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segunda-feira, 30 de outubro de 2017

30 de Outubro de 1938: Pânico após a transmissão radiofónica da "Guerra dos mundos", por Orson Welles


Parecia uma noite normal naquele 30 de Outubro de 1938, até que a rede de rádio CBS (Columbia Broadcasting System) interrompeu a sua programação musical para noticiar uma suposta invasão de marcianos. A "notícia em edição extraordinária", na verdade, era o começo de uma peça de teatro radiofónico, que não só ajudou a CBS a bater a emissora concorrente (NBC), como também desencadeou pânico em várias cidades norte-americanas. "A invasão dos marcianos" durou apenas uma hora, mas marcou definitivamente a história da rádio.

Dramatizando o livro de ficção científica A Guerra dos Mundos, do escritor inglês Herbert George Wells, o programa relatou a chegada de centenas de marcianos a bordo de naves extraterrestres à cidade de Grover's Mill, no estado de Nova Jersey. Os méritos da genial adaptação, produção e direcção da peça eram do então jovem e quase desconhecido actor e realizador de cinema norte-americano Orson Welles. O jornal Daily News resumiu na manchete do dia seguinte a reacção ao programa: "Guerra falsa no rádio espalha terror pelos Estados Unidos".

Pânico colectivo

A dramatização, transmitida nas vésperas do Halloween em forma de programa jornalístico, tinha todas as características do rádio jornalismo da época, às quais os ouvintes estavam acostumados. Reportagens externas, entrevistas com testemunhas que estariam a vivenciar o acontecimento, opiniões de peritos e autoridades, efeitos sonoros, sons ambientes, gritos, a emoção dos supostos repórteres e comentaristas. Tudo dava a impressão de o facto estar a ser transmitido ao vivo. Era o 17º programa da série semanal de adaptações radiofónicas realizadas no Radio teatro Mercury por Orson Welles.

A CBS calculou, na época, que o programa foi ouvido por cerca de seis milhões de pessoas, das quais metade o sintonizou quando já havia começado, perdendo a introdução que informava tratar-se do  teatro radiofónico semanal. Pelo menos 1,2 milhão de pessoas acreditou ser um facto real. Dessas, meio milhão teve certeza de que o perigo era iminente, entrando em pânico, sobrecarregando linhas telefónicas, com aglomerações nas ruas e congestionamentos causados por ouvintes apavorados tentando fugir do perigo.

O medo paralisou três cidades e houve pânico principalmente em localidades próximas a Nova Jersey, de onde a CBS emitia e onde Welles ambientou sua história. Houve fuga em massa e reacções desesperadas de moradores também em Newark e Nova Iorque. A peça radiofónica, de autoria de Howard Koch, com a colaboração de Paul Stewart e baseada na obra de Wells (1866-1946), ficou conhecida também como "rádio do pânico".



Precursor da ficção científica moderna

O guião fora reescrito pelo próprio Welles (1915-1985). Na peça, ele fazia o papel de professor da Universidade de Princeton, que liderava a resistência à invasão marciana. Orson Welles combinou elementos específicos do teatro radiofónico com os dos noticiários da época (a realidade convertida em relato).

Herbert George Wells, por sua vez, foi um dos precursores da literatura de ficção científica. O livro A Guerra dos Mundos, publicado em 1898, era uma das suas obras mais conhecidas, tendo Londres como cenário. Ele escreveu num estilo bastante jornalístico e actualizado para a sua época. A transmissão de A Guerra dos Mundos foi também um alerta para o próprio meio de comunicação "rádio".

Ficou evidente que a sua influência era tão forte a ponto de poder causar reacções imprevisíveis nos ouvintes. A invasão dos marcianos não só tornou Orson Welles mundialmente famoso como é, segundo cientistas de comunicação, "o programa que mais marcou a história dos média no século XX".

Fontes: DW
wikipedia (Imagens)
 

Ficheiro:Orson Welles 1937.jpg
Orson Welles

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