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segunda-feira, 30 de novembro de 2015

O povo. Soberano, coitado...




O povo... Sempre o povo, em nome do povo e da sua vontade. Soberano, coitado... Não é só invocar o nome de Deus em vão que deve ser pecado. O invocar o nome do povo em vão também deveria ser pecado. Não diria mortal, daqueles que se resolvem numa confissão com meia dúzia de padres nossos, mas pecado político, cuja absolvição substituisse uns padres nossos e umas avé-Marias por uma penitência de prolongada abstinência de candidaturas eleitorais.
Foi talvez a pensar nisso que os mestres da demagogia política criaram a célebre retórica interrogativa: "Se isto não é o povo, onde é que está o povo"?. 
A questão desarma qualquer um, e encontra sempre um povo à mão para tudo o que der jeito. Lembrei-me disto tudo ao ouvir Paulo Portas dizer que só sabe que não foi pela vontade do povo que "Assunção Cristas, ontem, era ministra da Agricultura e hoje é deputada da oposição, eu ontem era vice-primeiro-ministro e hoje sou deputado da oposição". 


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