Alfredo Lourenço Pinto in facebook
Estávamos em Junho de 1973, quando fugi para a França de "assalto" fiz a viagem de comboio de Lisboa a Paris, so foi interrompida entre a Guarda e Vilar Formoso, por causa da PIDE, eles também iam no comboio para fazerem as suas vítimas.
Para não me prenderem desci do comboio na estação da Guarda, depois foi de taxi até Vilar Formoso e passei a fronteira a pé, seguindo o trajeto indicado pelo sr. do taxi e desta forma fugi à PIDE.
Lá fiz a viagem até Paris. Trabalhei em França na construção civil com platrier, desde Junho a Dezembro de 1973, tendo regressado a Portugal antes do natal.
Nos primeiros dias de Janeiro de 1974 regressei a Lisboa e em Fevereiro foi trabalhar para a PASTELARIA SUIÇA.
Quando lá foi pedir trabalho, pensei que pela dimensão, pelo movimento e pelos 200 trabalhadores que ali laboravam, que pagariam bons salarios.
Nos primeiros dias de Janeiro de 1974 regressei a Lisboa e em Fevereiro foi trabalhar para a PASTELARIA SUIÇA.
Quando lá foi pedir trabalho, pensei que pela dimensão, pelo movimento e pelos 200 trabalhadores que ali laboravam, que pagariam bons salarios.
A desilusão foi grande, ofereceram-me 1.500$00, sendo as gratificações deixadas pelos clientes para os patrões.
Sócios da empresa eram uns seis ou sete sendo o sócio maioritário o Pereira Ganhão.
No primeiro dia de trabalho o pequeno almoço foi um galão e as cabeças dos pães de forma com margarina por ser nais barata que a manteiga, queijo ou o fiambre.
O horário de trabalho era 48 horas semanais e um dia de folga.
Sócios da empresa eram uns seis ou sete sendo o sócio maioritário o Pereira Ganhão.
No primeiro dia de trabalho o pequeno almoço foi um galão e as cabeças dos pães de forma com margarina por ser nais barata que a manteiga, queijo ou o fiambre.
O horário de trabalho era 48 horas semanais e um dia de folga.
25 DE ABRIL
Passados cerca de dois meses de estar a trabalhar na Pastelaria Suíça, dá-se o 25 de Abril, desde logo o abracei, sem compeeender ainda muitas coisas, sabia que era explorado e vi de imediato uma grande esperança na revolução.
Um dos sócios das Pasteria era o "Pinto", ia ser o presidente do Sindicato da Hotelaria do Sul. Ia tomar posse, presisamente no dia da revolução é óbvio que a tomada de posse ja não aconteceu, os trabalhadores ocuparam o Sindicato e tomaram-no nas suas mãos.
As primeiras reivindicações dos trabalhadores da Pastelaria Suíça foram:
- Termos direito a comer ao pequeno almoço 2 sandes de queijo ou de fiambre e um galão ou um refrigerante;
- Que as gratificações passariam a ser dos trabalhadores, controladas por nós e distribuidas por todos os trabalhadores,
Passados cerca de dois meses de estar a trabalhar na Pastelaria Suíça, dá-se o 25 de Abril, desde logo o abracei, sem compeeender ainda muitas coisas, sabia que era explorado e vi de imediato uma grande esperança na revolução.
Um dos sócios das Pasteria era o "Pinto", ia ser o presidente do Sindicato da Hotelaria do Sul. Ia tomar posse, presisamente no dia da revolução é óbvio que a tomada de posse ja não aconteceu, os trabalhadores ocuparam o Sindicato e tomaram-no nas suas mãos.
As primeiras reivindicações dos trabalhadores da Pastelaria Suíça foram:
- Termos direito a comer ao pequeno almoço 2 sandes de queijo ou de fiambre e um galão ou um refrigerante;
- Que as gratificações passariam a ser dos trabalhadores, controladas por nós e distribuidas por todos os trabalhadores,
Tal como aconteceu nas outras empresas nós também começamos a organizarmo-nos, elegendo delegados sindicais e a Comissão de Trabalhadores.
Os primeiros delegados eleitos foram 5 encarregados, os braços direitos dos patrões, aquilo revoltou-me e foi ao sindicato falar com alguém, falei com o Américo Nunes, expos-lhe o problema e ele disse-me para promover um abaixo-assinado para distituirmos os delegados afectos aos patrões. Assim o fizemos falei com o Silva camarada e amigo da luta, lá recolhemos às assinaturas e houve nova a eleição de novos delegados.
Os primeiros delegados eleitos foram 5 encarregados, os braços direitos dos patrões, aquilo revoltou-me e foi ao sindicato falar com alguém, falei com o Américo Nunes, expos-lhe o problema e ele disse-me para promover um abaixo-assinado para distituirmos os delegados afectos aos patrões. Assim o fizemos falei com o Silva camarada e amigo da luta, lá recolhemos às assinaturas e houve nova a eleição de novos delegados.
Logo a seguir ao 25 de Abril eu e o Silva militavamos no Sindicato na seção de Conflitos de Trabalho.
