo grande negócio do governo
" Não queriam mais nada?! Aguinha de borla para andar por aí a apagar incêndios?"
Esta pergunta é o ponto de partida para um artigo de Luísa Schmidt, no "Expresso", onde alerta para o que vem aí com a criminosa decisão do governo de privatizar a gestão da água.
Com efeito, conta Luísa Schmidt, depois de a câmara da Azambuja ter privatizado a gestão da água, os bombeiros de Alcoentre viram a factura da água - utilizada para apagar fogos- subir desmesuradamente e de forma incomportável para a corporação.
Os energúmenos guindados ao poder pelo voto popular delapidam os bens públicos deste país,ou entregam a sua gestão aos amigalhaços,com a indiferença própria dos néscios. Os incêndios podem esperar, porque a política deste governo é mesmo a da terra queimada, para que não fique pedra sobre pedra.
Já o escrevi aqui e em vários artigos de revistas: a água é um bem escasso e essencial, que deve ser poupado, cuja posse e gestão não pode ser entregue aos interesses privados. A sua escassez e incapacidade de substituição tornam-na no ouro do século XXI, é já causa de guerras em África e ( acreditava eu antes de conhecer a senhora Merkel ) será a protagonista do próximo conflito mundial.
A ONU alerta há pelo menos duas décadas para a necessidade de uma política sobre a água à escala global. Enquanto todos assobiam para o ar, grandes grupos económicos e financeiros que há já muito perceberam o filão que será a água nas próximas décadas, têm vindo a comprar grandes reservas naturais do precioso líquido em diversos pontos do planeta.
Nos últimos tempos, os protestos das populações têm vindo a aumentar e alguns países já proibiram a apropriação da água por interesses privados mas os iluminados que nos governam, recorrendo ao habitual engenho que os caracteriza, "inventaram" a solução mágica: não privatizamos o produto, privatizamos apenas a sua gestão.
O resultado desta perspicácia está bem patente no exemplo dos bombeiros de Alcoentre, que Luísa Scmidt divulgou no "Expresso".
A mesma lógica da água vai sustentar a concessão do serviço público de televisão, com evidentes prejuízos para a população, mas chorudos benefícios para os beneficiários.
Secundando as perguntas de Luísa Schmidt, pergunto também eu:
A entrega da gestão dos serviços públicos a privados melhora a qualidade dos serviços? Trabalha mais barato? É menos corrupta? Zela melhor pela qualidade do produto e do serviço prestado?Serve melhor os interesses das pessoas? Assegura um abastecimento melhor e uma distribuição mais eficaz?
A privatização de empresas de transportes ou as calamitosas experiências por esse mundo fora da privatização dos serviços postais, respondem claramente: NÃO!
Então porque insistem os nossos governantes em privatizar tudo quanto mexe? Para embolsarem umas boas maquias nos negócios? Essa é a única explicação plausível, assaz demonstrada no escandaloso negócio da concessão do serviço público de televisão, ou na oferta do BPN a Mira Amaral.
Se neste país a opinião pública fosse alfabetizada, o tribunal e a prisão perpétua seria o destino desta gentalha que delapida os bens públicos perante a indiferença da turba.
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