«Cavaco Silva acha que a Madeira tem "uma banana maior e mais saborosa". Ao tentar transmitir um elogio, o Presidente da República depreciou um alimento único.
A qualidade única da banana da Madeira baseia-se no seu tamanho reduzido, o que a torna mais sólida quando comparada com as uniformizadas em formato XL. O político que um dia disse que "eu nunca me engano e raramente tenho dúvidas" equivocou-se, mais uma vez. Nada que espante, nestes seus penosos últimos meses como PR. A política não é uma banana. Mas em Portugal parece. (...)
Cavaco parece acreditar que, como o Tio Patinhas, vivemos numa caixa-forte e a nossa piscina, em vez de água, tem dólares ou euros. É uma convicção como qualquer outra. O problema é que todas estas afirmações de Cavaco, desconexas e contraditórias, apenas servem para iludir o óbvio: temos um Governo que não governa. E o PR parece desejoso de, com a sua dilação de decisões, ir desgastando António Costa até que ele possa ser alvo fácil de todas as contradições de um acordo à esquerda.
Cavaco quer vencer pelo cansaço. Acredita que a dilação, o não fazer nada, é a táctica perfeita para domesticar António Costa. Ao contrário de Maquiavel, que recorria à eficiência, à energia política e ao espírito empreendedor, como prática política, Cavaco prefere não tomar decisões. O que, no caso, é uma decisão: favorecer Passos Coelho. Cavaco tenta ser Maquiavel: soube como alcançar o poder e está à procura de saber como há-de manter Passos Coelho no poder. É uma atitude clara: Cavaco não deseja glória, pretende eternizar o poder do seu partido. Mas a ânsia talvez lhe esteja a toldar a razão.»
Fernando Sobralentreasbrumasdamemoria.blogspot.pt
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