Um dos maiores naturalistas da história, Charles Darwin, escreveu em sua obra A Origem das Espécies, um tema que vamos compartilhar com vocês, o Instinto escravizador.
Exemplares de Formica rufescens. Fonte da imagem: Poderes da Natureza.
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VAMOS DESCOBRIR...
Segundo Darwin, este instinto notável foi descoberto pela primeira vez na espécie (Polyerges) Formica rufescens por Pierre Huber, observador de insetos. Essa formiga tem dependência total de suas escravas; sem sua ajuda, a espécie com certeza estaria extinta em menos de um ano.
Exemplar de Formica fusca. Fonte da imagem: Wikipédia. |
Os machos e as fêmeas férteis não executam qualquer trabalho, e as operárias ou fêmeas estéreis, embora muito enérgicas e corajosas na captura de escravas, não têm qualquer outra atividade. São incapazes de construir seus próprios ninhos e de alimentar suas próprias larvas. Quando o ninho antigo não é mais considerado adequado e elas têm de migrar, são as escravas que determinam a migração e carregam suas senhoras em suas mandíbulas. E estas são tão incapazes que, quando Huber separou trinta delas, sem nenhuma escrava, mas com toda a comida de que mais gostavam e com suas larvas e pupas para estimulá-las a trabalhar, não fizeram nada; nem ao menos alimentar a si mesmas, e muitas morreram de fome.
A escrava (Formica fusca) cuidando de sua "senhora" (Formica rufescens). Fonte da imagem: Alchetron. |
Huber então introduziu uma única escrava (Formica fusca) e ela na mesma hora começou a trabalhar, alimentou e salvou as sobreviventes, construiu algumas células, cuidou das larvas e pôs tudo em ordem. O que é que pode ser mais extraordinário do que esses fatos comprovados? Se não conhecêssemos nenhuma outra formiga escravizadora, seria inútil especular como um instinto tão extraordinário foi aperfeiçoado.
Outra espécie, a Formica sanguinea, foi, da mesma forma, descoberta primeiro por P. Huber como sendo também escravizadora. Esta espécie é encontrada no sul da Inglaterra e seus hábitos foram observados pelo Sr. F. Smith, do Museu Britânico. Darwin estava cético sobre o assunto então ele pegou e fez um teste. Abriu quatorze ninhos dessa Formica sanguinea e em todos eles encontrou algumas escravas. Machos e fêmeas férteis da espécie-escrava (Formica fusca) só foram encontrados em suas próprias comunidades e nunca forma observados nos ninhos das Formica sanguinea. As escravas são negras e não têm nem a metade do tamanho de suas senhoras vermelhas, de forma que o contraste entre as duas é grande. Quando o ninho é um pouco perturbado, as escravas às vezes vão para fora, e, como suas senhoras, mostram-se muitos agitadas na defesa do ninho, se este for muito perturbado e as larvas e pupas ficarem expostas, as escravas trabalham exaustivamente junto às senhoras carregando-as para algum lugar seguro. Percebe-se com total nitidez que as escravas se sentem bem à vontade. Durante os meses de junho e julho, em três anos sucessivos,Darwin observou por muitas horas vários ninhos em Surrey e Sussex e ele jamais viu uma escrava entrar ou sair.
Exemplar de Formica sanguinea (esquerda) e de Formica fusca (direita). Fonte da imagem: Perunica. |
Embora não precisem de confirmação, esses são os fatos relativos ao fantástico instinto das formigas em fazer escravas. Devemos observar o contraste entre os hábitos instintivos da Formica sanguinea e da Formica fusca. Esta última não constrói o próprio ninho, não determina a própria migração, não procura alimento para si e para seus filhotes nem sequer alimenta sozinha: tem dependência absoluta de suas inúmeras escravas.
Fonte: Adaptado de A Origem das Espécies - Charles Darwin (1859).
www.bioorbis.org
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