A Polónia foi dos países que muito sofreu com a Segunda Guerra Mundial. Mais de seis milhões de polacos morreram no conflito, entre 1939 e 1945. A maioria, homens e mulheres comuns, nada tinha a ver com o conflito ideológico que motivou os ataques e a ocupação do país. E, para quem está planeando conhecer a Polónia, visitar um dos maiores símbolos dessa trágica história, o Gueto de Varsóvia, é indispensável.
Criado pelos nazistas, em 1940, o Gueto de Varsóvia era um lugar nada agradável, onde judeus de toda a Polónia foram confinados – veja o mapa. Cercado por muros de tijolos vermelhos, o espaço chegou ter a maior concentração de judeus marginalizados de todo o período da Segunda Guerra. Em seu auge, quase 400 mil pessoas em condições precárias viviam amontoadas dentro de seus muros, em meio a doenças e uma sujeira sem fim.
Depois de serem confinados como animais, os judeus aguardavam o momento de serem enviados aos campos de concentração. Um dos principais destinos da população do Gueto, o campo de Treblinka, ficava a 105 quilômetros de Varsóvia. E, a partir de 1942, ele passou a receber mais e mais judeus que, sem saber, entravam nos vagões do trem em direção a um único destino: a morte. Hoje, sabemos que grande parte dos passageiros era formada por idosos e crianças.
Maldades médicas
Nessa época, já corria na Europa a fama dos experimentos médicos feitos com judeus no campo de Ravensbrück. Naquela estação de horrores, as equipes médicas removiam os músculos e os nervos de pessoas vivas, sem anestesia. A desculpa era entender como os tecidos humanos podiam se regenerar.
No campo de Dachau, as invenções da equipe médica eram piores: a pele dos prisioneiros mortos servia de matéria-prima para bolsas, chinelos e luvas. Se não houvesse mortos suficientes, era só matar mais alguns.
A vida dos judeus valia muito pouco – ou simplesmente nada – para a ideologia nazista. Mas, como sabemos, outros grupos também foram perseguidos por Hitler. O pacote de maldades incluía eslavos, negros, ciganos, gays e Testemunhas de Jeová, mas, entre as minorias, os judeus eram a maioria. No Gueto de Varsóvia eles eram unanimidade.
A revolta de Varsóvia
Dentro do Gueto, homens e mulheres que ainda tinham um sopro de esperança, planejaram uma revolta, uma luta dos judeus contra a opressão nazista. A ajuda vinha de fora, de simpatizantes que infiltravam armas e explosivos no Gueto.
Há inúmeras histórias de polacos que se envolveram com as dolorosas histórias do Gueto de Varsóvia. Uma delas é a de Irena Sendler que resgatou mais de 2.500 crianças, pondo em risco sua própria vida.
Durante os primeiros dias do que ficou conhecido como o Levante de Varsóvia – Powstanie warszawskie, em polonês –, o pequeno exército judeu, formado por pessoas que nunca tinham pegado em uma arma de fogo antes, incluindo crianças, teve êxito. Mas isso só aconteceu porque os nazistas jamais esperavam uma reação dos confinados.
Entretanto, como o poder de fogo do exército de Hitler era infimamente maior, logo a situação foi controlada. Como vingança, em 1943, o ditador alemão mandou exterminar todos os judeus do Gueto e, mais, ordenou que o lugar fosse completamente destruído.
O Gueto de Varsóvia hoje
Durante a reconstrução da cidade, no pós-guerra socialista, vários prédios foram construídos na região onde ficava o Gueto. Os únicos sinais de sua existência são uma pequena parte do Muro do Gueto, que virou um memorial, e o traçado no chão, que podemos ver em algumas áreas da cidade.
Uma grande parte dessa história é contada no Museu do Levante de Varsóvia. Em três andares, ele exibe um incrível acervo sobre esse período histórico, incluindo a recriação de ambientes do Gueto, relatos e histórias de sobreviventes e um vídeo em 3D que mostra como a cidade ficou devastada depois da Segunda Guerra.
Em toda a cidade, vários pontos de memória, sempre identificados com a sigla WP, lembram os mortos do movimento de resistência judeu, o Levante de Varsóvia. Uma visita ao Memorial do Levante de Varsóvia também vai lhe ajudar a entender melhor essa história.
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