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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

ESPECIAL "MADRE DEUS"







Madredeus, grupo português de grande projeção mundial que se tornou amado por composições que combinam influências da música tradicional portuguesa com a música erudita e com a música popular contemporânea, desde os primórdios erroneamente tratado como uma formação dedicada ao Fado, sobretudo pela imprensa fora de Portugal — ainda que seus membros nunca tenham se apresentado com este perfil e declarem que carregam “uma aproximação ao espírito musical do fado”. Em 32 anos, os Madredeuslançaram 16 álbuns e estiveram em turnê em mais de 50 países – incluindo a Coreia do Norte e um festival de música na Noruega, dentro do Círculo Polar Ártico.

Surgimento

Os fundadores do grupo foram Pedro Ayres Magalhães (guitarra clássica); Rodrigo Leão (teclados); Francisco Ribeiro (violoncelo), falecido em setembro de 2010; Gabriel Gomes (acordeon) e Teresa Salgueiro (voz). Magalhães e Leão tiveram a ideia em 1985, Ribeiro e Gomes chegaram no ano seguinte. Em busca de uma vocalista, optaram por Teresa Salgueiro, a qual encontrava-se como atração numa casa noturna de Lisboa, entoando fados durante encontro informal de amigos. Teresa, então, recebeu convite para uma audição e assim se constituiu o grupo,  ainda sem o nome definido.
Àquela  altura, a proposta era a realização de uma oficina criativa, à qual os músicos levariam ideias e comporiam em conjunto temas e arranjos. Em 1987, o local de trabalho do grupo, o Teatro Ibérico (antiga igreja do Convento das Xabregas, num bairro de Lisboa chamado Madredeus) serviu de estúdio de gravação para mais de 15 temas reunidos à época em um vinil duplo, mais tarde convertido para CD, ao qual batizaram Os Dias da Madredeus. Decidiram, então e enfim, o nome do grupo, cujo caráter inovador logo o levou ao estrelato como um fenômeno praticamente instantâneo de popularidade em Portugal.
O ano do segundo disco, Existir, ficou marcado pelo sucesso de uma das faixas dele, O Pastor, abrindo caminhos para a conquista de público e plateias fora de Portugal. Os Madredeus protagonizaram concertos na Bélgica, palco da Europália — exposição que no ano de 1991 foi dedicada à cultura portuguesa. Outro fato que contribuiu para que os Madredeus se tornassem conhecidos internacionalmente foi a utilização da música O Pastor em filme publicitário na Grécia, à revelia deles. Seguiu-se um disco gravado ao vivo em Lisboa no qual o grupo interpreta canções dos dois primeiros discos e inclui novos temas, um dos quais (Mudar de Vida) com a participação dos guitarristas Carlos Paredes e Luísa Amaro.
Em 1994, Espírito da Paz consolida o reconhecimento do grupo para além de Portugal: o terceiro disco da trajetória atinge o topo das tabelas da Espanha e leva os Madredeus a uma longa excursão que passa, inclusive, pelo Brasil e alguns países do Extremo Oriente. Durante as sessões de gravação de O Espírito da Paz,  na Inglaterra, foi produzido outro disco, que seria editado em 1995. E o cineasta Wim Wenders, impressionado com a música do grupo, convidou-o para assinar a trilha sonora do filme Lisbon Story (no Brasil, O Céu de Lisboa; em Portugal, Viagem a Lisboa), que os músicos também estrelaram, aumentando a projeção internacional do quinteto.

