Ex-governantes de Passos reforçam universidades e sociedades de advogados
Maioria dos membros do executivo de Passos volta aos cargos que ocupavam antes de serem governantes. Professores universitários, juristas ou gestores: é esta a nova (velha) vida de ex-ministros e ex-secretários de Estado
O maior empregador do executivo- -relâmpago de Passos Coelho foi o Parlamento, mas há 33 governantes que seguiram outro caminho: universidades, escritórios de advogados e até autarquias. A grande maioria regressa à casa de partida (ao posto que ocupava 27 dias antes). E há até quem faça mistério do seu futuro: é o caso do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio.
Dos 52 governantes, 19 foram para o Parlamento. Nos 33 que seguiram as vidas profissionais contam-se cinco ministros: Rui Machete, Leal da Costa, Rui Medeiros, Morais Leitão e Calvão da Silva.
O ex-ministro da Administração Interna Calvão da Silva esteve no executivo menos de um mês, mas foi o suficiente para se envolver numa polémica. Na visita aos estragos de um temporal no Algarve o governante fez declarações em que disse cinco vezes a palavra "Deus" (uma delas em inglês: God).
Diz o saber popular - e Durão Barroso quando saiu da Comissão Europeia - que "o futuro a Deus pertence". O de Calvão da Silva já está definido. Ao DN, o ex-ministro conta que "é tempo de regressar a casa".
Calvão da Silva explica que, "para onde quer que vá, o lugar na faculdade está sempre à minha espera. A minha profissão chama-se professor da Faculdade de Direito de Coimbra". Quanto ao facto de a experiência ter sido efémera, o ex--ministro diz que teve "muito gosto em servir o país, pois não sirvo o país em função do tempo".
Também o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, apurou o DN junto de fonte próxima, "irá continuar a sua carreira como advogado e professor [na Universidade Católica]".
A Católica é também a universidade aonde deve voltar Rui Medeiros (um dos ministros por menos de um mês), que regressará também naturalmente ao seu escritório de advogados: a Sérvulo Correia & Associados.
Já o ex-ministro da Saúde, Leal da Costa, deverá - explicou fonte próxima ao DN - "voltar aos quadros do Instituto Português de Oncologia [IPO] de Lisboa, no serviço de hematologia". E acrescenta a mesma fonte: "É o que está previsto se não surgirem outros convites."
Miguel Morais Leitão - que esteve os mesmos 27 dias a tutelar a Economia - deve igualmente voltar à sua vida profissional: é gestor.
Núncio não revela futuro
O DN contactou diversos secretários de Estado (são 28) que vão seguir as suas vidas profissionais.
O ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais - que tem estado debaixo de fogo devido ao escândalo da devolução da sobretaxa - recusou-se a revelar o seu futuro. O que vai fazer agora que abandonou o governo? "Não vou comentar", respondeu ao DN Paulo Núncio. Já decidiu o que fará? "Não vou comentar."
Maçães escreve sobre Euroásia
Já o ex-secretário de Estado dos Assuntos Europeus não teve problemas em divulgar o que estava a fazer, mudando o seu status no Twitter, rede social na qual é assíduo. Bruno Maçães mudou logo o seu perfil para "ex-governante" e anuncia que irá preparar uma obra com o título: The New Eurasian Supercontinent (O Novo Supercontinente Euroasiático).
Aliás, no penúltimo dia em que foi secretário de Estado, Maçães publicou um artigo no Financial Times intitulado "The new eurasian supercontinent".
No mesmo perfil, Maçães revela que continua - como fazia antes de ser governante - a dar "aulas de filosofia política em Seul e Berlim".
"Era gajo para me habituar"
Também o ex-secretário de Estado da Administração Local, João Taborda da Gama, confirmou ao DN que vai voltar a exercer advocacia e a dar aulas de Direito Fiscal na Universidade Católica Portuguesa.
O fiscalista não se quis alongar nas declarações, mas no dia em que o governo de Costa tomou posse colocou na sua página do Facebook o seguinte comentário: "Está feito. Vinte e sete dias. Melhor assim. Era gajo para me habituar."
Também o ex-secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes, que é advogado, explicou ao DN que vai "fazer uma pausa sabática", mas acrescenta: "Não faço ideia ainda quando nem como, nem onde vou recomeçar a trabalhar".
Há até quem não tenha perdido tempo no regresso ao trabalho. O ex-secretário de Estado dos Transportes, Miguel Pinto Luz, voltou ao cargo de vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais. Pinto Luz confirmou ao DN que na sexta-feira já estava a trabalhar na autarquia, tal como antes da tomada de posse do XXI Governo Constitucional.
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