E agora, Catalunha?
Há muitos anos estive no país Basco Francês para assistir a uma representação teatral numa aldeia evocando hábitos e rituais religiosos da Idade Média. Alguns já nos conhecíamos de Festivais e há muito que falávamos de Arte e Política. O que era natural, havia poucos anos que tínhamos saído das ditaduras Ibéricas e as lutas por autonomia do país Basco e Catalunha faziam o seu caminho.
Depois de um almoço, eu, Boadella dos Joglars, célebre grupo de teatro Catalão, com resistência que meteu prisões e exílio, e outros camaradas discutíamos essas questões. E como sempre cultivávamos a ironia e a derrisão, avancei com a proposta da União Ibérica… Portugal junta–se à Galiza, colam–se as Astúrias, país Basco, Catalunha, Valência. Andaluzia, Algarve…
Interrompe um camarada de Madrid …e eu, onde fico?
– Não tenhas problema…damos a independência a Madrid…
A verdade é que a linha federalista e até a possível União Ibérica são temas que sempre foram discutidos por vários intelectuais de Portugal e Espanha durante o século XIX.
Mas o século XX não deu espaço para este debate… 2 Guerras Mundiais, Guerra civil de Espanha, ataque dos Estados Unidos e da Nato para destruir a Jugoslávia, etc., etc.
Nunca gostei de avaliar e dar notas a problemas e orientações políticas de outros países. Porque também não gosto que outros se metam na nossa vida.
A situação da Catalunha, abandonando desde há anos o indispensável diálogo e perdendo a oportunidade para discutir com TODAS as COMUNIDADES a possível viabilidade da Federação, tinha de conduzir a um beco de difícil saída.
É pena que a capacidade política de criar unidades e alternativas julgadas impossíveis não tivesse aparecido neste conflito.
Alguns exemplos: Tito criando a Jugoslávia, Ataturk expulsando os sultões e construindo uma Turquia laica e moderna, Dimitrov e as Frentes anti – nazi- fascistas, Chu–en–Lai com a organização mundial dos Países não alinhados…Mandela e o fim do apartheid, etc. etc…
Convém estudar e não esquecer as lições da História.
Hélder Mateus da Costa
Sem comentários:
Enviar um comentário