O porto de pescas que rasga a imensidão dos areais apinhados de gente guarda o lado mais autêntico da cidade turística algarvia onde muitos por estes dias veraneiam. Uma viagem ao quotidiano de uma das profissões mais antigas da humanidade.

Quarteira cresceu com um pé em terra e outro no mar. Com as culturas de cana-de-açúcar e frutos secos, a pesca foi, até ao final da segunda metade do século XX, o maior motor da economia da terra.
Em meados dos anos 1950, a cidade começou a conquistar posição privilegiada no turismo internacional. Património histórico, invernos curtos e amenos, verões quentes e secos, quilómetros de areia branca, águas tépidas e calmas de um lado e denso mato de pinheiros mansos do outro. Quarteira oferecia as condições para ser uma das regiões turísticas mais importantes do país e da Europa.
A década de 1960, foi um ponto de viragem: a procura pelas praias ganhou dimensões impensáveis e trouxe uma rede colossal de empreendimentos turísticos que viriam a mudar a malha urbana da cidade para sempre.
Há um lugar que perpetua o lado mais autêntico da cidade: um porto de pescas que abriga uma frota pujante e uma das lotas mais concorridas do Algarve.
Um dos maiores indicadores desta mudança é a evolução demográfica entre 1960 e 2011: Quarteira passou de pouco menos de quatro mil para 22 mil habitantes. Com os turistas vieram oportunidades de emprego que permitiram a fixação de gente de fora, de todo país e do estrangeiro.
Quando o verão devolve às ruas de Quarteira o frenesim balnear, há quem diga que se ofusca o lado mais autêntico da cidade. Que toda a expressão de um povo vinculado ao mar se dilui. Contudo, há um lugar que perpetua o lado mais autêntico da cidade: um porto de pescas que abriga uma frota pujante e uma das lotas mais concorridas do Algarve. Um canal que liga a cidade ao mar aberto e onde rebentam todos os eventos de uma rotina diária que prepara mais um dia de pesca.
Texto e fotografia de Pepe Brix

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