Sempre que houve convergência entre o PS, o PSD e o CDS-PP, o País e os portugueses andaram pior – e são mais as convergências de Rio com o seu passado do que as diferenças.
Rui Rio foi entronizado este fim-de-semana como novo presidente do PSD. «Novo» em oposição ao «velho» representado por Passos Coelho e à brutalidade dos quatro anos do seu governo. Mas importa não esquecer que o anterior governo não foi de Passos (nem de Portas), foi do PSD e do CDS-PP.
Se dúvidas existirem, este «novo» PSD nada traz de novo a não ser a dissimulação. Mas é gato escondido com rabo de fora.
Rio partilha da cartilha que sustentou o anterior governo (e outros antes deles), nas suas próprias palavras. Quando diz que não há dinheiro para pensões, ressoa-nos à proposta do PSD e do CDS-PP nas últimas legislativas: cortar 600 milhões de euros nas pensões em pagamento.
Mas Rui Rio recorreu a um truque, o melhor dos truques quando se quer lavar a cara: fazer diagnósticos e evitar avançar com propostas. Das poucas vezes que o fez, saiu-lhe mal. No encerramento do congresso do PSD, depois de um feroz ataque ao Serviço Nacional de Saúde, disse: «pode coabitar um serviço privado (...), o lucro no sector da Saúde não pode ser visto como algo de ilegítimo.»
É assim que podemos entender a disponibilidade deste «novo» PSD para o diálogo, já com «interlocutores» designados para algumas matérias. Mas o diálogo almejado tem alvos identificados: a recuperação, formal ou informal, do «arco da (des)governação».
No entanto, o passado, seja recente ou distante, dá-nos uma certeza: sempre que o PS, o PSD e o CDS-PP se entenderam, foi o País que saiu a perder; foram os trabalhadores que perderam direitos e salários; foram os reformados que perderam pensões; foi o Serviço Nacional de Saúde, a Escola Pública e os serviços públicos que saíram degradados; foram as maiores empresas nacionais que acabaram entregues de mão beijada aos privados.
Os últimos dois anos têm mostrado isso mesmo, cada vez que o PS se coloca ao lado do PSD (como tem acontecido na submissão às ordens de Bruxelas ou na legislação laboral), temos andado pior. Pelo contrário, foi quando o PSD (e o CDS-PP) não contou que se conseguiram recuperar direitos esmagados e outros novos.
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