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domingo, 16 de fevereiro de 2014

Reportagem da Lusa sobre manifestação dos trabalhadores da Kemet em Lisboa Mais de meia centena de trabalhadores da KEMET, uma empresa que faz condensadores eletrónicos em Évora, vieram a Lisboa protestar contra o despedimento coletivo de 127 trabalhadores, alertando o Governo que a empresa está a deslocalizar-se para o México.

Reportagem da Lusa sobre manifestação dos trabalhadores da Kemet em Lisboa


Mais de meia centena de trabalhadores da KEMET, uma empresa que faz condensadores eletrónicos em Évora, vieram a Lisboa protestar contra o despedimento coletivo de 127 trabalhadores, alertando o Governo que a empresa está a deslocalizar-se para o México.
Antes de saírem de casa, Carla Barradas e o marido tentaram responder às perguntas da filha mais velha e explicaram-lhe que vinham a Lisboa lutar para manterem os postos de trabalho, numa zona onde os empregos são escassos.
O casal faz parte do grupo de 127 trabalhadores ameaçados de despedimento pela KEMET, uma empresa que em Évora produz condensadores de tântalo, umas pequenas peças eletrónicas usadas em computadores, telemóveis e eletrodomésticos, por exemplo.
"A minha filha percebeu, porque tem de perceber mesmo, porque não é fácil. Temos de lutar e vamos até ao fim", assegurou Carla Barradas.
De acordo com a proposta da empresa, Carla ficará até abril.
"Vou sair primeiro que o meu marido, que vai ficar até 30 de junho, que é o dia em que fecha a linha de produção", esclareceu.
Os trabalhadores concentraram-se a partir das 10:30 no centro do Largo Camões, perto do Ministério da Economia, a gritar momentaneamente palavras de ordem, a reclamar trabalho.
Se Rosa Ferreira acabar no desemprego, garante que não será por falta de luta.
Já trabalhou no campo, fez trabalho sazonal e temporário, onde havia, até que assentou na KEMET há 12 anos.
Desde que soube que estava na lista de despedimento, na semana passada, começou à procura de trabalho e percebeu que agora vai ser mais difícil.
"Tenho 40 anos, com a idade que tenho em mais lado nenhum consigo emprego, e não é o dinheiro que nos querem dar que vai resolver a nossa situação. Nós queremos é um posto de trabalho, não queremos receber uma indemnização", disse.
Uma delegação de trabalhadores foi recebida pelo secretário de Estado do Emprego, a quem já tinham pedido uma reunião em dezembro.
Hugo Fernandes, trabalhador da KEMET e delegado do Sindicato, saiu do ministério já ao princípio da tarde com a promessa de que a tutela iria acompanhar o caso deste despedimento coletivo "com outra atenção".
"A versão que nós trazíamos é um bocadinho diferente daquela com que a empresa já tinha alertado o ministério da Economia", salientou.
O sindicalista afirmou que os trabalhadores têm "provas de que é uma deslocalização" e que "a deslocalização não é motivo para fazer um despedimento coletivo".
"Sabemos que nos últimos anos a empresa tem deslocalizado vários produtos que fazia em Évora para o México, porque lá a mão de obra é mais barata e porque levaram também alguma tecnologia nossa, o que permite ter mais lucros fazendo o mesmo produto", afirmou. A empresa terá recebido cerca de 30 milhões de euros em apoios do Estado para criar empregos.
"Deveríamos pedir mais responsabilidade a estas empresas que se instalam no nosso país para receberem estes apoios", acrescentou.
Carlos Pinto Sá, presidente da câmara de Évora (CDU), veio acompanhar estes trabalhadores para mostrar a solidariedade do município.
"É gravíssimo, estamos em todo o país numa situação de grande desemprego. Em Évora, o desemprego é também muito significativo", realçou.
De acordo com o autarca, há cerca de 4.500 desempregados no concelho em “termos reais, porque os números oficiais não mostram todo o desemprego que existe”, representando 15% da população ativa residente. (LUSA)

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