Palavra de Pedro Santana Lopes. O ex-primeiro-ministro saiu derrotado na corrida eleitoral à liderança do PSD, mas nem por isso pretende deixar de intervir na vida interna do partido. Para Santana, Rio não conseguiu desfazer as dúvidas no Congresso sobre um eventual apoio do PSD a um governo minoritário do PS no pós-legislativas de 2019. E se o novo líder do PSD estiver tentado a dar a mão a António Costa, aí terá problemas. “Se ele for ali ao dr. Costa e disser que vai para um governo do PS, temos o caldo entornado“, avisa.
Em entrevista ao Diário de Notícias [link para assinantes], o ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia não retira a pressão, mesmo que vá dizendo que “não acredita” que Rui Rio esteja disposto a integrar um governo do PS. Pedro Santana Lopes considera positivo o facto de o novo líder do PSD estar disposto a procurar reformas estruturais com o PS, mas não esconde o ceticismo. “É genuíno ele querer fazer reformas e é nisso que insiste para os consensos de regime. Eu sou o mais cético que seja possível, mas se for acho magnífico“, nota.
Assumindo, mais uma vez, que não partilha o plano de Rio de aproximação ao PS, Pedro Santana Lopes mantém a fasquia para as próximas legislativas: as eleições são para ganhar e o PSD tem de estar à altura. “Estamos numa situação única de frente de esquerda e todas as decisões que o PSD tomar no próximo ano são delicadíssimas“, avisa.
No congresso de aclamação de Rui Rio, Pedro Santana Lopes subiu ao púlpito para apelar à “unidade”, à “convergência” e, sobretudo, ao “sentido de responsabilidade” dos sociais-democratas. O ex-primeiro-ministro foi mais longe e censurou todos aqueles que, mesmo depois das eleições internas, não largaram as trincheiras da conspiração e tentaram condicionar Rui Rio — Miguel Relvas e Miguel Pinto Luz, leia-se. Dos candidatos à sucessão do recém-eleito Rui Rio, só Luís Montenegro foi ao Congresso do PSD dizer realmente onde está e para onde quer ir. Nesta entrevista ao DN, Santana não o julga, mas considera que o seu papel deve ser outro.
“Acho que é sempre uma janela para respirar. Montenegro fez o que já outros fizeram. Eu também já fiz, quem sou eu para julgar? [Neste momento] deve ajudar a juntar, mas salvaguardando sempre a legitimidade que defendi. Se foi difícil para Pedro Passos Coelho, e procurei ajudar, para Rui Rio também vai ser difícil ganhar as eleições, porque o PSD tem estado num processo de erosão eleitoral, a acreditarmos nas sondagens. Chamem-me senador ou o que quiserem, mas também combato como se viu por estas diretas. Só que sei distinguir os tempos“, explica.
Quanto ao futuro, e fiel ao seu estilo “vou andar por aí”, Pedro Santana Lopes garante que tenciona “estar presente” e a “contribuir para o trabalho do partido” e não fecha a porta a uma eventual candidatura como cabeça de lista do PSD nas próximas eleições europeias, em maio de 2019 — numa altura em que se fala de um possível convite de Rio a Santana nesse sentido.
“É extemporâneo. É muito cedo mesmo para falar disso…“, diz. Resta saber o que pensará Paulo Rangel, eurodeputado e cabeça de lista do partido nas europeias de 2014, que pareceu aproveitar o Congresso do PSD para se retirar de eventual corrida à sucessão de Rio e para assumir a pole position para próximas europeias.
observador.pt
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