Foi aprendendo e ajudando outros trabalhadores de outras empresas a organizarem-se, a formarem cooperativas e a entrarem em autogestão, nas empresas abandonadas pelos patrões.
Foi aprendendo e ajudando outros trabalhadores de outras empresas a organizarem-se, a formarem cooperativas e a entrarem em autogestão, nas empresas abandonadas pelos patrões.
Dado o meu espírito revolucionário o Américo Nunes convidou-me para fazer parte da Direção do Sindicato da Hotelaria do Sul, convite que aceitei com muita honra, por ir representar os trabalhadores do setor.
No contacto com outros sindicalistas e funcionários sindicais, alguns comunistas, fui contactado por uma camarada, Ana Caldeano, para me inscrever como militante do PCP, assim o fiz em boa hora.
No contacto com outros sindicalistas e funcionários sindicais, alguns comunistas, fui contactado por uma camarada, Ana Caldeano, para me inscrever como militante do PCP, assim o fiz em boa hora.
Na primeira reunião no partido os camaradas explicaram-me a importância de haver uma célula do partido na Pastelaria Suíça. Comecei a fazer contactos e passados alguns dias JÁ reuniamos no partido 14 camaradas, para analisarmos todos os problemas da revolução, do sector da hotelaria e da Pastelaria Suíça.
Muitos dos trabalhadores em pela revolução eram muito recuados, os mais conscientes e os delegados sindicais queriamos avançar com algumas reivindicações, mas demoravam algum tempo até ganharmos os trabalhadores.
Quando saiu o primeiro salário mínimo nacional ( Primeiro Ministro VASCO GONÇALVES ) de 3.300$00., 90% do trabalhadores foram abrangidos.
Quando o Sindicato negociou o primeiro Contrato Coletivo de Trabalho os patrões da Pastelaria Suíça não o queriam aplicar, nem os salários, nem os horários, subsidio de férias, subsidio de natal etc etc.
O Sindicato organizou uma manifestação dentro da Pastelaria Suíça.
Eu estava a trabalhar nesse dia e quando os manifestantes começaram a gritar as palavras de ordem e levantei o braço direito e de punho cerrado, gritei o que eles gritavam.
Eram os nossos direitos que estavam ali em causa e estávamos ali a receber a solidariedade da classe eu também tinha que lutar.
Um dos sócios da Pastelaria chamava-se " Chagas" tinha a missão nos CCT(s) de abrir ar cartas suspeitas e depois entrega-las à PIDE.
Um certo dia quando ia trabalhar a Pastelaria Suíça estava cercada pelo COPCON, para prender o agente da PIDE.
Quando vi aquele aparato e me explicaram o que se estava a passar, comecei a gritar prendam esse gajo, prendam esse gajo.
O Sindicato organizou uma manifestação dentro da Pastelaria Suíça.
Eu estava a trabalhar nesse dia e quando os manifestantes começaram a gritar as palavras de ordem e levantei o braço direito e de punho cerrado, gritei o que eles gritavam.
Eram os nossos direitos que estavam ali em causa e estávamos ali a receber a solidariedade da classe eu também tinha que lutar.
Um dos sócios da Pastelaria chamava-se " Chagas" tinha a missão nos CCT(s) de abrir ar cartas suspeitas e depois entrega-las à PIDE.
Um certo dia quando ia trabalhar a Pastelaria Suíça estava cercada pelo COPCON, para prender o agente da PIDE.
Quando vi aquele aparato e me explicaram o que se estava a passar, comecei a gritar prendam esse gajo, prendam esse gajo.
Muitas mais coisas aconteceram, o tempo foi passando e estávamos em 1979, grande onda repressiva começou contra os dirigentes, delegados sindicais e membros das Comissões de Trabalhadores, eu nessa altura estava no Sindicato a tempo inteiro. Soube que na Pastelaria Suíça tinham despedido os delegados sindicais. Falei com o Américo Nunes presidente do Sindicato e regressei à Pastelaria Suíça para ver se impedia os despedimentos.
Os trabalhadores não se disponibilizaram para serem solidários com os delegados sindicais.
A luta por vezes tem destas coisas, mas os delegados tinham razão, fomos para o tribunal, porque eu também foi despedido.
Os trabalhadores não se disponibilizaram para serem solidários com os delegados sindicais.
A luta por vezes tem destas coisas, mas os delegados tinham razão, fomos para o tribunal, porque eu também foi despedido.
A Pastelaria Suíça a mim teve que me pagar 300 contos, à Benilde Modesto tiveram que lhe pagar 500 contos, ( via na manifestação da CGTP-IN passados 39 anos, fiquei muito contente)
Quando me despediram estive uma semana à porta da Pastelaria Suíça com um megafone a mão a protestar e recolhi 5000 assinaturas de solidariedade.
Fazendo hoje o balanço da luta SÓ posso considera-la muito positiva, estas lutas contribuíram para as conquistas de Abril.
Aqui fica o meu testemunho, porque digam o que disserem da Pastelaria Suíça, nem tudo o que reluz é ouro.
A LUTA CONTINUA !
VIVA O 25 DE ABRIL
A LUTA CONTINUA !
VIVA O 25 DE ABRIL
29/06/2018
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