A política e a batata frita
por Amato
Há três tipos de pessoas, no que às batatas fritas diz estrito respeito.
Há aquelas que gostam de batatas fritas e só comem batatas fritas, pois, mesmo que eventualmente não morram de amores por elas, consideram que não há melhor forma de confecionar a batata do que fritando e nenhum outro alimento fornecerá níveis de satisfação e saciedade semelhantes. Assim, passam uma vida inteira a ingerir convictamente batatas, e apenas batatas, na sua variante frita.
Depois, há aquelas que gostam de batatas fritas e consideram os seus méritos, mas apreciam também outras formas de confeção da batata, isto é, conferem algum relevo à batata assada, a murro, à batata cozida e até mesmo ao puré de batata. Bem vistas as coisas, são pessoas que, tais como as do primeiro grupo, também só comem batatas, fazendo, todavia, questão de variar a forma como as ingerem.
Finalmente, consideremos as pessoas, verdadeiramente revolucionárias no que à batata frita diz respeito, que creem que a batata frita e a batata per si são extremamente redutoras no contexto do hidrato de carbono de uma alimentação saudável. Com efeito, consideram também o arroz, a massa, assim como leguminosas importantes como o feijão, a lentilha, a ervilha e o grão de bico.
Assim como relativamente à batata frita, também a política pode gerar semelhante divisão da população. Na minha ótica, o nosso problema assenta no facto de termos demasiados indivíduos pertencentes ao primeiro e ao segundo grupo de pessoas. Normalmente, ao primeiro grupo chamamos de “direita” e ao segundo de “esquerda”, mas isto são apenas meras designações. São pessoas que concordam com o essencial que é comer batata e comer batata a vida inteira, seja ela frita ou de outra forma qualquer, e não consideram alternativas. Perdão: na frase anterior troque “batata” por “capitalismo” e “frita” por “selvagem” ou “liberal”, que é menos agressivo. Assim, compreende-se melhor.
Faltam pessoas do terceiro grupo, verdadeiros revolucionários, que ousem imaginar, sonhar com outras formas, com outros modelos políticos! E que não temam fazê-lo! É fundamental fazê-lo. A estes por convenção chamamos de “radicais” ou “comunistas”. Sem estes, estamos condenados à estagnação, à autofagia e à implosão da humanidade.
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