A Polícia Judiciária e o Ministério Público avançaram, esta quarta-feira de manhã, com a realização de cerca de 70 buscas, em instalações do PSD e do PS em Lisboa, em câmaras municipais, juntas de freguesia, empresas, escritórios de advogados e domicílios particulares.
A Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa confirmou, em comunicado publicado no seu portal ao final da manhã, a realização desta megaoperação, que exigiu a mobilização de três juízes de instrução criminal, doze magistrados do Ministério Público, peritos informáticos e financeiros e inspetores da Polícia Judiciária, em número que ascende a cerca de 200 pessoas.
Os factos sob investigação remetem para crimes corrupção, tráfico de influência, participação económica em negócio e financiamento partidário proibido, informa a mesma fonte.
Outras informações recolhidas pelo JN indicam que as buscas em Lisboa, em particular, visam instalações da Distrital do PSD, da Concelhia do PS, da câmara municipal e das juntas de freguesia do Areeiro, da Estrela e de Santo António, entre outros alvos.
"Segundo os fortes indícios recolhidos, apurou-se, no essencial, que um grupo de indivíduos ligados às estruturas de partido político, desenvolveram entre si influências destinadas a alcançar a celebração de contratos públicos, incluindo avenças com pessoas singulares e outras posições estratégicas", lê-se ainda na nota da procuradoria distrital dirigida por Maria José Morgado.
Apesar de também apontar para o PS, a rede clientelar sob investigação envolve, maioritariamente, empresas e autarquias lideradas por militantes do PSD. Estão em causa os contratos adjudicados por duas a três dezenas de autarquias, entre câmaras municipais e juntas de freguesia, a várias empresas.
Além daqueles negócios, são investigados contratos de trabalho, nomeadamente de avença, celebrados entre as mesmas autarquias lideradas e militantes partidários.
Carlos Eduardo Reis, antigo líder da JSD de Braga e atual conselheiro nacional do PSD, e a empresa Ambigold, de que aquele e sócio-gerente, são dos alvos principais do inquérito. A empresa de Carlos Reis, filho do ex-presidente da Câmara de Barcelos Fernando Reis, tem sido beneficiada por ajustes diretos de contratos relacionados, nomeadamente, com trabalhos de jardinagem e instalação e manutenção de relvados sintéticos, entre outros.
Outra das pessoas sob investigação é o deputado Sérgio Azevedo, que era vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, antes de Rui Rio conquistar a liderança do partido, e é amigo de Carlos Reis.
O inquérito corre termos na 9ª Secção do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa, do Ministério Público, que se faz coadjuvar pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária.
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