Um suicídio político e uma traição anunciada
A escolha de Francisco Assis para cabeça-de-lista do PS nas próximas eleições para o Parlamento Europeu tem um significado político claro quanto à estratégia e aos objectivos de aliança com o PSD que movem António José Seguro e a sua direcção.
Escassas horas depois de Passos Coelho, no congresso do PSD, ter enaltecido o consenso entre os três partidos da tróica como sendo a garantia da continuação dos programas terroristas de austeridade sobre o povo e de o indigitado cabeça-de-lista da coligação PSD/CDS, Paulo Rangel, ter dado um ultimato a Seguro para anunciar “quanto antes” (sic) o candidato do PS às europeias, Seguro respondeu obedientemente a tal ultimato e jurou fidelidade àquele consenso de traição ao anunciar Assis para a função em apreço.
Francisco Assis tem-se esfalfado por tudo o que é sítio a pregar as virtudes de uma coligação PS/PSD para formar o governo a sair das próximas eleições legislativas. Tem sido também ele um dos principais defensores e propagandistas da “união nacional” patrocinada pelo salazarista Cavaco e a cuja anuência pelos dirigentes do PS se deve a sobrevivência do actual governo de traição nacional aquando da crise política do Verão passado.
Ainda agora, no dia seguinte ao anúncio do seu nome, o novel primeiro candidato do PS encarregou-se de desfazer as dúvidas que alguém ainda pudesse ter sobre o projecto político que defende, quando afirmou o seguinte:
"A minha candidatura é evidentemente do bloco central e estruturante da esquerda portuguesa. (…) Vou concentrar-me em fazer permanentemente uma campanha pela positiva, porque é urgente reconciliar os portugueses com as instituições democráticas".
Para lá da ideia tonta e ridícula de uma aliança PS/PSD ser “estruturante da esquerda portuguesa”, ressalta destas primeiras afirmações de Assis como candidato do PS às eleições europeias a pretensão ultra-reaccionária de tomar como alvo das suas críticas, não o governo PSD/CDS, o presidente da República e a tróica, mas precisamente o movimento de massas que se opõe a estas instituições, as quais Assis designa de “democráticas” mas que, na realidade, representam exclusivamente os interesses do grande capital financeiro e do imperialismo germânico contra os interesses dos trabalhadores e do povo português.
Assis representa a direita do PS, aquela que ataca por instinto qualquer luta ou iniciativa que possa significar a mais leve perspectiva de derrubamento do governo Coelho/Portas. Nas eleições europeias, Assis levantará contra si uma parte importante do PS, precisamente aquele sector que há que mobilizar como aliado no combate por uma alternativa democrática e patriótica ao governo PSD/CDS.
Com esta escolha Seguro disse ao que vinha, isto é, afirmou a sua disposição de, fingindo desejar o contrário, tentar fazer das eleições europeias uma espécie de plebiscito favorável à austeridade criminosa que a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional têm imposto sobre os trabalhadores e o povo português, preparando assim o terreno para continuar a mesma política caso venha a alcandorar-se ao poder em próximas eleições legislativas.
Mas não vão ter sorte o secretário-geral do PS e os seus homens de confiança. Se os comunistas e os elementos mais avançados das massas cumprirem bem as suas tarefas, os trabalhadores e o povo farão das eleições europeias um passo decisivo para o derrube do governo de traição nacional e saberão isolar e derrotar os candidatos a émulos de tão vil canalha. Ao trabalho, pois. Há que forjar na luta a ampla aliança de forças políticas e sociais que hão-de pôr na rua os inimigos do povo e os vendilhões da pátria e construir o governo democrático patriótico de que o país tão urgentemente necessita.
queosilenciodosjustosnaomateinocentes.blogspot.pt
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