Em todo o perímetro do incêndio de Monchique estão a ser registadas "fortes reativações" que, associadas à intensidade do vento, estão a tomar grandes proporções, de acordo com um ponto de situação da Proteção Civil.
A informação, publicada na página de internet da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), e atualizada às 17.35, era nesta hora a única disponibilizada no site pelas autoridades relativamente ao incêndio que lavra em Monchique.
A situação do incêndio da serra de Monchique na zona das termas é de "grande preocupação", disse o presidente do município de Monchique, Rui André. Pouco depois das 18:00, o autarca referiu que na área das termas há hotéis em risco e que uma frente do fogo está a aproximar-se de uma quinta pedagógica do concelho vizinho de Silves.
Sobre as casas afetadas pelo incêndio rural, que deflagrou na sexta-feira, Rui André não deu pormenores sobre o número de imóveis ou a sua utilização, referindo que o balanço não está finalizado.
A Lusa tentou obter esclarecimentos tanto através do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Faro como do posto de comando instalado em Monchique, o que não foi possível. Foram mobilizados para o combate às chamas um total de 1157 operacionais, apoiados por 358 viaturas e 13 meios aéreos.
Ainda de acordo com a informação disponível no site, foram acionados "três aviões Canadair espanhóis", embora a Lusa não tenha conseguido confirmar se esses meios estão efetivamente a operar. A Secretaria de Estado da Proteção Civil anunciou hoje, ao início da tarde, que Espanha disponibilizou dois Canadair. Foram ainda acionados grupos de reforço de Aveiro, Beja, Coimbra, Évora, Leiria, Lisboa, Santarém, Setúbal e Viseu.
Depois de um início de tarde em que o céu estava mais limpo, às 17.30 pairava sobre Monchique uma espessa nuvem de fumo, tornando o ar quase irrespirável, havendo também uma grande quantidade de cinzas a serem projetadas sobre a vila.
Praticamente não se veem moradores nas ruas da vila, sendo apenas notória a azáfama de bombeiros e elementos das forças de segurança.
Uma parte da estrada que liga Monchique ao Pico da Fóia, o ponto mais alto do Algarve, a cerca de oito quilómetros da vila, foi evacuada pelas autoridades devido à aproximação do fogo.
As autoridades estão ainda a fazer uma avaliação de reconhecimento no terreno sobre o edificado ardido no incêndio da serra de Monchique, não havendo ainda uma quantificação precisa de casas afetadas, informou a Comissão Distrital de Proteção Civil de Faro.
Há registo de 25 feridos, um dos quais em estado grave, uma idosa transportada para a Unidade de Queimados do Hospital de São José, em Lisboa, cujo prognóstico é "favorável".
Doze pessoas assistidas
No dia de hoje, houve doze pessoas, todas com ferimentos ligeiros, que foram assistidas até às 16.00 de hoje nos hospitais do Algarve na sequência do incêndio que desde sexta-feira lavra na serra de Monchique, informaram as autoridades de saúde. Em comunicado, a Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve adiantou que, dessas doze pessoas, apenas uma se mantém em observação no Serviço de Urgência da Unidade de Portimão do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA).
A ARS/Algarve disponibilizou uma equipa de profissionais de saúde do Centro de Saúde de Monchique para assistir as pessoas que se encontram no Centro de Apoio à População na Escola EB 2,3 de Monchique, lê-se na nota.
Em articulação com o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), aquele organismo está também a disponibilizar as instalações do Centro de Saúde para que as equipas do INEM possam prestar apoio aos operacionais que se encontram no terreno, afetados pelo cansaço, desidratação, inalação de fumo.
O Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA) disponibilizou ainda uma equipa de saúde mental comunitária para articular o apoio à população em caso de necessidade, lê-se no comunicado.
Situação é “muito complexa” e vai ser uma “noite dura”
Ventos fortes e aumento da temperatura estão a condicionar as perspetivas de controlo das chamas em Monchique
A situação em Monchique mantém-se "complexa", o incêndio é de "grande dimensão" e as próximas horas vão representar uma "noite dura" no combate às chamas. Esta foi a perspectiva transmitida pelo segundo comandante operacional distrital da Proteção Civil de Faro, Abel Gomes, durante um briefing realizado pouco antes das 20h00, depois de uma tarde em que o aparente controlo do fogo na serra de Monchique foi substituido por um cenário de reativações que são justificadas com a mudança das condições meteorológicas, incluindo ventos mais fortes e com frequentes mudanças de direção, além de um aumento da temperatura. Há 24 máquinas de rastro no terreno a apoiar o combate ao fogo.
A prioridade das autoridades continua a ser a de salvaguardar vidas e, de acordo com a informação prestada pela Proteção Civil, habitações em Fóia, Barragem de Odelouca e Cascalheira já foram evacuadas. Desde o início do incêndio, na sexta-feira passada, já foram assistidas 95 pessoas. Informações prestadas indicam que houve hoje 66 pessoas assistidas, nomeadamente por inalação de fumo hoje e, em relação ao ponto de situação anterior, efetuado ao início da tarde desta segunda-feira, há mais quatro feridos, num total de 29 desde que as chamas começaram a lavrar na região de Monchique.
O porta-voz da Proteção Civil indicou não ter recebido qualquer indicação da GNR sobre pessoas eventualmente desaparecidas e é desconhecido o número de casas que foram atingidas pelo incêndio. Desde sexta-feira passada, a área ardida já equivale a mais de metade daquela que foi destruida em 2003, quando a serra de Monchique foi devastada por um incêndio de grandes dimensões.
Página Global
Sem comentários:
Enviar um comentário