Segunda fase

Em 1995, incorporam-se aos Madredeus Carlos Maria Trindade (substituindo o tecladista Rodrigo Leão) e o guitarrista José Peixoto. Em 1996, saem Francisco Ribeiro e Gabriel Gomes e, em 1997, antes do ingresso de Fernando Júdice (baixo acústico), grava-se O Paraíso. Três anos à frente, o grupo vira atração do concerto de abertura da Expo’98, em Lisboa, ocasião na qual tocaram ao lado do tenor espanhol José Carreras, parceria inusitada que renderia outros encontros futuros.
O ano de 2000 marcou o lançamento do álbum Antologia, com canções de toda a discografia do grupo até então e mais duas inéditas: Oxalá e As Brumas do Futuro, tema do filme de estreia como diretora da atriz portuguesa Maria de Medeiros, Capitães de Abril, sobre a Revolução dos Cravos. Em 2001, Movimento torna-se o segundo álbum de estúdio com a nova formação, e depois deste, alguns álbuns experimentais provocaram acaloradas discussões entre fãs e críticos: Electrónico, uma compilação de versões eletrônicas das canções do Madredeus feitas por alguns dos músicos eletrônicos de mais prestígio da Europa, e Euforia, álbum duplo ao vivo com participação da Vlaams Symfonisch Radio-orkest, Orquestra Sinfônica da Rádio Flamenga, da Bélgica.
Em 2004, os Madredeus voltaram ao estúdio, pois já guardavam canções suficientes para dois álbuns: Um Amor Infinito sai dedicado aos fãs de todo o mundo, concomitantemente com Faluas do Tejo, um tributo à Lisboa.

Ano sabático e projetos paralelos

Em 2007 os Madredeus resolveram parar, temporariamente, para curtirem momentos sabáticos. Os integrantes, entretanto, desenvolveram projetos paralelos: Teresa Salgueiro lançou dois álbuns, ambos produzidos pelo colega Pedro Ayres Magalhães, e a dupla José Peixoto e Fernando Júdice criou o grupo Sal unindo-se à voz de Ana Sofia Varela e a percussão de Vicky.
(Os integrantes do Madredeus sempre tiveram liberdade para conduzir projetos paralelos ao grupo: Carlos Maria Trindade, Pedro Ayres Magalhães, José Peixoto e Fernando Júdice atuam frequentemente como produtores musicais. Trindade e Peixoto administravam sólidas carreiras como solistas e José Peixoto e Fernando Júdice projetos conjuntos como o álbum Carinhoso, no qual ambos revisitam o repertório de Pixinguinha com o supracitado grupo Sal.)
Antes do ano sabático terminar, em 28 de novembro,Teresa Salgueiro, Fernando Júdice e José Peixoto deixam os fãs surpresos ao anunciarem que saiam dos Madredeus. Magalhães chegou a declarar à época que o futuro da banda tornara-se incerto e que, na opinião dele, dificilmente seguiria adiante sem a presença da emblemática voz de Teresa.
Após a saída do trio, em 2008 Pedro Ayres Magalhães e Carlos Maria Trindade decidiram não substituírem Teresa, Júdice e Peixoto. Eles lançam Metafonia após celebrarem parceria  com A Banda Cósmica, formada pelas cantoras Rita Damásio e Mariana Abrunheiro, Ana Isabel Dias (harpa), Ruca Rebordão  (percussão), Sérgio Zurawski (guitarra elétrica), Gustavo Roriz (baixo e contrabaixo), Babi Bergamini (bateria) e Jorge Varrecoso como violinista convidado; este último participou apenas da temporada de lançamento do grupo no Teatro Ibérico, sendo substituído pelo violinista António Barbosa, o qual passou a fazer parte efetiva do grupo. 2009 é o ano de A Nova Aurora e 2010 dos Castelos na Areia, que marca o fim do ciclo dos Madredeus com a Banda Cósmica.

A nova cantora do Madredeus, Beatriz Nunes, participou da gravação de Essência e “ganhou” 14 músicas (escritas por Magalhães e Trindade) para o álbum Capricho Sentimental)

