A reunião com a administração dos Correios não sossegou os autarcas, que vão avançar com um pedido de reunião ao primeiro-ministro. «A administração dos CTT está irredutível neste caminho de encerramento de lojas e percebemos claramente que não vão ficar por aqui», denunciou ao AbrilAbril o presidente da Câmara do Seixal.
As populações e os eleitos dos municípios do Seixal, Loures, Alpiarça e Odivelas, em conjunto com as Juntas de Freguesia de União das Freguesias de Camarate, Unhos e Apelação (Loures), Junta de Freguesia de Riba de Ave (Vila Nova de Famalicão), União das Freguesias do Seixal, Arrentela e Aldeia de Paio Pires e União de Freguesias de Queluz e Belas (Sintra) estiveram hoje presentes na sede dos CTT em Lisboa, para reivindicar que as estações dos CTT dos respectivos municípios não sejam encerradas.
Em declarações ao AbrilAbril, Joaquim Santos, presidente da Câmara do Seixal [autarquia que mobilizou o protesto], transmitiu que, segundo informou a administração dos CTT, esta manhã, o programa de encerramento de lojas vai prosseguir. «É um processo dinâmico em que todos os meses há uma reavaliação: todas estão em causa e são as dinâmicas, sobretudo económicas, que vão ditar» o futuro.
«Nós dissemos que não estávamos de acordo, que estavam a pôr em causa o serviço público postal e que vamos continuar com a luta», disse, recordando em seguida que, só no ano passado, «os CTT tiveram um lucro de 72 milhões de euros, pelo que não se justifica tal medida».
Para já, esta comissão de autarcas vai pedir uma reunião urgente ao primeiro-ministro e à Comissão Parlamentar de Economia, Inovação e Obras Públicas, uma vez que, admite Joaquim Santos, «só estas entidades poderão dar resposta às pretensões da população, que muito precisa deste serviço».
No caso da loja da Aldeia de Paio Pires, no Seixal, o presidente do município revela que não foi confirmado o fecho e que ficou prevista nova reunião para analisar alternativas. «Para nós, a alternativa devia ser por a estação a funcionar e reforçá-la porque a dimensão da procura é crescente naquela estação (são os indicadores que nós temos), e nada justifica o encerramento».
O edil deixa a experiência da cidade da Amora que, em 2013, «deixou de ter uma estação dos Correios para ter um senhor que vende mercearia e artigos de papelaria, e que também faz serviços para os CTT, com todos os inconvenientes que isso tem» e que Joaquim Santos enumera.
«Primeiro, do ponto de vista funcional: uma pessoa que tem outra função não substitui, em nenhuma dimensão, um funcionário específico dos Correios. Em segundo lugar, há questões relacionadas até com confidencialidade e privacidade dos utentes», frisa
O presidente da Câmara do Seixalrepudiaaindasituaçõescomo a de Alpiarça, no distrito de Santarém. «Não é admissível que uma sede de concelhofique sem uma estação dos Correios, como é o caso de Alpiarça. O Estado não deviapermitir que issoacontecesse, é uma questão de dignidadeinstitucional», salienta.
À saída da reunião com a administração dos CTT, o presidente da Câmara Municipal de Loures, Bernardino Soares, adiantou aos jornalistas não ter sido dada «justificação racional» para o fecho das lojas, considerando que se trata de «critérios puramente economicistas».
«Há uma total insensibilidade para com as populações e para com as empresas», acusou o eleito, referindo que a administração dos CTT «está completamente alheia às necessidades e longe do interesse público», além de estar a querer «passar os custos para outras entidades».
«Só a reversão é a solução»
Bernardino Soares foi um dos eleitos que acompanharam o presidente da Câmara do Seixal nareunião com a administração dos Correios, esta manhã, juntamente com o presidente da Câmara deAlpiarça (Santarém), Mário Pereira, e dos presidentes das juntas de freguesia do Areeiro (Lisboa), Fernando Braancamp, e de Alpiarça, FernandaCardigo, e das uniões de Freguesias de Camarate, Unhos e Apelação, RenatoAlves, e do Seixal, Arrentela e Aldeia de PaioPires, António Santos.
Gritando «Reversão da privatização», «Só a reversão é a solução» ou «Privatização é roubo à população», os utentes esperaram mais de uma hora que os seus representantes autárquicos trouxessem notícias da reunião que contrariassem o anunciado plano de encerramento de lojas por parte dos CTT.
«A reunião foi inconclusiva desse ponto de vista, eles têm uma posição, nós temos outra, mas isso só nos deu mais ânimo para continuar a luta», conclui Joaquim Santos.
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