Uma pesquisa diz que a transição do pigmento da cor castanho para o azul ocorreu devido a uma única e rara mutação genética, em um indivíduo que viveu na região do mar Negro há cerca de 7000 anos atrás.
Este olho azul provavelmente descendeu de um único ser humano. Pixabay/Domínio Público. |
VAMOS DESCOBRIR...
Os olhos dos vertebrados são bolsas membranosas cheias de líquido, embutidas em cavidades ósseas do crânio, as órbitas oculares.
A maioria dos animais apresenta células sensoriais que percebem luz, denominada fotorreceptores. Na maioria dos casos, os foto receptores estão concentrados em órgãos especializados na percepção de estímulos luminosos: os ocelos e os olhos (AMBIS & MARTHO, 1998).
A EVOLUÇÃO DO OLHO HUMANO
Os olho humano, e também em primatas, existem três pigmentos coloridos que produzem um sistema tricromático completo, mas secundariamente derivado. Geneticamente nos macacos, uma duplicação gênica (mutação) em um pigmento sensível a comprimentos de onda longos adicionou um terceiro pigmento aos dois dos outros mamíferos, formando, dessa forma, uma visão colorida baseada em um sistema tricromático de cores, consistindo aproximadamente nos cones violeta/azul (425nm), verde (530nm) e laranja (560nm).
Isso confere aos humanos uma notável percepção de cerca de dois milhões de cores. Por que tal acuidade e gama de cores teriam evoluído nos primatas é controverso. Alguns sugerem que adjudava a reconhecer frutas maduras (mudança na cor) nas densas florestas ou uma fêmea no estro (intumescimentos púbicos maiores) dentre o grupo (KARDONG, 2011).
Qualquer que seja o valor evolutivo, a visão tricromática surgiu nos primatas ancestrais e é por isso que nós, como humanos evoluindo dentro deste grupo, temos tal visão em cores relativamente boa (as aves são ainda melhores).
Caçadores que usam chapéus e roupas de cor laranja ou vermelha facilitam para outros humanos os visualizarem e identificarem, mas os animais dicromáticos caçados são incapazes de ver cores contrastantes nas regiões verde, amarela e vermelha do espectro, o que torna o enfeitado caçador de vermelho/laranja facilmente visível para os olhos humanos, mas difícil de ser visto para os mamíferos caçados (KARDONG, 2011).
OS DESCENDENTES DE OLHOS AZUIS DE UM ÚNICO HUMANO
As pessoas que compõem o seleto grupo de seres humanos que possuem olhos azuis podem começar a se identificar ainda mais entre si, uma pesquisa feita com DNA mitocondrial revelou que todas elas possuem um certo grau de parentesco, mesmo que muito distante.
A conclusão surgiu de um extenso levantamento realizado pelo geneticista dinamarquês Hans Eiberg, no qual percorreu países como Turquia, Jordânia e Dinamarca estudando os genes de pessoas com olho azul. Ele descobriu que uma única mutação genética deu origem à pigmentação, e ainda foi capaz de localizar o evento no espaço e no tempo.
De acordo com o estudo, o primeiro ser humano da história a adquirir esta coloração específica na íris viveu próximo ao mar Negro, por volta de sete milênios atrás, e foi passando a característica adquirida de geração em geração. Talvez isto explique a grande concentração de olhos azuis na Europa e, em especial, no leste europeu. “Uma mutação genética afetando o gene OCA2 em nossos cromossomos resultou na criação de um ‘interruptor’, que literalmente ‘desligou’ a habilidade de produzir olhos castanhos”, explica o pesquisador.
Fonte da imagem: Hype Science. |
O gene controla nossa produção de melanina, pigmento que regula cores como as da pele, dos cabelos e dos olhos de mamíferos. O “interruptor” não bloqueou por completo a criação de melanina (o que levaria ao albinismo), limitando sua presença a pequenas quantidades e dando origem aos olhos azuis. Já as variações em indivíduos com olhos verdes ou avelã ocorreram de forma mais aleatória, o que impossibilita rastrear uma ocorrência única.
Não existe nenhuma evidência que sugira qualquer relação entre a coloração da íris e a saúde de alguém ou sua capacidade de sobrevivência. Originalmente, antes da mutação no gene OCA2, a humanidade toda tinha olhos castanhos. Qual não deve ter sido a surpresa de nossos ancestrais ao admirar, pela primeira vez, a beleza de um olhar azul.
http://www.bioorbis.org
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