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sábado, 15 de fevereiro de 2014

As autarquias são mini-monarquias que podem ser interrompidas por mini-exílios dourados.

As autarquias são mini-monarquias que podem ser interrompidas por mini-exílios dourados.


Nesta crónica de Ricardo Araújo Pereira, ficamos a conhecer as dificuldades com que se debatem os nosso corajosos autarcas. Os penosos momentos de luta contra a corrupção, e o recurso à justiça para perseguir quem lesa o interesse público. 
Os ferozes defensores de causas nobres. 
A ironia é certamente uma forma de, com humor, se divulgar os podres dos nossos políticos. A falta de visão e o desperdício de dinheiro, de tempo e recursos, em pequenas causas, contrastando com o esforço nulo na luta pelas grandes causas.  

Perdiz com alecrim e manjerona
Se eu mandasse, toda a gente era autarca uma vez na vida. 
Infelizmente, como os mandatos autárquicos chegam a durar 40 anos, nem toda a gente teria uma esperança de vida que lhe permitisse aguardar a sua vez.
Mas parece-me evidente que a gestão de uma autarquia rejuvenesce. Aponto como exemplo Fernando Ruas, presidente não só da Câmara de Viseu como também da associação de municípios, e que, aos 62 anos, não tem ainda um único cabelo branco.
Há qualquer coisa no trabalho autárquico que protege a saúde de quem o executa. Creio que é a absoluta ausência de preocupações. 
O autarca, em princípio, sabe que não há nada que o apanhe.
Se fizer falcatruas, em princípio não é condenado.
Mas, se for condenado, mais depressa é reeleito.
Se for reeleito, não pode ir preso.
Mas, se for preso, foge para o Brasil.
O destino do autarca oscila entre o poder perpétuo e o turismo tropical.
São minimonarquias que podem ser interrompidas por miniexílios dourados.
Além disso, a atividade autárquica é isenta de stresse, como pôde voltar a constatar-se esta semana: todo o País está absorvido pelos problemas do desemprego, da crise da dívida, do décimo terceiro mês e da bancarrota, mas a Câmara Municipal do Fundão não deixa que essas pequenas preocupações a afetem, e tem tempo para tratar dos grandes assuntos. E decidiu processar a organização do concurso gastronómico 7 Maravilhas por uma infração culinária. Ao que parece, a perdiz de escabeche, que a edilidade do Fundão garante ser originária de Alpedrinha, vai apresentar-se a concurso como se fosse - e peço ao leitor que contenha a revolta e a indignação - de Idanha-a-Nova. Assim que a Câmara do Fundão percebeu que ia ser espoliada da perdiz de escabeche entrou em ação e fez, aliás apropriadamente, um escabeche.
De acordo com o Expresso, a Câmara ameaça "acionar todos os meios legais que se encontrem disponíveis e se afigurem necessários e pertinentes".
Sossega-me saber que, de acordo com este comunicado, a Câmara não pretende acionar meios legais que não se encontrem disponíveis. Já não é mau.
Mas a intenção de recorrer a todos os disponíveis faz antever uma batalha legal longa e violenta: quem tenha vagar para ir à procura, encontra, na legislação portuguesa, uma vastíssima gama de meios apropriados para a defesa das vítimas da deslocalização dos pratos de caça.
O Código Civil dedica dois capítulos a este flagelo, e há uma subsecção que regulamenta em especial os escabeches
.
O perpetrador do crime que se cuide. 
O desperdizamento da Câmara do Fundão não passará impune. Fonte

apodrecetuga.blogspot.pt

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