Beatriz Nunes

Com o fim da união à Banda Cósmica, dois anos depois, por ocasião da comemoração de 25 anos dos Madredeus, em 2012, Magalhães e Trindade já haviam encontrado substituta à altura da primeira vocalista: uma jovem cuja voz, devido à semelhança de timbres com a antecessora, pode até ser confundida pelos desinformados com a de Teresa Salgueiro. Trata-se, no entanto, de Beatriz Nunes, cantora de formação académica, licenciada em Belas Artes, Canto Clássico pelo Conservatório de Lisboa e Canto de Jazz pela Escola Superior de Música de Lisboa (ESML), que fãs e seguidores tiveram oportunidade de conhecer durante a turnee de Essência, entre 2012 e 2013, divulgando o álbum de comemoração do Jubileu de Prata, disco levado a vários países com reeleitura de todo o repertório editado até aquela temporada. 
Os remanescentes e os novos Madredeus gostaram tanto da nova integrante que em 2015 resolveram lançar Capricho Sentimental, com 14 canções (compostas por Magalhães e Trindade) especialmente para Beatriz cantar, previamente escolhidas e aprovadas pela musa, reputada por ambos como de “alta sensibilidade”. As faixas de Capricho Sentimental ganharam acompanhamento de um novo grupo de instrumentos, constituído por harpa e violoncelo, que se somaram aos habituais, guitarra e sintetizadores.
“Com este novo repertório pretendemos criar uma atmosfera muito variada de melodias cantadas em português, acompanhadas de motivos instrumentais sugestivos e assim preencher o silêncio das salas com a invocação dos sentimentos amorosos da saudade e questões existenciais contemporâneas”, afirmou Magalhães por ocasião da gravação nos Estúdios Saafran, no Montijo, em abril de 2015, por António Pinheiro da Silva e Luciano Barros. Capricho Sentimental foi misturado e masterizado por António Pinheiro da Silva e Pedro Ayres Magalhães no estúdio particular de António Pinheiro da Silva entre junho e agosto de 2015.

Madredeus e os países lusófonos

No Brasil, o grupo ficou conhecido pelo grande sucesso de suas apresentações em casas de espetáculo por todo o país – sempre com lotação esgotada, em que pese a quase ausência das músicas dos Madredeus nas emissoras de rádios – e também por suas apresentações ao ar livre com destaque para os concertos no Pelourinho (Salvador, Bahia/1995); na Praia de Icaraí (Niterói, Rio de Janeiro/1997);  Parque do Ibirapuera (São Paulo) e Praia de Copacabana (Rio de Janeiro/2000), ambas por ocasião das comemorações dos 500 anos de descobrimento do Brasil.
As canções do grupo também já foram tema de diversas produções televisivas tupiniquins, tais como a mini série da Rede Globo de Televisão Os Maias (com as canções MatinalHaja o que HouverAs Ilhas dos Açores e a canção que se tornou o tema de abertura da referida produção televisiva, a emblemática O Pastor). Em outros países lusófonos, o grupo também já se apresentou em Angola, Cabo Verde e Macau.

Membros do Grupo (até 2012)

Teresa Salgueiro/Pedro Ayres Magalhães/Rodrigo Leão/Carlos Maria Trindade/Francisco Ribeiro/Gabriel Gomes/Fernando Júdice/José Peixoto
2012 em diante
Beatriz Nunes (voz)/Ana Isabel Dias  (harpa)/Pedro Ayres Magalhães (guitarra clássica)/Carlos Maria Trindade  (sintetizadores)/Luís Clode  (violoncelo)
 VÍDEO

