A porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, disse na quarta-feira à noite que o Presidente da República fica "completamente isolado no país" e terá uma "contestação gigantesca" se não der posse a um novo Governo.
A porta-voz do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins
"O Presidente da República ficaria completamente isolado no país e teria uma contestação gigantesca, não da esquerda, mas de toda a gente que neste país acredita na democracia, da esquerda à direita", afirmou.
Catarina Martins falava na Covilhã, distrito de Castelo Branco, na sessão pública denominada "A Força da Esperança", que se enquadra num conjunto de ações que o Bloco de Esquerda (BE) está a promover pelo país com o intuito de explicar o acordo entre os partidos da Esquerda na Assembleia da República.
A porta-voz do BE defendeu que o "Presidente da República não tem nenhuma outra alternativa constitucionalmente sustentada" que não seja a de indigitar o secretário-geral do PS, António Costa, primeiro-ministro.
"O Presidente da República não tem margem nem constitucional, nem política, nem na sociedade portuguesa para fazer outra coisa que não seja respeitar a maioria que saiu das eleições do dia 4 de outubro", sublinhou, lembrando que não cabe a Cavaco Silva "formar governos ou programas de governo".
Para Catarina Martins, "Cavaco Silva está com dificuldade em compreender o resultado eleitoral", mas ainda assim "terá de cumprir a sua obrigação" porque "não dar posse a um Governo quando há uma maioria na Assembleia da República é uma entorse completa".
No dia em que decorreram sete audiências na Presidência da República sobre a situação política, todos economistas, Catarina Martins mostrou-se convicta de que as personalidades ouvidas por Cavaco Silva na quarta-feira transmitiram ao Presidente a ideia de que tem de indigitar um novo governo.
A bloquista ressalvou, contudo, que "nenhuma personalidade e a sua opinião valem mais do que os cinco milhões que foram às urnas" e lembrou que a democracia não existe só quando se gosta do resultado eleitoral.
Quanto às declarações de Cavaco Silva sobre a altura em que ele próprio liderou um Governo de gestão, Catarina Martins afirmou que "não se pode comparar o que não é comparável" e alertou para os problemas que tal poderia trazer para o país.
"Não quero acreditar que existisse alguém tão irresponsável em Portugal que deixasse o país na situação de não ter Governo, de não ter orçamentos de estado e de não conseguir gerir, nem ter estratégia", acrescentou.
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