Laboratório ficará num túnel em anel de 50 km a 100 km, prometem físicos.
China tenta abertura uma década antes do próximo supercolisor europeu.
A China vai construir entre 2020 e 2025 o maior acelerador de partículas do mundo, ampliando a capacidade da física de partículas de entender as entidades que compõem a matéria e o Universo.
"Recentemente, nós completamos o projeto conceitual inicial e organizamos sua revisão internacional por grupos independentes", declarou Wang Yifang, diretor do Instituto de Física e Altas Energias, em entrevista ao jornal China Daily. "O projeto conceitual final estará pronto no fim de 2016."
A cientista confirmou que a intenção é construir o acelerador CEPC (Colisor Elétron-Pósitron Circular) em um túnel subterrâneo na forma de um anel com medida entre 50 km e 100 km de circunferência. A configuração maior teria um tamanho similar ao da baía da Guanabara.
Se o projeto chinês vingar, será mais de duas vezes maior que o Grande Colisor de Hadróns (LHC) da Organização Europeia par Pesquisa Nuclear (Cern), com 27 km, instalado na fronteira entre a França e a Suíca.
Em 2012, o LHC confirmou a existência do chamado bóson de Higgs, partícula elementar responsável por conferir massa a outras. A descoberta consolidou a estrutura básica do Modelo Padrão, a teoria vigente da física de partículas, mas cientistas acreditam que aceleradores maiores serão necessários para levar o conhecimento além dessa fronteira.
Colisões limpas
O capital experimental na física de partículas é a energia gerada pelo acelerador, que faz com que as partículas colidam e gerem outras partículas elementares. As colisões de prótons (núcleos de átomos de hidrogênio) geram energias de 13 TeV (teraelétron-volts) no LHC, os eventos isolados mais energéticos produzidos por uma máquina humana até hoje.
O capital experimental na física de partículas é a energia gerada pelo acelerador, que faz com que as partículas colidam e gerem outras partículas elementares. As colisões de prótons (núcleos de átomos de hidrogênio) geram energias de 13 TeV (teraelétron-volts) no LHC, os eventos isolados mais energéticos produzidos por uma máquina humana até hoje.
Como diz o nome do novo projeto, o CEPC não vai colidir prótons, partículas compostas, e sim elétrons e pósitrons, partículas elementares. Esse tipo de colisão, apesar de requerer mais energia para criar resultados relevantes, é mais "limpa", e torna os dados mais fáceis de analisar. Sergundo os físicos, isso tornará o estudo do bóson de Higgs mais fácil.
"O LHC gera partículas de Higgs junto com muitas outras partículas", diz Wang "A proposta do CEPC, porém, é colidir elétrons e pósitrons para criar criar um ambiente extremamente limpo que produz apenas partículas de Higgs."
A nova instalação, além disso, poderá gerar até sete vezes mais energia que o LHC, que acaba de quase dobrar sua potência. A grande circunferência do CEPC está diretamente ligada à energia que um colisor pode atingir, pois uma curva mais aberta requer ímãs menos fortes para manter as partículas aceleradas dentro da rota circular.
Já existem negociações para a construção de outros colisores gigantes no mundo -- incluindo um anel de 100 km liderado por americanos e europeus --, mas a janela de tempo com que os outros projetos trabalham é de 2035, uma decada depois da prometida pelos chineses.
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