Discografia

Álbuns de estúdio
Os Dias da Madredeus (1987)/Existir (1990)/O Espírito da Paz (1994)/Ainda (1995, banda sonora do filme Lisbon Story de Wim Wenders)/O Paraíso (1997)/Movimento (2001)/Um Amor Infinito (2004)/Faluas do Tejo (2005)/Essência (2012)/Capricho Sentimental (2015)
Madredeus e A Banda Cósmica
Metafonia (2008)/A Nova Aurora (2009)/Castelos na Areia (2010)
Ao vivo
Lisboa (1992, ao vivo, gravado no Coliseu dos Recreios em Lisboa)/O Porto (1998, ao vivo, gravado no Coliseu do Porto)/Euforia (2002, ao vivo, com a participação da Flemish Radio Orchestra)
Compilações
Antologia (2000, coletânea com duas canções inéditas)/Palavras Cantadas (2001, coletânea direcionada ao público brasileiro e abrangendo o trabalho do grupo entre 1990 e 2000)
Remixes
Electronico (2002) – releitura eletrônica de vários temas do grupo
Videografia
Les Açores de Madredeus (1995) – documentário francês sobre o Madredeus filmado nos Açores, em VHS e DVD/Lisbon Story (1995) (Viagem a Lisboa, Portugal; O Céu de Lisboa, Brasil) – filme escrito e dirigido por Wim Wenders, em VHS e DVD/O Espírito da Paz (1998) – VHS/O Porto (1998) – concerto ao vivo no Coliseu do Porto, em VHS/Euforia (2002) – concerto ao vivo do Madredeus com a Flemish Radio Orchestra, em DVD/Mar (2006) – registo da apresentação do Madredeus e do Lisboa Ballet Contemporâneo, em DVD/Metafonia – Ao Vivo no Teatro Ibérico (2009)
Regravações
As canções do Madredeus têm ganhado regravações feitas por diversos artistas:
A cantora portuguesa Marta Dias gravou O Sonho, do álbum O Paraíso;
A banda portuguesa de heavy metal Moonspell gravou Os Senhores da Guerra, do álbum O Espírito da Paz;
As cantoras brasileiras Zizi Possi e Luiza Possi, bem como o tenor espanhol José Carreras, gravaram Haja o que houver, do álbum O Paraíso. A canção já havia sido registrada em disco, antes do Madredeus, pela banda de rock portuguesa Delfins;
A cantora brasileira Rebeca Mata gravou O Mar, do álbum O Espírito da Paz;
O grupo instrumental brasileiro Quarteto Pererê gravou As Montanhas, do álbum Os dias da Madredeus;
A cantora brasileira Mylene lançou, em 2007, um álbum inteiramente dedicado às canções do Madredeus, com dezesseis temas de diversos álbuns;
A cantora Deo (Deolinda Bernardo) gravou em 2008 o álbum Voando sobre o Fado com 11 temas do grupo.
A espanhola Soledad Gimenez, cantora dos Presuntos Implicados, gravou uma versão em espanhol de Oxalá.
Rodrigo Leão voltou a gravar Terras de Bolonha, em 2006.
O guitarrista do Angra, Rafael Bittencourt, gravou O Pastor em seu primeiro álbum solo, Brainworms I, lançado em 2008.
A banda portuguesa Noidz (Psytrance/Metal) gravou um remix da música O Pastor em 2010


Os títulos das canções de Capricho Sentimental:
  1. Existimos no Céu (Letra e música de Pedro Ayres Magalhães)
  2. Sei Lá (Letra e música de Pedro Ayres Magalhães)
  3. Águas Passadas (Letra e música de Carlos Maria Trindade)
  4. Ouve as Ondas do Mar (Letra e música de Pedro Ayres Magalhães)
  5. Mil Segredos (Letra e música de Carlos Maria Trindade)
  6. Ás Vezes Vem a Tristeza (Letra e música de Pedro Ayres Magalhães)
  7. Ideal d’Amor (Letra e música de Pedro Ayres Magalhães)
  8. O Amor é Sagrado (Letra e música de Pedro Ayres Magalhães)
  9. Luz Rosa Poente (Letra e música de Carlos Maria Trindade)
  10. Pérolas de Sal (Letra e música de Pedro Ayres Magalhães)
  11. A Espiral (Letra e música de Pedro Ayres Magalhães)
  12. A Hora Mais Triste (Letra e música de Pedro Ayres Magalhães)
  13. Depois de Ti (Letra e música de Pedro Ayres Magalhães)
  14. Na Lusitânia (Letra e música de Pedro Ayres Magalhães)
VÍDEO
Faixas e ficha técnica de Essência (letras e música de Pedro Ayres Magalhães)
  1. Ao longe o mar
  2. Amanhã
  3. O pomar das laranjeiras
  4. O paraíso
  5. Palpitação
  6. A sombra
  7. A confissão
  8. O navio
  9. Coisas pequenas
  10. A lira – solidão no oceano
  11. A estrada da montanha
  12. O sonho
  13. Adeus… e nem voltei
Fontes de pesquisa:

barulhodeagua.com



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