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quarta-feira, 8 de agosto de 2018

De Pedrógão a Monchique


Repetiu-se e repete-se o que aconteceu depois de 2003 e 2005. Os governos, PS e PSD/CDS, que se seguiram legislaram, alteraram sobretudo legislação, e deixaram tudo na mesma na Floresta até que chegamos a 2017. Não ter nos anos que se seguiram incêndios florestais com as dimensões de 2003 e 2005 servia para louvar a acção governativa. Até que chegou a prova do algodão, isto é as tragédias de Pedrogão e das Beiras. O mais grave não é a falsidade da imagem que se pretende vender. É que tal posicionamento é o principal bloqueio à tomada das medidas necessárias. Esconde as enormes falhas e problemas da floresta. Disfarça as fragilidades do sistema de combate. Impede que se tomem as medidas necessárias. Oculta a impotência, auto-assumida por opção política, de sucessivos governos. E do actual também.




As chamas cercam a vila de Monchique, num incêndio que dura há mais de 48 horas. O seu «sucesso» estava programado desde 2003.
Depois de Pedrogão e das Beiras era de esperar que alguma coisa mudasse. Nada. Nada mudou de fundamental.
Continuem a falar de vagas de calor. Das alterações climáticas. Da conjura dos madeireiros e de outros inconfessáveis interesses. Do eucalipto. Dos incendiários. Dos bombeiros e meios aéreos.

Continuem a fazer Conselhos de Ministros lá onde arde ou ardeu. Continuem a produzir legislação: leis, decretos-leis, despachos regulamentares e não regulamentares. Criem-se novas comissões de inquérito, temporárias e permanentes, técnicas e políticas. Novos relatórios vão ser produzidos. Constituam-se observatórios dos fogos rurais e florestais. Mudem-se os nomes aos organismos. Baralhem tudo, desencantem um D. Dinis e diga-se, que se fez uma «Reforma da Floresta».

Continuem a fazer propaganda. Continuem a criar a ficção de que se está a responder aos problemas nas matas e zonas rurais do país. Continuem a falar de utilizar desempregados, cidadãos com o RSI (Rendimento Social de Inserção) e de presos nos trabalhos florestais. Não se fazem omeletas sem ovos. Há que investir, e muito. E o Governo (este como os anteriores) pensa que ao contrário dos «incêndios» dos bancos, se vai lá com uns euritos. Que os problemas se resolvem sem meios, sem recursos humanos, sem intervenção pública em força. Sem uma efectiva declaração de guerra à situação da floresta portuguesa, e a tomada de todas as medidas necessárias. Que se vai lá com remendos. E propaganda. Muita propaganda.
Sobre o que consta da legislação e não se concretizou. Sobre o que se exige ao pequeno agricultor e não se impõe à Brisa, CP/IP, EDP e companhia.
Continuem a falar da responsabilidade da pequena propriedade florestal, sem avançar um cêntimo no investimento nas bouças e matas da pequena propriedade. Continuem a fazer alterações sobre alterações nos PROF – Planos Regionais de Ordenamento Florestal. Façam de conta que não existe o ICNF, Áreas Protegidas, secretarias de Estado e um Ministério da Agricultura e um Ministério do Ambiente.

Alguma coisa de novo. Não. Tudo velho. Tudo como dantes, quartel-general em Abrantes.

Repetiu-se e repete-se o que aconteceu depois de 2003 e 2005. Os governos, PS e PSD/CDS, que se seguiram legislaram, alteraram sobretudo legislação, melhoraram um ou outro aspecto do combate, e deixaram tudo na mesma, na Floresta, até que chegamos a 2017! Não ter nos anos que se seguiram incêndios florestais com as dimensões de 2003 e 2005, servia para louvar a acção governativa! Até que chegou a prova do algodão, isto é as tragédias de Pedrogão e das Beiras.

O mais grave não é a falsidade da imagem que se pretende vender! É que tal posicionamento é o principal bloqueio à tomada das medidas necessárias! Esconde as enormes falhas e problemas da floresta! Disfarça as fragilidades do sistema de combate! Impede que se tomem as medidas necessárias. Oculta a impotência, auto-assumida por opção política, de sucessivos governos. E do actual também.
Impede que se assuma com clareza o que não foi feito! Que se diga com total transparência o que falta fazer! Que se assuma que este é um trabalho para anos, e não se compagina com umas limpezas de valetas e a remoção de alguma vegetação junto das habitações – a fraude de uma campanha, que a não se emendar a mão, amanhã vamos todos pagar muito caro! Há que assumir que o balanço desse trabalho tem que ser rigoroso, exacto, concreto, de pormenor! Ora ninguém sabe com rigor o que foi feito. Julga-se que nem o Governo sabe. E que se vão enganando com as lérias que contam uns aos outros e sobretudo às televisões jornais e rádios!

Até que Monchique chegou. Outro nome para Pedrogão. O não morrer gente permite respirarmos de alívio. Algumas mortes já tinham acontecido. Mas foi depois de muitos incêndios sem mortes, que chegou Pedrogão. E depois o 15 de Outubro nas Beiras.


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