No início do século 20, quando os Estados Unidos começavam a despontar como uma grande potência econômica e industrial, a demanda por mão de obra crescia e muitas empresas começaram então a ir atrás de mulheres e de crianças, que recebiam salários bem inferioresaos homens e, juntas, representavam a possibilidade de maior lucro para as empresas que estavam eufóricas com a ascensão do capitalismo.
Em 1910, cerca de dois milhões de crianças trabalhavam nos EUA, isso sem incluir as que trabalhavam nas fazendas, o que tornaria esse número ainda maior.
Diante dessa situação e ciente de que precisava fazer algo para mudar esse cenário, a National Child Labor Committee (organização criada em 1904 com o objetivo de combater o trabalho infantil) chamou Lewis Hine (o fotógrafo por trás da famosa imagem dos homens em cima das vigas de metal descansando durante a construção do Empire State) para trabalhar numa série focada na mão de obra infantil.
Lewis viajou pelos Estados Unidos de 1908 até 1924, clicando crianças das mais variadas idades trabalhando nos mais diferentes tipos de funções e ramos imagináveis. Todas as suas fotos foram documentadas com o local, a idade, a função e algumas vezes relatos emocionantes das crianças fotografadas, totalizando mais de 5 mil cliques que serviram para fundamentar a futura legislação que regularia esse tipo de atividade nos Estados Unidos.
Infelizmente, continuamos tendo muito o que evoluir nesta questão, visto que em pleno 2016 ainda existem crianças que trabalham e, pior, esse número é alto. Estima-seque cerca de 168 milhões de crianças trabalham em todo o mundo e metade desse total desempenha funções que colocam em risco a sua saúde, segurança e o seu desenvolvimento.
Confira abaixo algumas das emocionantes imagens registradas por Lewis:
Inez, de 9 anos, e sua prima de 7, que trabalhavam enrolando carretéis.
Os irmãos de 10, 7 e 5 anos trabalhavam como jornaleiros para se sustentarem, porque seu pai estava doente. Começavam a trabalhar às seis da manhã e vendiam jornais até às nove ou dez da noite.
Daisy Lanford, de 8 anos, trabalhava numa fábrica de conservas. Ela colocava uma média de 40 tampas em latas por minuto e trabalhava em tempo integral.
Millie, com apenas 4 anos de idade já trabalhava em uma fazenda próxima a Houston, colhendo por volta de três quilos de algodão por dia.
Os “breaker boys” separavam impurezas do carvão à mão, na Companhia de Carvão de Hughestown Borough Pensilvânia.
Maud Daly, 5 anos, e sua irmã, de 3, capturavam camarões para uma empresa no Mississipi.
Phoenix Mill trabalhava como entregador. Chegava a entregar até 10 refeições por dia para operários.
Uma pequena fiandeira que trabalhava numa indústria em Augusta, na Geórgia. Seu inspetor admitiu que ela estava empregada regularmente, como um adulto.
Esta menina era tão pequena que precisava ficar de pé sobre uma caixa para alcançar a máquina.
Esses jovens trabalhavam como operários abrindo vagens. Os que eram pequenos demais para trabalhar ficavam no colo dos trabalhadores.
Nannie Coleson, 11 anos, trabalhava na fábrica de meias Crescent e recebia cerca de 3 dólares por semana.
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