O circo português está de luto. Emílio Mariani, o palhaço mais antigo de Portugal, morreu domingo, aos 77 anos, vítima de doença prolongada. Para a posteridade, ficam mais de sete décadas a fazer rir e uma vida dedicada às artes circenses.
Nascido debaixo de uma bancada de circo, Emílio fez-se saltimbanco aos quatro anos e palhaço aos seis. "Culpa" do pai, que alimentou o bichinho. Nele e nos outros quatro filhos.
E o bichinho fez-se coisa séria: em finais dos anos 50, Emílio e a família mudaram-se para Inglaterra, a troco de 60 libras por semana. "Foi o nosso primeiro grande contrato", contou ao JN, em dezembro de 2016.
Seguiram-se longos anos de sucesso, com passagens pelos principais circos da Europa, primeiro com os irmãos, depois ao lado da mulher, Oranda, com quem formou uma dupla que fez rir, literalmente, meio mundo.
Mas a vida de Emílio esteve longe de ser uma gargalhada pegada: nos anos 80, a mulher foi diagnosticada com esclerose múltipla e o desgosto arrastou-o para um mar de dificuldades financeiras, que só o circo ajudou a desanuviar.
Reformou-se em 2011, mas ia voltando sempre que o Natal se aproximava. Fê-lo em 2016, no Circo Chen. Ou em 2017, no Coliseu do Porto.
Invariavelmente com um rasto de risos a alumiar-lhe o caminho. Mesmo quando a vida - e a mágoa de ver a mulher acamada - lhe dava poucos motivos para isso. "Com a ilusão de ir ao circo passa-me tudo", dizia, orgulhoso, ao JN, pouco antes de uma das últimas vezes em que entrou em palco. Partiu domingo, 77 anos e incontáveis gargalhadas depois.
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