COMBATER TOURADAS EM PORTUGAL É FAZER "CENSURA" CULTURAL?
Dois pequenos partidos politicos portugueses (o Bloco de Esquerda e os Verdes) com assento parlamentar na Assembleia da República, resolveram apresentar uma proposta de abolição das touradas em Portugal, à semelhança do que já sucedeu em Espanha na região da Catalunha onde se considerava inpensável há uns anos atrás.
A discussão sobre o assunto, como sempre, acendeu os ânimos políticos e subiu o tom das palavras cheias de hipocrisia que divide os opositores dos defensores do espectáculo sangrento e violento que nada tem de cultural e a próprio UNESCO classificava na sua Declaração de 1980 do seguinte modo:
"A Tauromaquia é a terrível e venal arte de torturar e matar animais em público, segundo determinadas regras. Traumatiza as crianças e adultos sensíveis. A tourada agrava o estado dos neuróticos atraidos por estes espectáculos. Desnaturaliza a relação entre o homem e o animal, afronta a moral, a educação, a ciência e a cultura"...
Porém, esforçam-se os defensores da Tauromaquia que ela seja classificada pela UNESCO de “Património Cultural Imaterial da Humanidade” no século actual. Oxalá que tal proposta seja rejeitada, em nome duma Civilização que se deseja mais evoluida e culturalmente avançada!
Na verdade, tal como dizia o grande escritor Vitor Hugo, “primeiro foi necessário civilizar o homem em relação ao próprio homem. Agora é necessário civilizar o homem em relação à Natureza e aos animais”...
Mas os politicos/deputados da Nação, quer os do governo ou da Oposição, se unem nos mesmos motivos de rejeitar a ideia de abolir a “Festa Brava” em Portugal e até acham que combater as touradas no país é fazer uma “censura" cultural, além de que afectaria ainda mais a economia, segundo eles. Por essa ordem de ideias também não se devia combater o Alcoolismo, o Tabagismo e outros males da população portuguesa que seguem os mesmos vícios da tradição que dão milhões de euros de impostos para os cofres da Nação.
Enfim, "A corrida de touros é um jogo sujo onde o touro é o único animal honesto", dizia alguém que denuncia o que se passa nos bastidores das Touradas onde o animal é provocado e torturado antes de entrar, já super excitado, nas arenas onde se praticam ignóbeis e tristes cenas.
Está na hora pois de acabar com estes espectáculos medievais nos tempos actuais ou pelo menos limitar suas transmissões televisivas e proibir a entrada de crianças que muitos pais levam para assistir como se fosse algo digno de cultivar em suas vidas. O exemplo de Barrancos é dos piores e mais traumatizantes que o governo devia considerar, pois ali a crueldade atinge o auge do massacre aos touros que são touros em plena praça pública, após uma festa religiosa em nome de “Nossa Senhora da Conceição” que decerto ficaria horrorizada com tudo isso mas a Igreja Católica não se pronuncia, dando até sua ‘benção’.
Até quando estes espectáculos públicos, violentos e sangrentos, são considerados ‘cultura’ pela força da tradição?
Pausa para reflexão!
Rui Palmela
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