"Amigos dos pobrezinhos somos todos, Esquerda deu o que não tínhamos"
Da Esquerda à Direita, Zita Seabra analisa a atual situação portuguesa.
POR NOTÍCIAS AO MINUTO
Zita Seabra, militante do PSD e ex-dirigente do PCP, foi expulsa do Partido Comunista Português por comprar roupa em boutiques e por tomar chá em Versailles. “Acusaram-me disso e de fazer ginástica no Ginásio Clube Português… era o aburguesamento”, recorda, mostrando que no fim de sair do PCP, quem lá ficou deixou de falar com ela.
Na opinião de Zita Seabra, em entrevista ao semanário SOL, o novo Governo “não é uma data histórica, é um arremedo histórico, porque o PCP e o Bloco de Esquerda não entram para o Governo”.
“Esta é uma solução de três minorias que tentam sobreviver. Para haver uma maioria de Esquerda, os três partidos estariam no governo. Nunca Cunhal aceitaria apoiar um governo se o PCP não estivesse no Governo”, conclui.
A ex-dirigente comunista crê que “o PCP transformou-se de partido ideológico em partido sindical”, acrescentando que “está a jogar a sua sobrevivência”. Quanto às opções governativas, Zita Seabra acredita que vai haver problemas na execução, já que, por exemplo, “não há dinheiro” para a nacionalização dos transportes.
A agora social-democrata revela que este momento “não é uma mudança de ciclo, é uma curva, e de curto prazo”. “Não vai durar muito porque a situação é difícil, não está para reembolsos, não há capital”, frisa, mostrando que “se a troika tiver de voltar será terrível, os portugueses não merecem”.
“Amigos dos pobrezinhos somos todos, a única coisa que a Esquerda conseguiu no governo foi distribuir o que não tínhamos, prometer obras faraónicas. Isso é a Esquerda? Não é. Isso é justiça social? Não é”, conclui.
Quando questionada sobre Passos Coelho, Zita Seabra fala de uma “grande admiração” e de “uma importante reserva do país” para regressar ao poder. “A imagem de Passos Coelho sai muito bem destes quatro anos de Governo. Ele teve momentos muito difíceis, não só durante a crise de 2013, mas também porque apanhou o país num estado calamitoso”, recorda.
“Não era possível fazer tudo e ele pelo menos criou uma dinâmica, convenceu as pessoas de que é preciso rigor, que isto não é fácil. E valorizou a ideia de trabalho, que cada vez se desvalorizou mais na Europa e em Portugal: o grande sonho da vida é não trabalhar”, explica Zita Seabra.
Sem comentários:
Enviar um comentário