Gasolina – Uma dissertação simplória
Pela enésima vez, aí está mais um aumento da gasolina e do gasóleo. Dizem eles que é “derivado” à instabilidade no Médio Oriente. Pode ser...
A verdade é que, como os clientes não deixam de necessitar do produto, se as margens de lucro se mantiverem... os ganhos dos intermediários são cada vez maiores. Ora deixa cá ver se sou capaz de dar um exemplo simples... a condizer com as minhas capacidades. Para isso não há nada melhor do que recorrer aos produtos hortícolas. Então vá!
De um lado, está o grupo de vizinhos produtores da estimada cebola, pepino, batata, repolho, etc.
No meio, o grupo constituído por todos os intermediários, compradores, transformadores e grandes vendedores a retalho.
Do outro lado, os consumidores finais.
Se os do meio combinarem entre si uma margem de lucro que ande na média dos 20%, isso quer dizer que em cada caixa de produtos que comprem ao grupo dos vizinhos agricultores por cem euros e venderem por cento e vinte, ganham 20 euros.
A dar-se o caso infeliz de os vizinhos produtores entrarem em conflito, se andarem mesmo à estalada e existir a ameaça de os produtos rarearem, ainda que não passe da "ameaça", os preços das hortícolas sobem em flecha. Digamos que cada caixa que custava cem euros, pode passar a custar mil.
Como os consumidores, lá longe do conflito, continuam a fazer questão de comprar os produtos hortícolas, ao mesmo ritmo... e como não há meio de convencer os tais intermediários a prescindirem da sua margem de lucro de 20%, por cada caixa que antes lhes custava cem e vendiam por cento e vinte, agora pagarão mil... para a venderem por mil e duzentos, passando, como que por milagre, de um lucro de vinte para um lucro de duzentos euros, exactamente com os mesmos molhos de brócolos... passe a expressão. Enquanto isso, os produtores das hortícolas gastarão quase todo o dinheiro em armas e segurança, para se defenderem uns dos outros... armas que lhes serão vendidas pelos consórcios de amigos e familiares dos intermediários.
Agora... pensando bem, quem poderá evitar que, a existir algum “arreliador” período de acalmia, ou mesmo alguma tentativa de concórdia entre os produtores, os consórcios dos intermediários não comecem a apostar na desestabilização, semeando a discórdia, enviando uns mercenários para escangalhar umas leiras das hortas, matando o cão de um, a ovelha de outro, a vaca daquele... sempre arranjando maneira de que os vizinhos agricultores ponham as culpas uns nos outros?
E assim ficam garantidos os elevados lucros que a crise, afinal, sempre proporciona a alguns!
Claro que isto sou eu, um simplório, a falar de produtos hortícolas. Na verdade, que diabo é que eu entendo da macroeconomia que está por detrás da formação dos preços dos produtos petrolíferos, ou da geopolítica que explica os conflitos no Médio Oriente?!!!
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