O governador do Banco de Portugal defendeu que não há forma de se escapar à dependência dos mercados financeiros. “Pensar que há alternativa aos mercados para financiar a dívida pública é pensar naquilo que não existe”, disse Carlos Costa esta terça-feira numa audição parlamentar.
No caso de Portugal, Carlos Costa reforçou que com “uma dívida de 126% do PIB não se passa à margem dos mercados”. O governador sublinhou que mesmo que um país pedisse financiamento europeu teria de ser a União Europeia “a ir ao mercado e transferir o resultado da emissão para o país com carência de financiamento. A entidade que faz este papel está a assumir o risco do país e está a beneficiar o país do seu menor risco”.
Sobre a criação de um Fundo Monetário Europeu, Carlos Costa reiterou que é favorável. Mas avisou: “Não pensem que a criação de um Fundo Monetário Europeu não altera a necessidade de sustentabilidade e disciplina orçamental. Altera apenas a instância”.
O bónus e a credibilidade
Carlos Costa sublinhou a necessidade de se ter uma estratégia credível. “A credibilidade tem um rendimento que se converte em taxas de juro mais baixas e menor esforço de consolidação orçamental”, disse. E observou que Portugal tem atualmente um “bónus de credibilidade” que resulta em juros mais baixos que há dois anos.
“Trilhar o caminho de redução de dívida ao ritmo de regras comunitárias preventivas, não só credibiliza a trajetória de consolidação, como torna esse esforço mais suave, gradual e consistente”, disse Carlos Costa. E referiu que “sabemos, pela experiência passada, que o ritmo ditado pelas expectativas dos mercados resulta numa trajetória de consolidação bastante mais volátil, na medida em que estas expectativas podem responder de forma abrupta a choques súbitos”.
Caso esse caminho não seja seguido, Carlos Costa avisa que “se perdermos a credibilidade vamos ter uma penalização”.
Políticas do BCE continuam a ser de apoio
Carlos Costa defendeu que apesar de o Banco Central Europeu (BCE) ter anunciado o fim das compras líquidas de ativos no final de ano, continua a ter uma “política de suporte”. O governador do Banco de Portugal recordou que apesar do fim das compras líquidas se vai continuar a reinvestir os montantes que vão vencendo. “Com a política de reinvestimento futuro a política monetária do sistema europeu de bancos centrais continuará a ser uma política de suporte à dívida portuguesa”, defendeu.
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